Inter e Corinthians seguem em conversações para um troca-troca envolvendo o meia-atacante Giovanni Augusto e Ernando ou Seijas. Valdívia chegou a surgir como a primeira escolha dos paulistas, mas as portas para essa saída foram fechadas no Beira-Rio. Além dos jogadores – que poderão mudar de ares por empréstimo até o final da temporada, com os direitos fixados –, ainda há uma dívida em jogo. O Corinthians comprou Giovanni Augusto por 3,5 milhões de euros (R$ 11,8 milhões, em valores atuais) e ficou devendo R$ 1 milhão. E está tentando repassar essa diferença ao Inter. No Parque São Jorge, Giovanni recebe R$ 320 mil mensais. E está fora dos planos corintianos.
Natural de Belém, e revelado pela base do Atlético-MG, a carreira de Giovanni Augusto começou a decolar quando foi emprestado para Santa Catarina. Primeiro para o Criciúma, depois ao Figueirense. Na verdade, o meia de 27 anos só parou de ser emprestado quando retornou ao Atlético-MG, em 2015. Antes disso, rodou o Brasil, jogando como temporário pelo Náutico, Grêmio Barueri, Criciúma, ABC, outra vez para o Náutico, até chegar ao Figueirense. Titular do time de Argel Fucks, foi ele o autor do primeiro gol da Arena de Itaquera, vestindo a camisa 10 do Figueirense, na vitória por 1 a 0, no Brasileirão de 2014.
– Giovanni demorou a se firmar no Figueirense, mas, depois de ganhar confiança, se tornou um dos principais jogadores do time – diz Rodrigo Faraco, comentarista da RBS TV de Santa Catarina. – No Figueirense, foi um jogador criativo, forte e finalizador. Jogou como quarto homem de meio-campo, mas atua melhor jogando mais atrás. Tem talento para tentar vaga na Seleção, porém, perde o foco e desanima com facilidade. Tem qualidade, mas não é um armador como D'Alessandro, nem sequer tem uma personalidade parecida – atesta Faraco.
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De volta ao Atlético-MG, em 2015, Giovanni Augusto encontrou em Levir Culpi o aporte que necessitava. Após um apagado Campeonato Mineiro, o meia deslanchou no Brasileirão.
– Ele não se encaixou no Atlético-MG, em seus primeiros anos como profissional. Depois, foi emprestado e muitas vezes acabava enfrentando problemas de indisciplina em alguns clubes. Noite mesmo. Admitiu isso e se arrependeu depois. Acabou encontrando espaço com Levir e fez um grande Brasileirão em 2015, talvez o melhor ano de sua carreira – conta Roger Dias, repórter do jornal Estado de Minas. – Focado, Giovanni pode se tornar tão essencial para um time, como D'Alessandro ou Douglas – acrescenta o jornalista.
Em 2015, Giovanni Augusto voltou ao Itaquerão, dessa vez com o Atlético-MG, e foi o melhor em campo, uma vez mais. Ainda que tenha perdido para o Corinthians, a sua nova boa atuação em São Paulo se tornou inesquecível e Tite (então técnico do Corinthians) pediu a sua contratação.
– Giovanni Augusto é um construtor, armador, e muito inteligente. Tem qualidade técnica, mas não tem a personalidade do D'Alessandro. Quando trabalhou conosco, foi muito bem – destacou, direto de Montevidéu, o ex-auxiliar-técnico do Corinthians e atual braço direito de Tite na Seleção, Cléber Xavier.
A saída de Tite, chamado pela CBF para substituir Dunga, foi um golpe em Giovanni Augusto. O jogador sentiu a saída do técnico, apenas cinco meses depois de sua chegada ao clube.
– Trata-se de um meio-campista, não de um atacante de ofício. Mas não é armador, como D'Alessandro. Giovanni Augusto joga pelas beiradas, parecido com Marcelo Cirino, que o Inter queria contratar. Tem um porte físico avantajado, tem fôlego para desenvolver a parte tática, e para correr atrás de lateral. Teve o Paulistão e a Libertadores como seus pontos altos no Corinthians, mas viu a saída de Tite coincidir com uma lesão muscular – comenta Rodrigo Vessoni, repórter do site Meu Timão, segmentado de Corinthians.
Para Gustavo Hofman, comentarista dos canais ESPN, o meia pode ter sucesso no Inter, caso haja a transação. Ele entende que Giovanni encontrou um momento ruim do Corinthians e não conseguiu se adaptar ao sistema de jogo da equipe:
– Ele é um meia-atacante, que pode jogar centralizado ou pelo lado. Mas não consegue recompor pelo meio, em um esquema 4-1-4-1, por exemplo. E foi justamente o esquema utilizado pelo Corinthians nesse período. Além disso, o momento do clube era muito ruim, como um todo. E Giovanni Augusto chegou cercado de grande expectativa. Talvez tenha sentido essa pressão.
O possível futuro reforço do Inter talvez precise de uma nova chance na carreira, longe do Corinthians.
* ZHESPORTES