Um técnico já foi demitido, outro foi contratado, 43 jogadores deixaram o clube, outros 14 chegaram, e o Inter ainda não encontrou o seu rumo na temporada.
A constrangedora campanha na Série B parece longe de ter um um fim. No comando do time há quatro partidas ou 14 dias, Guto Ferreira naturalmente ainda tateia em busca de uma formação minimamente eficiente. Os três atacantes, algo que foi tentado nos tempos de Zago, não parece funcionar com esse Inter. Ao menos com esse Inter de muitos jogos e poucos treinos, como reclamou o treinador após ver a sua equipe ceder mais um placar no segundo tempo, dessa vez contra o América-MG, em Belo Horizonte:
– Não é da noite para o dia que vamos corrigir os problemas. Quando a correção é com o mesmo grupo, é repetição, é treinamento. Não é fazer mágica e rezar. O Inter precisa de tempo de trabalho e descanso. Você tem jogos em sequência. Mesmo tirando e preservando jogadores, você está jogando em sequência. Não lembro de uma semana cheia para trabalhar. E, mesmo se tiver, não vai funcionar sendo só uma.
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O depoimento de Guto denota que o Inter seguirá em apuros por algum tempo. Enquanto isso, o técnico tenta remontar o Inter. Diante do Santa Cruz, em Recife, neste sábado, mais três baixas: Pottker, lesionado, D'Alessandro e Fabinho, ambos suspensos. Foram convocados para o jogo Ceará, Brenner e Roberson, três jogadores pouco aproveitados até aqui por Guto Ferreira.
– Com a troca da comissão técnica, Fabinho, Marcelo Cirino e Carlos foram os grandes beneficiados, que ganharam chances com Guto. Brenner, Roberson e Klaus foram os que desceram. No curto prazo, creio que Guto vai acabar desistindo do esquema 4-3-3 e ressurgirá um 4-4-2, variando um segundo meia com um terceiro volante por vezes – opina o comentarista da RBS TV Maurício Saraiva.
Já o analista de desempenho da Rádio Gaúcha, Gustavo Fogaça, acredita que o treinador ainda dotará o Inter do esquema 4-2-3-1, como fez recentemente ao montar a Chapecoense e o Bahia.
– Vejo que Léo Ortiz e Brenner estão ficando pra trás. O primeiro, por questões táticas, e quanto ao segundo, me parece um erro por parte de Guto alijá-lo. Guto gosta de um centroavante de referência na área e, no grupo do Inter, ele tem apenas dois com essas características: Carlos e Brenner – afirma Fogaça. – Os que ganharam espaço no time foram Juan e o próprio Carlos. Mas, no caso de Carlos, Guto está cometendo o mesmo erro de Marcelo Oliveira, no Atlético-MG: Carlos não funciona de extremo, ele é um 9 de referência – acrescenta.
Para o repórter da Rádio Gaúcha José Alberto Andrade, o trio do Juventude Brenner, Roberson e Klaus foi o maior prejudicado com a contratação de Guto Ferreira, enquanto que Fabinho e Juan, além de Carlos, os que se deram bem.
– Os jogadores que haviam trabalhado com Antônio Carlos Zago no Juventude deixam de ser opções. Klaus, por exemplo: não era titular, mas, na falta de Cuesta, sequer foi cogitado. O recém-chegado Danilo Silva virou titular e o contestado Léo Ortiz trocou de lado, mas jamais saiu do time – entende Zé Alberto.
Confira o Gutômetro ZH, dos jogadores que perderam a vez e dos que ganharam chances com o técnico Guto Ferreira no comando do Inter:
Quem ganhou espaço
Fabinho – Apesar de não ter sido inscrito no Gauchão, é o jogador dos sonhos de todo o treinador: cumpre à risca o plano de jogo e atua em mais de uma posição. Não será surpresa se acabar deslocado para a lateral direita.
Juan – Carrega o peso de ser a esperança de um novo camisa 10 que sai da base. É uma aposta para um elenco sem reservas para D'Alessandro.
Alex Santana – Estava emprestado ao Paraná e foi buscado a pedido do novo treinador.
Carlos – Esquecido por Zago, ele caiu nas graças de Guto. Foi titular nas últimas três partidas.
Marcelo Cirino – Um dos titulares de Guto, apesar do baixo rendimento apresentado até aqui.
Quem perdeu espaço
Todos os laterais direitos – De Alemão ao icônico Ceará, passando por testes como Junio e a improvisação de Edenilson, ninguém se mostra em condições de dar uma boa resposta na posição. E William foi vendido.
Brenner – De goleador do time na temporada (e ainda é, com 13 gols; Nico tem 12) a negociável, o atacante já havia perdido espaço com Zago. Não marca um gol desde 6 de abril. E não foi por falta de oportunidades.
Roberson – O curinga de Zago parece ver as suas oportunidade no time rarearem cada vez mais.
Carlinhos – A sua carreira no Inter é uma montanha-russa. Começou bem o ano, se lesionou, voltou, precisou operar o apêndice, voltou, e ainda não conseguiu se firmar na equipe titular.
Klaus – Mesmo com o longo período de baixa da zaga, ele segue sem receber chances.
Quem pode perder espaço
Edenilson – Aqui, um caso curioso. Parece essencial ao meio-campo, mas, deslocado para a lateral direita, não funcionou. Deve voltar ao meio-campo.
Danilo Silva – Uma cirurgia no joelho o tirou de ação por setes meses. Danilo mostra jogo a jogo que ainda não está pronto para ser o titular da zaga que o Inter necessita.
Léo Ortiz – Contestado por boa parte da torcida, apesar de jogar no setor mais frágil do time, vem se mantendo como titular desde os tempos de Zago.
Rodrigo Dourado – O rendimento do camisa 13 já não parece o mesmo dos meses anteriores de 2017. Guto já perdeu Cuesta e Pottker, ambos com lesões musculares. Dourado pode ser poupado.
Felipe Gutiérrez – Convocado pela seleção chilena, ficará um mês longe de Porto Alegre. Quando voltar poderá estar no final da fila.
Quem pode ganhar espaço
Edenilson – Um volante eficiente, que pode retomar a sua antiga função na equipe.
Ernando – Aos poucos, ele está voltando. Sem perspectiva de deixar o clube, Ernando voltou a figurar no banco de reservas e não será surpresa se ganhar a vaga de Danilo Silva ou de Léo Ortiz, durante a ausência do lesionado Victor Cuesta.
Cláudio Winck – É lateral-direito e um dos destaques do Inter sub-23 na Terceirona Gaúcha. Não é unanimidade no futebol colorado, mas, dentro do insucesso dos jogadores de sua posição no elenco principal, o seu nome começa a ganhar força no Beira-Rio.
Eduardo Sasha – Após mais uma cirurgia no tornozelo direito, no início do ano, precisa readquirir ritmo de jogo (e torcer para ficar longe das lesões que o perseguem ano após ano).
Charles – Caso Rodrigo Dourado seja preservado breve, Charles terá a chance de retomar a sua campanha no clube.
*ZHESPORTES