Uma das maiores lições que eu aprendi na minha vida de torcedor do Sport Club Internacional veio de um improvável local: a caixa de comentários dos meus textos. Em meio aos sempre irritadíssimos comentaristas, algumas mensagens, lá em 2016, me chamaram a atenção:
"Não se enganem, amigos, faltam XX pontos para o Inter não ser rebaixado". Era exatamente isso, exatamente assim, que um senhor comentava tudo o que eu postava por aqui em 2016, durante o arrebatador começo de temporada do Inter. O time de Argel empilhou vitórias. Venceu no Morumbi, venceu - pasme - na Vila Belmiro, e mesmo assim o comentarista repetia a sua frase, apenas atualizando o número de pontos restante.
Lembro de acompanhar gigantescas discussões na caixa de comentários durante aqueles dias. Era o melhor início de campeonato do colorado em décadas. Éramos líderes e a gordurinha que vinha se acumulando nas partidas iniciais parecia nos empurrar no mínimo para a Libertadores do próximo ano - rebaixamento, então, ainda era uma palavra inexistente no nosso vocabulário (saudades disso, aliás). Mesmo assim o pessimismo persistia.
Enquanto dezenas de outros comentários falavam da preparação para a Libertadores 2017, esse solitário realista seguia a sua contagem regressiva que nunca chegou ao fim. Faltaram dois pontos para que o Inter chegasse à conta mágica dos 45 - pontuação que, em teoria, garante a permanência na Série A. Morremos com 43, naquela melancólica tarde de domingo em um estádio de Mesquita.
Aprendi a lição.
Nessa semana, depois da boa, tranquila e surpreendentemente fácil vitória diante do Bahia na estreia do Brasileirão, não comemorei. Não achei que estamos jogando bem. Não pensei que, quem sabe, esse time pode tentar alçar voos maiores no certame. Só há um sentimento possível para este momento:
Faltam 42 pontos para o Inter não ser rebaixado no Brasileiro.