Há uma peça no time de Odair Hellmann que faz o meio-campo funcionar, libera os avanços do capitão Rodrigo Dourado, e é uma espécie de curinga, atuando desde a lateral até a ponta. Não chega a ser um daqueles heróis da torcida, mas, sem ele, a mecânica de jogo é prejudicada. Edenilson é um dos principais nomes do Inter na temporada. Aliás, vem sendo assim desde 2017.
Contratado por empréstimo à Udinese, o camisa 8 colorado havia passado quase três anos no futebol italiano. O status de campeão mundial com o Corinthians ajudou o gaúcho de Porto Alegre a conhecer os gramados da Europa, mas, de certa forma, também o fez voltar para casa. Depois de rodar pelo Guarani-VA e pelo Caxias, o meia foi contratado pelo clube paulista a pedido de Tite. O atual treinador da Seleção Brasileira conhecia bem a versatilidade do volante criado na dureza do Gauchão.
– Nos tempos de Corinthians, Edenilson era o nosso 12º jogador, fazendo diversas funções: lateral, meio e beirada externa – lembrou o auxiliar técnico da Seleção Brasileira, Cléber Xavier, quando o Inter investiu no polivalente volante, meia, lateral e atacante de lado. – Quando buscamos ele no Caxias, algumas coisas nos chamaram a atenção, como a mobilidade, a agilidade e o dinamismo realizando mais de duas funções. Além de ser um jogador com técnica e inteligência tática, e por ter uma conduta muito boa, é um cara alegre e bom de grupo. Edenilson dá ao meio-campo uma alta taxa de trabalho. No futebol brasileiro, poucos conseguem desempenhar as funções do Edenilson – elogiou Xavier.
Ciente da peça rara que tem no elenco, a direção colorada adquiriu Edenilson em definitivo junto aos italianos. O jogador assinou com o Inter até 2021. Aos 28 anos, nada indica que ele sofrerá com a passagem dos próximos anos. É destaque em treinos físicos e parece incansável em campo.
– Sempre pensei que os primeiros 45 minutos são os mais difíceis de cada partida. Porque nos primeiros 10 minutos, 15 minutos, os times se estudam ou já atacam forte, até para assustar e testar o adversário. Depois, aquele período antes do intervalo é quando as equipes ainda têm mais fôlego para imprimir um ritmo forte – contou Edenilson a GaúchaZH, em recente entrevista.
No Inter de Odair, Edenilson formou com Rodrigo Dourado uma dupla que se completa. Um espécie de Super Gêmeos da Liga da Justiça. Tanto é assim que, quando um deles não joga, o meio-campo sente alguma dificuldade. A última derrota do Inter no Brasileirão, para o América-MG, na Arena Independência, por exemplo, não teve Dourado, que estava suspenso.
Para Zeca – que, mesmo com menos de um turno de entrosamento com Edenilson, forma um lado direito em sintonia no Inter de Odair Hellmann –, a experiência do volante é fundamental para a equipe.
– Todo mundo conhece o "Ed". Não só pelos títulos no Corinthians, mas pela passagem na Europa. Ele é um atleta excepcional. Ajuda os garotos, é um cara do bem. Tanto ele quanto o Dourado estão entre os principais volantes do Brasileirão. Quando eu avanço, ele faz a cobertura. Faz a lateral também. Tem todo o meu respeito – disse Zeca.
Diante do Cruzeiro, Edenilson entrará em campo com dois cartões amarelos. E terá uma decisão difícil a ser tomada: ou puxa o freio e evita faltas – muitas vezes necessárias – e segue em condições de enfrentar o Flamengo, ou recebe o terceiro amarelo, desfalca o time em um jogo fundamental no Beira-Rio, mas fica à disposição para o Gre-Nal do dia 9. Porque, diante de dois adversários desse porte, dificilmente o parceiro de Rodrigo Dourado no meio passará incólume pela contenção de armadores e atacantes.
Números no Brasileirão:
1.555 minutos jogados
1 gol
2 assistências
21 assistências para finalizações*
723 passes certos
64 passes errados
3 finalizações certas
10 cruzamentos certos
27 cruzamentos errados
24 desarmes certos
15 faltas cometidas
23 faltas recebidas
5 cartões amarelos
23 lançamentos certos
8 viradas de jogo certas*
5 bloqueios*
*Líder do Inter no campeonato
Fontes: WhoScored e Footstats