Aos 33 anos, Wilson Matias tinha até parado de jogar profissionalmente. Arrumava suas coisas para morar em Porto Alegre com sua mulher e o filho recém-nascido quando foi procurado pelo Oeste para disputar a Série B. O volante, campeão da Libertadores com o Inter em 2010, ficou marcado por uma declaração do então vice-presidente de futebol Fernando Carvalho. Na época, disse que o jogador seria um "reforço espetacular". Mais tarde, reconheceu que sua avaliação foi mal interpretada. Na verdade, referia-se à contratação.
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Apesar da passagem turbulenta, Wilson Matias guarda carinho pelo Inter, adversário que enfrentará pela primeira vez hoje à noite. Recuperando-se de lesão, começará a partida no banco. Mas espera entrar ao menos uns minutos para sentir novamente "a emoção do Beira-Rio".
Qual sua expectativa ao enfrentar o Inter?
Expectativa é das melhores possíveis. Tivemos uma passagem aqui com muita alegria, joguei as duas finais da Libertadores e isso marca, participar de um grupo vitorioso, tenho orgulho de falar isso ao meu filho, gaúcho, recém-nascido. Ninguém vai apagar a grandeza do Inter. Passar na Série B não muda isso. O Corinthians viveu isso e voltou mais forte.
Imaginava que isso aconteceria com o Inter?
Não, sinceramente. Depois de 2012, segui acompanhando, desejando o melhor, e não achei que poderia acontecer isso. Mas o importante é voltar logo ao lugar que nunca deveria ter saído.
Você fala com carinho do Inter. Sente uma reciprocidade?
Nunca me importei com isso. Minha vinda ao Inter me deu mais do que futebol. Casei aqui em Porto Alegre, tive filhos, vou morar aqui. O que me importou foi a oportunidade que o clube me deu, que até conheci minha esposa. Essa oportunidade não preço, fama e dinheiro que possa comprar. Quando você tem uma família, é o mais importante. Aquela expectativa que o (ex-vice de futebol) Fernando Carvalho falou, de ser espetacular, acabou gerando mais do que poderia ser mesmo.
Sente que isso o atrapalhou?
Foi uma palavra que foi mal colocada. Fui um volante, fiz minha carreira no México e fui bem. A palavra foi mal usada. Ela descrevia a contratação, por ser de um clube milionário mexicano onde eu era ídolo, que não precisava do dinheiro, para substituir o Sandro (vendido ao Tottenham). Mas fiz 63 jogos pelo Inter, acho que isso é um saldo positivo também, não posso ter ido tão mal.
Vai ser a primeira vez contra o Inter. Já pensou como vai ser?
Vai dar um frio na barriga, sem dúvida. Depois de seis anos longe do país, vai ser legal, encontrar aquele pessoal que você conviveu dois anos. Vai ser legal relembrar o Beira-Rio cheio, como aquele dia contra o Chivas. Aquela sensação do título da Libertadores vai ser a melhor.
Não é muito sua praia, mas já pensou se fizer gol?
Não vou comemorar se fizer gol contra o Inter. Pelo respeito e por tudo o que o Inter me deu, pela oportunidade de abrir outras portas, voltar para o México, em um time grande como o Toluca. Temos sempre que olhar os obstáculos que temos que superar. Tive muita felicidade no Inter e fiquei com aquele gostinho de que poderia ter ficado um pouco mais. Mas até hoje tenho o quadro erguendo a Libertadores.
E o que tem a dizer sobre o Oeste?
O time mudou bastante daquele que jogou a Copa do Brasil, a diretoria se esforçou para fazer contratações pontuais. Estamos em um momento de crescimento, viemos de uma boa vitória (3 a 0 sobre o Juventude). Estamos surpreendendo, quietos. O futebol está nivelado. Se continuarmos fazendo o dever de casa e buscar pontos fora, vamos dar o que falar. Queremos fazer um grande jogo contra o Inter e ficar próximo ao G-4.
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