Quarenta e um minutos do segundo tempo de uma derrota parcial por um a zero. Precisávamos de uma bolinha. Uma só. Um chute certeiro, uma cabeçada inventada, um desvio esquisito que acabasse nas redes deles. Qualquer coisa a nosso favor já seria suficiente para igualar o marcador e garantir um pontinho na bagagem de volta para Porto Alegre.
Quarenta e um minutos do segundo tempo de uma derrota parcial por um a zero. Escanteio para nós. Perfeito! Maravilhoso! Nada pode ser melhor do que um escanteio para nós quando a necessidade é achar um gol. Coloca todo mundo lá dentro da área, joga a bola no fedor e vamos ver o que acontece. Numa dessas aparece uma testa salvadora e pimba.
Quarenta e um minutos do segundo tempo de uma derrota parcial por um a zero. O bom senso, a necessidade, a incompetência que temos de trocar passes, a dificuldade absurda que é chegar na linha de fundo do adversário... tudo, absolutamente tudo converge para uma única saída, um único caminho, uma única atitude: botar a bola na área e ver o que acontece.
Quarenta e um minutos do segundo tempo.
Perdendo por um a zero.
Escanteio para nós.
Gol deles.
D'Alessandro - amado, idolatrado, salve, salve! - não cruzou. Bateu curto o corner. Um escanteio curto aos quarenta e um minutos do segundo tempo de uma derrota parcial por um a zero. Por óbvio, perdemos a posse. Por crueldade, levamos o segundo gol.
Nada no mundo irrita mais do que um escanteio curto nos minutos finais.
Nada no mundo irrita mais do que o "futebol" praticado pelo Inter.
Viramos, nós, a personificação do escanteio curto, representando em campo tudo o que ele significa simbolicamente dentro do jogo. O Inter irrita, o Inter não funciona, o Inter não consegue apresentar nada que se possa destacar.
Assim como o escanteio curto, há no jogo do Inter uma falsa sensação de que algo está sendo treinado. Como se a cobrança rápida através de um passe repetisse jogada ensaiada durante a semana. Não há ensaio, não há jogada. O escanteio curto é uma mentira tal qual o esporte praticado pelos de vermelho no campo do Maracanã.
Algum mau caráter há de vir com números que comprovem a "efetividade" desta abominável prática. Gráficos de análise mostrarão que oito gols são feitos a cada seis vírgula dois escanteios curtos. Absurdo. Aos quarenta e um do segundo tempo eu quero uma paulada para a área e qualquer coisa diferente disso é crime, ainda mais em um time que esqueceu há anos como se pratica esse esporte.
O Inter é incapaz de trocar três passes. É um, dois... opa, perdemos a bola. Um, dois... eita, passe errado e ataque deles. Que futebol triste, irritante, desesperador. Não há jogada, nem velocidade, nem inteligência. É um jogo que se arrasta, onde cada troca de bola é parida a muito sacrifício. Suamos um Guaíba para ficar dez segundos com a pelota e imediatamente a perdemos porque não temos ideia do que fazer com ela.
E ainda assim, sem brilho ou mérito, nos aparece uma chance. Quarenta e um do segundo tempo. Escanteio para nós...
É desesperador torcer para o Sport Club Internacional.