Assim como Danilo Fernandes, recém-convocado por Tite para o Jogo da Amizade entre Brasil e Colômbia, Daniel Pavan é só sorrisos. O preparador de goleiros do Inter comemora mais um dos seus comandados entre o seleto grupo de jogadores na lista do técnico da Seleção. O primeiro a indicar que o trabalho de Pavan estava sendo bem-feito no Inter foi Alisson Becker, hoje titular absoluto da camisa 1 e jogador da Roma.
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Confinado no Vila Ventura, onde o Inter realiza a pré-temporada, Daniel Pavan conversou com Zero Hora. Confira trechos da entrevista:
Qual o sentimento de, depois de Alisson, ver o Danilo Fernandes na Seleção Brasileira?
É só alegria, uma satisfação muito grande. Orgulho de saber que a gente está no caminho certo, trabalhando certo. É o resultado de um trabalho. E fico feliz não só pela convocação dos dois. O Alisson, por exemplo, acompanhamos desde a base. E o Danilo, por ter participado da escolha da vinda dele pra cá. Tínhamos outras possibilidades. E eu insistir muito que fosse o Danilo, minha responsabilidade dobrou.
Mas o Danilo já era um bom goleiro.
Não tenho dúvida que o Danilo era um bom goleiro. Até por isso trouxemos ele. Mas estávamos atrás de um substituto à altura do goleiro da Seleção Brasileira. Com o trabalho, Danilo evoluiu muito. Já era bom. Mas foi para a Seleção aqui, no Inter.
E a sensação na hora da divulgação dos convocados?
Fico igual a eles (os goleiros). Eu tinha essa expectativa, não vou te mentir. Era um sonho que eu tinha, que era alimentado desde o ano passado. Achei que, pelas atuações, iria já no ano passado. Mas o nosso foco era outro, óbvio. Mas eu ficava atento, acompanhava os dias. Essa convocação do Tite teve uma expectativa ainda maior, porque sabíamos que seriam chamados jogadores do Brasil. Com Alisson fora, sobraria uma vaga. Na hora do almoço, teve comemoração. Quando entrei, os jogadores começaram a aplaudir.
Percebemos que todos os goleiros, desde o consagrado Danilo aos jogadores da base, têm o mesmo estilo de treino. É por aí o seu trabalho?
É uma forma que eu tenho de trabalhar, é uma metodologia minha mesmo, de os mais novos como o Keiller e o Daniel trabalharem com o Danilo e o Lomba, eles puxam os mais novos para cima. O que é feito com Danilo é passado para os outros também. A gente faz simulações de lances de jogos e, quando detectado uma falha em algum fundamento, dá ênfase maior para isso. Se eu acho que um não está saindo tão bem no gol, por exemplo, vamos trabalhar mais isso.
A função do goleiro está mudando. Como o Inter tem trabalhado isso?
O goleiro, cada vez mais, está inserido no modelo de jogar mais adiantado, de líbero. Antigamente, precisava jogar só com as mãos e o treinador fazia treino tático só com 10. Procuro dar toda a parte técnica e deixo a questão tática com o treinador, para aprimorar. Temos mantido a mesma metodologia na base. Há uma integração com os preparadores de goleiro de lá para que treinem desta maneira e, para quando o principal precisar, os jogadores não sintam a diferença.
Há algum trabalho fora do campo para os goleiros? Você passa vídeo de algum goleiro, por exemplo?
A gente usa muito o vídeo deles mesmo. Filmamos os treinos e depois analisamos juntos. Se tem algum lance, algo que poderiam fazer melhor, destaco. Filmamos todas as atividades e procuro exaltar as coisas boas também. Para o Danilo Fernandes, o sistema é semelhante, mas fazemos com os jogos. Analisamos todas as partidas, uma a uma.
Colocar dois goleiros da Seleção não desperta interesse de outros clubes no seu trabalho?
Quanto mais o trabalho aparece, acho que ficamos com uma visibilidade maior. A gente sabe que o treinador de goleiros não aparece, e nem tem que aparecer. Essa é a função do goleiro. Mas acabamos tendo um trabalho de maior visibilidade. Tive conversas, sondagens, mas não proposta.
A troca de treinadores ao longo de 2016 atrapalhou o trabalho dos goleiros?
Muda pouco o nosso trabalho. Na função específica, influencia pouco. Mas, por exemplo, tem treinador que cobra que o goleiro jogue mais adiantado, com os pés. Temos que nos adaptar. Ou que quer que o goleiro saia mais curto, com os pés, apesar da marcação adiantada do adversário. Ou outro que pedia o chutão para frente logo na largada. O meu trabalho é que ele saiba tudo o que for pedido.
Vocês estão prevendo dificuldade na Série B? O Inter será o time a ser batido.
Acho que vai ser tão difícil quanto a Série A. Vamos entrar como favoritos, todo mundo vai querer ganhar do Inter. Não podemos achar que é uma competição fácil. Mas vamos conseguir e voltar em 2018 entre os grandes, onde o Inter sempre tem que estar.
Com a quantidade de competições desta temporada, está nos planos preservar o Danilo em algumas competições?
Tem a possibilidade, sim. Em algum momento, vamos dar descanso para o Danilo. Daremos oportunidade ao Lomba e aos garotos Keiller e Daniel também.
*ZHESPORTES