Ao iniciar a quarta passagem pelo Inter, Celso Roth não fugiu de suas características. Em seu primeiro dia de trabalho no Beira-Rio, o técnico se dedicou a conversar com seus jogadores e deu a entender que começará a ajustar o time pela defesa. É possível que o esquema 3-5-2 seja adotado já contra a Chapecoense, segunda-feira, na sua reestreia pelo clube.
Não quer dizer, necessariamente, que Roth fechará a casinha. A palavra que o técnico mais mencionou em seu retorno ao Beira-Rio foi equilíbrio. Como de costume, rechaçou o rótulo de retranqueiro, característica que que lhe é atribuída há décadas, desde sua primeira passagem pelo Inter em 1997.
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– Quando se fala de Celso Roth, se fala de volantes, de retranca, de defesa. Mas eu sempre preguei o equilíbrio. Time desequilibrado não consegue chegar onde quer. Generalizando, é mais fácil montar uma equipe defensivamente. Cumprir um esquema é mais fácil do que ser criativo – observou Roth.
Depois de sua apresentação ao lado da nova direção de futebol, o técnico já fez suas primeiras avaliações. Ainda durante a manhã, acompanhou atividade física dos atletas no CT Parque Gigante e se alongou na conversa com o auxiliar André Döring e o coordenador de preparação física Élio Carravetta. Também falou com líderes do grupo, como Paulão, Alex, Anderson e Danilo Fernandes para entender o que se passa no vestiário que há dois meses brigava pela liderança do Brasileirão e hoje está só dois pontos acima da zona de rebaixamento.
– O grupo do Inter num determinado momento se desequilibrou. A grande situação é entrarmos com o trabalho e fazermos com que esses jogadores acreditem na possibilidade de retomar o equilíbrio que tiveram – entende Roth.
À tarde, sob observação do vice de futebol Fernando Carvalho, o técnico teve um papo com todo o plantel. Antes do treino, reuniu seus atletas no circulo central de um dos campos do CT e falou por cerca de 20 minutos. Em tom sereno, explicou os conceitos que pretende implantar na equipe, privilegiando a marcação intensa e a transição entre o meio-campo e o ataque.
Mas o equilíbrio que Roth busca dar ao Inter vai além das quatro linhas. Também terá de atuar como uma espécie de psicólogo, para reabilitar o emocional de seus jogadores, visivelmente abalado pela sequência de 11 jogos sem vitórias.
– As coisas andam juntas. Se a parte tática estiver forte, o emocional estará. Principalmente se conseguirmos o objetivo no próximo jogo. Tudo anda junto, o emocional não anda sozinho – explica o treinador.
No treino tático comandado pelo auxiliar Beto Ferreira, que teve Ernando e Nico López poupados, ainda não houve mostras do time titular que atuará em Chapecó. Mas, após a atividade, Roth puxou Alex e Fernando Bob para uma conversa reservada. Um indício de que o meia pode retomar espaço no elenco com a chegada do treinador.
Algumas frases de Roth em seu retorno ao Inter:
"Até o Coritiba, fiz trabalhos de relevância. Em todos os clubes por que tinha passado: Grêmio, Atlético-MG, todos. No Coritiba e no Vasco, não conseguimos. Isso faz a gente aprender. É com as decepções que a gente aprende."
"Vocês olharam o Djokovic? (tenista eliminado na Olimpíada) As coisas são assim. Só se aprende com a derrota. Toda vez que alguém me questiona, alguém fala do Mazembe. Marca, claro. Como ocorreu com o Luiz Felipe Scolari e outros profissionais."
"Os jogadores vão ter que assimilar imediatamente o que queremos passar. Organizar uma equipe rápido é importante, mas a administração do ambiente de trabalho é fundamental. Vamos fazer isso e depois buscar o reequilíbrio e a manutenção disso."
"Eu não tenho escolha com o chamamento do Fernando e do Ibsen, temos um vínculo de 20 anos. O Vitorio também. Eu não tinha escolha de tempo de contrato e de valores. Queira Deus que eu faça deste momento difícil um momento de felicidade."
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