Menos de 24 horas depois de enfrentar o Oeste, pela Copa do Brasil, Antônio Carlos Zago comandará o Inter uma vez mais, agora em Criciúma, pela última rodada da fase de grupos da Primeira Liga. Já classificado, o Inter terá um time reserva em busca de um empate para sacramentar a liderança da Chave 1. O Criciúma, já eliminado do torneio, e que terá jogado também horas antes contra o Altos (PI), pela Copa do Brasil, atuará com um time B.
No futebol gaúcho, jogar duas vezes em dois dias não chega a ser uma novidade. No Gauchão de 1994, por exemplo, o Grêmio disputou três partidas em uma tarde de verão o Estádio Olímpico – alternando titulares. Nos últimos anos, o Inter esteve na condição de jogar, dormir e jogar em duas oportunidades. Na verdade, em apenas uma delas com repetição de jogadores. Foi na Alemanha, em 2011. Convidado para disputar a Copa Audi, a equipe treinada por Osmar Loss (que substituía Paulo Roberto Falcão, demitido dias antes) enfrentou Barcelona num dia e Milan no outro. Empatou as duas partidas em 2 a 2 – perdendo para os espanhóis nos pênaltis e ganhando do time de Alexandre Pato, também nas penalidades.
– Na época, fizemos todo um planejamento para aquele torneio, pois foi em meio ao Brasileirão, mas sabíamos que seria assim – conta Loss. – Para piorar, voltamos da Alemanha e, dois dias depois, empatamos em 0 a 0 com o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro. Como não tínhamos tempo, entre Barcelona e Milan, a recuperação dos atletas foi na base da alimentação e do sono. Era praticamente jantar, deitar, acordar, almoçar e jogar de novo – acrescenta o auxiliar técnico do Corinthians.
Para Osmar Loss, o calendário nacional acaba forçando os jogadores a se adaptarem a esta falta de tempo entre as partidas:
– É claro que jogar dois dias seguidos é uma situação extrema, mas, infelizmente, os nossos atletas se acostumam a jogar a cada três dias, a cada dois dias.
Na Copa Audi, apenas um jogador do Inter disputou os 180 minutos, contra Barcelona e Milan: Bolívar.
– Foram jogos duros, em dois dias seguidos, mas foram partidas contra adversários que te motivavam. Lembro de cansar somente no segundo tempo do segundo jogo. A recuperação depende muito do biótipo do jogador. Eu cansava bem mais 48 horas depois dos jogos. Mas a viagem por si só já desgasta o atleta também – conta o ex-capitão colorado.
Em 2012, o Inter recebeu o Once Caldas, pela partida de ida da pré-Libertadores, venceu por 1 a 0 – depois se classificou com um 2 a 2, na Colômbia –, e, no dia seguinte, com um time B, perdeu para o Cerâmica por 2 a 1, outra vez no Beira-Rio, em partida válida pela primeira etapa do Estadual.
Como a Primeira Liga foi um torneio imposto pelos clubes, e que a CBF acabou aceitando a contragosto, há problemas de datas. O jogo contra o Oeste, por exemplo, que poderia ser em 1° de março (como boa parte da rodada da Copa do Brasil), foi agendado na semana passada para a véspera de Criciúma e Inter. Para o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto, esta falta de cuidado com a Primeira Liga também é culpa dos clubes:
– O fato de jogar dois dias seguidos não muda em nada, pois o Inter já havia decidido não prestigiar Primeira Liga, que por sinal não é um campeonato oficial, não é reconhecido pela entidade maior, a CBF.
O Inter de Criciúma dará chances para que alguns jogadores possam deixar o banco de reservas e aparecer para Antônio Carlos Zago. O zagueiro Eduardo, que falhou na estreia do Gauchão contra o Veranópolis, e jamais voltou ao time é um deles. A seu lado, Neris. Contratado no começo do ano, o ex-zagueiro do Santa Cruz ainda não estreou e o seu futebol pelo Inter é um mistério. O jovem lateral Iago terá a oportunidade de se destacar, bem como Bruno Baio, que volta a ter chances.
A partida do Heriberto Hülse poderá dar novas opções a Zago.
Dois dias, dois jogos
2011 – Copa Audi
26/7, Allianz Arena, em Munique (ALE)
Inter (2) 2x2 (4) Barcelona
Muriel; Nei (Zé Mário), Bolívar, Rodrigo Moledo e Kleber; Bolatti (Glaydson), Élton (Ricardo Goulart), Tinga (Wilson Matias), Andrezinho (Lucas Roggia) e D'Alessandro (João Paulo); Leandro Damião. Técnico: Osmar Loss
27/7, Allianz Arena, em Munique (ALE)
Inter (2) 2x2 (0) Milan
Renan; Glaydson, Bolívar, Dalton e Fabrício (Kleber); Wilson Matias, Elton (Nei), Zé Mário (Andrezinho) e João Paulo (Ricado Goulart); Gilberto (Lucas Roggia) e Leandro Damião (D'Alessandro). Técnico: Osmar Loss
2012 – Pré-Libertadores e Gauchão
25/1, Beira-Rio
Inter 1x0 Once Caldas
Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Kleber; Bolatti; Guiñazu, Oscar (João Paulo) e D'Alessandro; Dagoberto (Marcos Aurélio) e Leandro Damião (Jô). Técnico: Dorival Júnior
26/1, Beira-Rio
Inter 1x2 Cerâmica
Agenor; Claudio Winck (Giovani), Jackson, Romário e Lima; Guilherme Noé (Rodrigo Dourado), Marcio, Fred e Bruno Smith (Augusto); Sasha e Thiago. Técnico: Osmar Loss
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