Carlos Miguel está no auge da sua curtíssima carreira no futebol. Alçado goleiro titular da equipe sub-19 do Inter no meio do ano passado, o atleta de 19 anos já é um dos destaques na Copa São Paulo. Em três jogos, sofreu dois gols e viu o ataque do seu time marcar nove vezes, encerrando a primeira fase com 100% de aproveitamento. Ajudou a levar a equipe comandada por Fábio Matias à segunda fase da competição mais tradicional da base brasileira e, nesta quinta-feira, enfrenta o XV de Jaú às 15h. A Sportv anuncia transmissão da partida.
Estar na vitrine com a camisa do Inter em uma competição nacional, aliás, significa que Miguel chegou longe, talvez aonde o pai gostaria que ele estivesse. Goleiro do Botafogo na década de 1960, José Cláudio inspirou o caçula de quatro irmãos. Mas não está aqui para ver a ascensão do filho. Foi assassinado junto da mãe de Miguel, Elenise, quando o filho tinha sete anos.
— O futebol ajudou muito a superar, a distrair e ir em frente. Minhas tias e avó me incentivaram muito a acreditar nisso — contou Carlos Miguel, nascido em Macaé (RJ).
Até por isso se explica a carreira tardia do goleiro do Inter. Era difícil a visibilidade dos times grandes em Cardoso Moreira, cidade distante 330km da capital fluminense e onde morou na infância após a morte do pai e da mãe.
— Era muito afastado. Sempre prometiam me levar para um teste, mas nunca rolava. Até que chegou uma pessoa que queria montar a base do Bonsucesso e me chamou. Dali, fui para o Boavista e Flamengo, em 2015. E cheguei no Inter em março de 2016 — lembra o goleiro.
Não foi apenas pelo seu desempenho em campo que Miguel viu o seu nome chegar à imprensa internacional. Os seus 2m4cm impressionam. "Tem apenas 19 anos e estatura própria de um jogador de basquete", escreveu o Marca, da Espanha:
— Achei legal (o destaque da altura pela publicação), mas um pouco estranho — disse Miguel, tentando driblar a timidez em entrevistas.
Pegador de pênalti e um dos líderes na equipe comandada por Fábio Matias, o camisa 1 do Inter tem sonhos grandes. Quer, assim como seu ídolo Dida, ex-Seleção Brasileira, chegar à Europa e, um dia, estar no lugar que hoje pertence a Alisson Becker, da Roma e ex-Inter.