O início de ano do Inter não vem sendo dos mais promissores. A derrota para o Novo Hamburgo, no Beira-Rio, expôs um time com jogadores que não conseguiram cumprir as suas funções no 4-4-2 pretendido por Antônio Carlos Zago e com setores apartados uns dos outros. A derrota por 2 a 1, em dois contra-ataques do adversário, que apresentou um competente sistema defensivo, ocorreu ao natural, pelo que as duas equipes apresentaram. Além disso, a derrota em casa mostrou uma equipe ainda muito dependente de D'Alessandro – que muitas vezes foi visto buscando o jogo quase na área defensiva do Inter –, que talvez não consiga mais levar o Inter nas costas, como em anos anteriores.
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– Não existe essa receita mágica, o grande desafio do Inter é superar o momento que o espera: a segunda divisão. O trabalho de Zago está sendo afetado porque o clube ainda não assimilou o rebaixamento. Não é algo comum ao Inter, como é para Vasco, Botafogo, Grêmio, que já caíram mais de uma vez – dispara o comentarista do canal ESPN Mauro Cezar Pereira.
O analista entende que, devido à pressão dos colorados por uma reação imediata, o dia a dia da equipe será sob pressão o tempo todo e que deveria utilizar o Gauchão apenas para remontar o time, sacrificando a tentativa do heptacampeonato.
– Nesse momento, o sistema de jogo a ser utilizado pouco importa. Zago precisa é montar uma defesa sólida. Não pode deixar a zaga exposta como está e perder para um pequeno logo de cara. Precisa começar a construir um time consistente para a Série B, que é única coisa que importa no ano. Esse é um ano menor para o Inter, é a realidade. O Inter não pode mais tropeçar porque a intolerância do torcedor é algo natural nesse momento – afirma Pereira.
A próxima parada do Inter será nessa quarta-feira, em casa outra vez, contra o Fluminense, pela Primeira Liga. Em sua hermética entrevista coletiva após a derrota para o Novo Hamburgo, o técnico Antônio Carlos Zago não deixou claro se mexerá na formação da equipe ou mesmo no sistema de jogo. Mas há chances de que a escalação e que a maneira de jogar sigam as mesmas.
– Mesmo que tivesse entrado o time perfeito contra o Novo Hamburgo, não sei se tinha funcionado – aponta o comentarista do canal Sportv Sérgio Xavier Filho. – Persiste no Inter a falta de confiança de modo absurdo. E a D'Alessandrodependência já começou para valer. Todos os jogadores procuravam ele para carimbar a bola – alerta.
Para Xavier, porém, há um problema ainda mais grave, até mesmo de formação de elenco, que precisa ser corrigido antes do início da Série B:
– Vi um time com grande dificuldade de recomposição. No segundo gol do Novo Hamburgo, tem um monte de gente atrás da linha da bola que demora dois anos para marcar. É dramático. Sinceramente, acho que pode funcionar até no 4-4-2, mas não dá para ter mais de dois caras que não marcam. No máximo, um time pode suportar dois caras fingindo que correm. E esse Inter tem mais de dois que fingiram que estavam correndo. Pode ser o 4-4-2, mas os jogadores não podem ser estes.
Para Adroaldo Guerra Filho, comentarista do Diário Gaúcho e da Rádio Gaúcha, o problema do Inter não está na mecânica de jogo ou na construção de um sistema tático, mas, sim, no perfil das contratações:
– Não tem de mudar o sistema de jogo, tem de mudar as peças. Se ganha a Série B com time de Série A. O Inter começou o ano com um time de Série C. Vieram reforços de Série C que são titulares porque são conhecidos do treinador. Se os reforços não forem de Série A, o Inter vai sofrer ainda mais.
Nessa quarta-feira, o Inter terá um teste bem mais difícil e um de seus poucos desafios de primeira divisão da temporada: o Fluminense de Abel Braga.
*ZHESPORTES