Em 22 dias, Guto Ferreira foi da quase demissão à consolidação de seu time no G-4 da Série B. O Inter de Guto renasceu depois de perder para o Vila Nova e agora está a 24 pontos (de um total de 54) de voltar à Primeira Divisão.
Da nova boa fase de Sasha aos reforços de Camilo e de Leandro Damião, passando pelos tempos de paz entre time e torcida, Zero Hora apresenta cinco motivos que levaram à reconstrução da campanha do Inter para fazer da Série B apenas um rito de passagem de volta à grandeza. Confira:
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Defesa mais sólida
Klaus foi uma das mais despretensiosas contratações do Inter na temporada. Buscado no Juventude, a pedido do primeiro treinador do Inter no ano, Antônio Carlos Zago, o guri de Dois Irmãos ficou escanteado por bom tempo no Beira-Rio. Foi reserva de Paulão, de Ernando, de Léo Ortiz e de Danilo Silva. Até que Guto Ferreira apostou em Klaus ao lado de Victor Cuesta como a dupla titular. Na primeira vitória da série, Klaus formou dupla com Danilo Silva. Victor Cuesta retornou de suspensão e assumiu a vaga. Além de contar com uma zaga que sofreu apenas um gol nas últimas quatro partidas (justamente para o Londrina, no mais recente jogo), o sistema defensivo ficou mais encorpado com o 4-1-4-1 de Guto. Inter e América têm as defesas menos vazadas da Segunda Divisão, com 14 gols cada.
Camilo e Leandro Damião
Jogar um torneio de maio a novembro requer um elenco reforçado. Enquanto que os demais clubes da Série B têm um orçamento mínimo para o torneio, o Inter foi ao mercado e assinou com Camilo e Leandro Damião, jogadores em condições de ser titulares na maioria dos clubes da Série A. Camilo é o segundo armador do time, na ausência de D'Alessandro ou até mesmo substituindo o capitão colorado. O tempo dirá se eles podem atuar juntos. Em Damião, o Inter tem um centroavante confiável e que conhece bem clube e torcida. Inicia a marcação do adversário na frente e vem ajudando a fazer o ataque chutar a gol – algo que nem sempre ocorria na Série B.
– Estamos em um momento de afirmação, de consolidar a equipe. Sabemos que temos de melhorar alguns aspectos. Foi trabalhado ainda a questão física neste período, passamos a pressionar o adversário lá em cima, coisa que não fazíamos muito. E só tivemos essa melhora pelo tempo de treinamento, tempo de o Guto trabalhar, passar tudo que ele acredita e ter o entendimento dos jogadores – entende o vice de futebol, Roberto Melo.
Winck, o retorno
Cláudio Winck não chega a ser o diferencial do Inter. Mas é uma peça fundamental no sistema defensivo erguido por Guto. Mesmo sem contar com um lateral-direito confiável desde a saída de William – e passaram por ali Ceará, Junio, Alemão, além dos improvisados Fabinho e Edenilson. Devido a antigas convicções nascidas nos gabinetes do Beira-Rio, Winck estava relegado ao time sub-23, enquanto mais um novo clube era procurado para emprestá-lo. Por causa da necessidade de contar com um novo lateral – além da falta de alguém com bom custo-benefício no mercado –, Winck foi resgatado da Terceirona Gaúcha. É um jogador de confiança de Guto Ferreira – e, aos poucos, da torcida também.
Sistema de jogo
O 4-1-4-1 de Guto passou a dar frutos. Com Edenilson como o motorzinho do meio-campo, dando ao time algo que era quase inexistente, a transição com a bola no pé, da defesa para o setor ofensivo, passou a ser uma das novas armas coloradas. Além disso, Pottker foi fixado pelo lado direito, onde rende melhor e onde se sente mais à vontade para jogar. Com Damião como o "1" no ataque, os zagueiros adversários não podem sair com a tranquilidade que saíam no primeiro turno, para combater os atacantes colorados. Sozinho, Damião obriga pelo menos um zagueiro (por vezes até os dois) e um volante a ficarem atentos as suas investidas na área. O último elemento, de contribuição fundamental para o retorno da confiança do Inter, é o torcedor. A partir da vitória sobre o Oeste, as arquibancadas emprestaram ao time carinho, apoio, solidariedade e paciência. Em troca, chegaram as vitórias.
Sasha
O desafogo do Inter começou com Eduardo Sasha. O gol sobre o Oeste, aos 44 minutos do primeiro tempo, marcou o início da virada do clube na Série B. Sasha foi decisivo em uma partida vital para os colorados e para Guto Ferreira, logo após a derrota para o Vila Nova. Sasha é uma aposta do Inter desde 2010. Assumiu o lado esquerdo do time e recebeu de Guto uma missão que tem sido cumprida à risca: marcar a saída de bola do adversário. Sasha é responsável por um dos primeiros combates, aquele que desnorteia o adversário e o obriga ao chutão. Se ele continuar assim (e, sobretudo, enfim, saudável), poderá ser o destaque do time até o fim do ano.
* ZHESPORTES