O Inter já tinha conhecimento do teor da conclusão do inquérito do STJD, publicizada na manhã desta quarta-feira, e que apontou que o clube se beneficiou de e-mails adulterados para encaminhar denúncia contra o Vitória – e, assim, evitar o seu rebaixamento de 2016.
As informações sobre o inquérito já haviam vazado para o Beira-Rio bem antes de o Tribunal divulgá-lo. A partir daí, o clube passou a tratar de se mobilizar em duas frentes, esperando a natural repercussão do epílogo do Caso Victor Ramos e a sugestão do relator de, em possível julgamento no Pleno do Tribunal, o clube acabar sendo excluído da Série B – em uma situação extrema de punição.
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Enquanto em uma das frentes o Inter já prepara argumentos para a necessidade de se defender no STJD – em um julgamento que sequer está marcado –, por outro lado, colorados ilustres com trânsito na CBF também se preparam para entrar em campo. Nos bastidores, o clube tentará que o caso seja arquivado. Que sequer vá a julgamento. A Procuradoria do STJD tem até o final da próxima semana para oferecer denúncia ou arquivar o caso. Para isso, o Inter terá de se reaproximar definitivamente do presidente da Confederação, Marco Polo Del Nero.
No ano passado, esse relacionamento com a entidade sofreu um grande desgaste, entre outras coisas, porque o clube insistiu em "tumultuar" o final do Brasileirão, provocando o Tribunal (e depois a Corte Arbitral do Esporte, na Suíça), cobrando punição ao Vitória por ter escalado um jogador de forma irregular (o zagueiro Victor Ramos). Todo o problema é que a CBF deu o aval para que Ramos fosse inscrito, ainda que de maneira irregular, o que irritou de vez a entidade. Azedando a relação.
Agora, o Inter passa a fazer uma intensa costura política com a CBF para que a pena (se houver) seja branda, e que o clube consiga prosseguir na disputa da Série B.
Relembre o Caso Victor Ramos
Desde o final do ano passado, o Inter entrou na Justiça Desportiva alegando uma irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, que foi contratado pelo Vitória junto ao Monterrey-MEX. Como estava emprestado ao Palmeiras, os clubes fizeram a transferência diretamente no Brasil, sem passar pelos trâmites burocráticos internacionais previstos pela Fifa, segundo o clube gaúcho. Isso teria beneficiado o clube baiano a acelerar sua inscrição e ter vantagens financeiras na negociação – se o Inter conseguisse caracterizar a irregularidade, o Vitória poderia perder pontos no Brasileirão do ano passado e, assim, o Inter se manteria na Série A.
O caso não foi levado adiante pela Procuradoria do STJD e, portanto, nunca foi julgado no Brasil. Desta forma, o Inter optou por entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Contudo, a instância máxima do esporte decidiu que não tinha competência para julgar o mérito da questão e encerrou o caso.
Durante a tentativa de abrir o caso no STJD, o Inter se utilizou de e-mails trocados entre Reynaldo Buzzoni, diretor de registros da CBF, e o Vitória para tentar indicar a má-fé do clube baiano. Contudo, a CBF alegou que os e-mails haviam sido adulterados. O STJD abriu e manteve um inquérito para investigar a veracidade dos e-mails e, com sua conclusão, pediu a punição ao clube gaúcho.
*ZHESPORTES