Rodrigo Dourado voltou a brilhar. E voltou porque está jogando onde se sente bem: de primeiro volante.
Foi assim que ele despertou o interesse de clubes europeus, após a Libertadores de 2015. No ano passado, com o caos em meio a quatro treinadores com orientações distintas, o camisa 13 afundou com o clube. Foi irreconhecível em muitas partidas. Com Antônio Carlos Zago, em 2017, o quadro de início de ano não se alterou muito. Ao lado de Charles, outro primeiro volante raiz, deixou a defesa exposta a contra-ataques e ao mano a mano com os atacantes, sempre que tratou de avançar a esmo. Mas a vida de Dourado mudou a partir da chegada de Edenílson.
Leia mais
"Temos toda condição de trazer a classificação", diz Melo
Colorados saem de campo confiantes com classificação após empate em casa
Uendel destaca amadurecimento do Inter no confronto com o Corinthians
A ressurreição de Rodrigo veio da Itália. Com o desembarque em Porto Alegre do volante que estava no Genoa, Zago pôde compor o seu losango de meio-campo com Edenílson pela direita, Uendel pela esquerda, e D'Alessandro distribuindo o jogo, centralizado. Dourado, então, passou a avançar em cobranças de escanteio e nas vezes em que a cobertura de Edenílson ou Uendel estava "ativada". Foi assim que ele assinou sua grande noite contra o Corinthians: marcando um gol de cabeça, após cruzamento de Nico López.
A função primordial de Dourado, porém, é proteger a zaga. No empate com o Corinthians pela Copa do Brasil, ele se fixou à frente da linha de quatro defensores – William, Leo Ortiz, Victor Cuesta e Carlinhos – e ligeiramente atrás de seus parceiros de setor – Edenílson e Uendel. Em seguida, na hierarquia de trabalhos do volantes está o passe correto, para começar as jogadas de ataques desde o sistema defensivo colorado. O que, segundo avaliação de Zago, já fez a diferença em campo.
– Se pegarmos o que o Inter fez, tivemos um volume maior de finalizações. Com 93% de acertos de passes. Foram cerca de 500 passes trocados contra 250 do Corinthians. Acima de tudo, fizemos uma excelente apresentação. Temos uma proposta de jogo, que é a posse de bola na intermediária do adversário. Estamos trabalhando intensamente nisso – disse o treinador do Inter.
Sem poder contar com Carlinhos para o jogo de volta contra o Corinthians, na próxima semana, Zago deverá devolver Uendel para a lateral-esquerda, com o ingresso do chileno Felipe Gutiérrez ao lado oposto ao de Edenílson.
– O Edenílson entrou numa função em que permite a Dourado ser primeiro volante, o seu melhor lugar no campo. Além de dar base ao parceiro no meio, tem papel relevante no crescimento de William. Aparece para o passe, cobre o avanço, está sempre presente. O recente encaixe do Inter tem Edenílson como um de seus fiadores – analisou o comentarista da RBS TV Maurício Saraiva.
A nova boa fase de Dourado teve início três jogos atrás, a partir da chegada de Edenílson e do início os mata-matas no Gauchão. O primeiro volante foi bem nas duas vitórias sobre o Cruzeiro e, com o goleiro Marcelo Lomba, se destacou diante do Corinthians. Se a partir da Era Argel (2015/2016) Rodrigo Dourado dividiu as funções do setor com Nilton, Nico Freitas, Wellington Martins, Fabinho, Fernando Bob e Anselmo, agora, neste segundo bimestre da Era Zago, ele ganhou a parceira de Uendel, de Edenílson e de Gutiérrez.
– Rodrigo Dourado estava errando ao avançar demais e deixar a defesa exposta. A primeira função do volante é marcar. O lugar do Dourado é de primeiro volante, à frente da zaga. Justamente o trabalho que ele fez contra o Corinthians. Edenílson sabe fazer bem essa transição, do meio para a frente, além de ter bom senso de cobertura. Dourado cresceu com ele – observou Batista, comentarista o canal Sportv. – No Inter campeão brasileiro de 79, a mecânica funcionava assim: eu ficava na proteção à defesa, deixando que Falcão e Jair avançassem. Eu só subia se o Falcão estava muito bem marcado e se tivesse segurança na cobertura dos nossos laterais (João Carlos e Cláudio Mineiro). Você não pode ter todos os volantes aparecendo na área – completou o ex-volante colorado.
Companheiro de setor de Batista, Jair corrobora com o ex-volante da Seleção Brasileira. com Edenílson, Dourado recuperou a confiança que faltava.
– Edenílson entrou e supriu uma carência no meio-campo do Inter, pois passou a ser o cara a dar segurança para que o Rodrigo Dourado possa avançar. Fechou mais o setor e a zaga deixou de ficar desprotegida. Edenílson foi quem deu essa nova dinâmica ao time, pois sabe defender e armar. Além disso, ele liberou D'Alessandro para participar mais do jogo. Se o Inter repetir essa atuação contra o Corinthians, voltará classificado de São Paulo – apostou Jair.
O Inter segue apostando em Dourado, que recentemente renovou contrato até o final da temporada 2021.
*ZHESPORTES