O Inter vai mesmo para o banco dos réus na Justiça Desportiva. O clube foi denunciado pelo uso de documento falsificado e será julgado na próxima terça-feira pelo STJD, a partir das 15h.
O caso foi designado para a 5ª Comissão Disciplinar. O Inter foi enquadrado no artigo 61 do Código da Fifa, que prevê em um caso extremo a exclusão de competição pelo uso de documentos adulterados no Caso Victor Ramos – o que dificilmente ocorrerá. Além do clube, o presidente Vitorio Piffero também foi denunciado, com base nos artigos 234 e 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
Leia mais:
Veja argumentos de perícias contratadas pelo Inter na defesa do Caso Victor Ramos
Inter emite nota: "Julgadores do STJD saberão identificar a correção do clube"
Procurador do STJD nega ter descartado expulsão do Inter no Caso Victor Ramos
O auditor que vai relatar o caso na primeira instância é José Nascimento.
No inquérito que gerou a denúncia, havia o pedido de enquadramento dos advogados do Internacional, o que acabou não acontecendo. Até porque a OAB fez forte oposição à denúncia contra os defensores do clube.
Segundo a investigação, o clube, no processo em que tentava tirar pontos do Vitória pela escalação do zagueiro Victor Ramos, utilizou como prova uma reprodução de conversas por e-mail de dirigentes do Leão com funcionários da CBF, entre eles o diretor de registro e transferência, Reinaldo Buzzoni.
O inquérito traz ainda que o responsável pelas alterações nas conversas foi o empresário do jogador. O Inter, portanto, não foi o autor da falsificação, mas, como prevê a lei, foi denunciado por utilizar o documento adulterado.
Em entrevista recente ao LANCE!, o auditor Mauro Marcelo, responsável pelo inquérito, pontuou:
– Em um primeiro momento, fica claro que faltou cuidado ao Inter. No mais, caberá ao Tribunal avaliar a conduta.
Relembre o Caso Victor Ramos
Desde o final do ano passado, o Inter entrou na Justiça Desportiva alegando uma irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, que foi contratado pelo Vitória junto ao Monterrey-MEX. Como estava emprestado ao Palmeiras, os clubes fizeram a transferência diretamente no Brasil, sem passar pelos trâmites burocráticos internacionais previstos pela Fifa, segundo o clube gaúcho. Isso teria beneficiado o clube baiano a acelerar sua inscrição e ter vantagens financeiras na negociação – se o Inter conseguisse caracterizar a irregularidade, o Vitória poderia perder pontos no Brasileirão do ano passado e, assim, o Inter se manteria na Série A.
O caso não foi levado adiante pela Procuradoria do STJD e, portanto, nunca foi julgado no Brasil. Desta forma, o Inter optou por entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Contudo, a instância máxima do esporte decidiu que não tinha competência para julgar o mérito da questão e encerrou o caso.
Durante a tentativa de abrir o caso no STJD, o Inter se utilizou de e-mails trocados entre Reynaldo Buzzoni, diretor de registros da CBF, e o Vitória para tentar indicar a má-fé do clube baiano. Contudo, a CBF alegou que os e-mails haviam sido adulterados. O STJD abriu e manteve um inquérito para investigar a veracidade dos e-mails e, com sua conclusão, pediu a punição ao clube gaúcho.