No documento de 50 páginas divulgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que detalha o inquérito do Caso Victor Ramos, o fluxo de e-mails usados pelo Inter como prova na ação para provar a inscrição irregular do jogador no Vitória foram detalhados.
As mensagens originais foram enviadas por Anderson Barros, ex-executivo do Vitória ao empresário do jogador, Francisco Godoy, que admitiu a adulteração do conteúdo. Logo depois, o material foi enviado a António Gutiérrez, advogado do clube Monterrey, do México, que detinha os direitos do zagueiro à época.
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Depois, os e-mails foram encaminhados ao agente Décio Berman, da empresa DB Sports, que, posteriormente, repassou ao advogado André Ribeiro. Foi ele quem enviou o material ao jurídico do Inter, representado pelos advogados Felipe Dallegrave e Giovani Gazen. Exatos 81 minutos após receber o conteúdo, o clube gaúcho entrou com uma petição no STJD para tentar provar a inscrição irregular de Victor Ramos no Brasileirão do ano passado.
Em depoimento ao auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva, relator do inquérito, o empresário do jogador, Francisco Godoy, Godoy confirmou ter editado o conteúdo das mensagens que foram anexadas pelo Inter na ação.
Segundo o inquérito do STJD, Godoy explicou que fez as adulterações para "resumir as informações para facilitar o entendimento dos Mexicanos", que jamais teve a "internação de alterar o contesto (sic) das coisas", que seu "objetivo foi sempre regularizar a situação do Atleta" e que "ninguém solicitou as mudanças".
Relembre o Caso Victor Ramos
Desde o final do ano passado, o Inter entrou na Justiça Desportiva alegando uma irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, que foi contratado pelo Vitória junto ao Monterrey-MEX. Como estava emprestado ao Palmeiras, os clubes fizeram a transferência diretamente no Brasil, sem passar pelos trâmites burocráticos internacionais previstos pela Fifa, segundo o clube gaúcho. Isso teria beneficiado o clube baiano a acelerar sua inscrição e ter vantagens financeiras na negociação – se o Inter conseguisse caracterizar a irregularidade, o Vitória poderia perder pontos no Brasileirão do ano passado e, assim, o Inter se manteria na Série A.
O caso não foi levado adiante pela Procuradoria do STJD e, portanto, nunca foi julgado no Brasil. Desta forma, o Inter optou por entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Contudo, a instância máxima do esporte decidiu que não tinha competência para julgar o mérito da questão e encerrou o caso.
Durante a tentativa de abrir o caso no STJD, o Inter se utilizou de e-mails trocados entre Reynaldo Buzzoni, diretor de registros da CBF, e o Vitória para tentar indicar a má-fé do clube baiano. Contudo, a CBF alegou que os e-mails haviam sido adulterados. O STJD abriu e manteve um inquérito para investigar a veracidade dos e-mails e, com sua conclusão, pediu a punição ao clube gaúcho.
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