Nenhum juiz "rouba" o Sport Club Internacional. Não há "arbitragem que favorece os paulistas". Juiz de futebol, no Brasil - salvo raras e edilsonpereiradecarvalhísticas exceções -, não é "ladrão". Juiz de futebol, no Brasil é ruim mesmo. E, por serem ruins - péssimos, tenebrosamente incompetentes em algumas oportunidades - acabam cometendo erros escandalosos como os do último domingo, em Palmeiras x Inter. Não houve roubo, houve incompetência.
A cada rodada em que depositamos o peso da derrota na conta de quem apita, perdemos a chance de olhar para a nossa mediocridade. O Inter vem de dois jogos sofríveis longe do Beira-Rio. Depois da vexatória eliminação para aquele que certamente estará ao final do ano entre os piores times da Série A, tivemos mais uma partida sofrível contra o Palmeiras no Pacaembu.
O Inter não consegue trocar três passes sem voltar a bola para os zagueiros. O Inter não tem triangulações, ultrapassagens, jogadas em velocidade. No Inter tudo é lentidão, é bola que gira para o lado e volta para trás. Gira para o lado e volta para trás. Gira para o lado e é desarmado.
O Inter levou um gol de cabeça do jogador Dudu. O jogador Dudu, segundo o site oficial do Palmeiras, tem 1,66m de altura. O jogador Dudu, com 1,66m de altura, fez um gol de cabeça no Inter. O gol da vitória do Palmeiras foi anotado pelo jogador Dudu que, do alto do seu 1,66m, teve que se abaixar para testar para a rede. A culpa é de quem?
Ontem, ao final da nossa primeira derrota no Campeonato Brasileiro, o discurso dos jogadores, dirigentes e treinador foi o mesmo: "fomos prejudicados pela arbitragem". Como se ela, a arbitragem, fosse responsável pela total ausência de qualidade no nosso futebol.
O Inter é grande demais para insistir em culpar o apito pelos resultados ruins. Ou a gente esquece o juiz - que, para o bem ou para o mal vai ser ruim - ou seguiremos nesse universo paralelo onde jogamos "contra tudo e contra todos" como voltemeia a gente lê dos nossos torcedores. O Inter apanha para si mesmo, esbarra nas suas próprias limitações.
Brasileirão de 2005 à parte, os juízes erram contra nós e a nosso favor desde que o mundo é mundo. Ninguém tem um ódio especial contra o Sport Club Internacional, nem um tesão incontrolável de prejudicar especificamente o clube do povo do Rio Grande do Sul. Os juízes erram porque é da natureza deles errar. Aí podemos debater a preparação, o treinamento, até as regras do jogo (que em mais de cem anos de esporte pouco evoluíram em muitos aspectos), mas nunca colocar exclusivamente na arbitragem a culpa por uma derrota como a de ontem.
Que o Inter - e por "Inter" entenda-se torcedores, dirigentes, jogadores e treinador - entenda a sua grandeza. Reconheça que o que nos prejudica, hoje, não é o apito. Menos indignação contra os caras de preto e mais atenção às falhas de quem veste vermelho (em campo e fora dele).