A terceira passagem de Paulo Roberto Falcão no Inter, enfim, começou. Com direito a convocação da torcida, que o recepcionou no Beira-Rio, o treinador foi apresentado no início da tarde desta quarta-feira. Antes de acompanhar a atividade da tarde, Falcão reuniu a comissão técnica. Pediu detalhes do grupo que passa a comandar logo no domingo, quando o Inter enfrenta o Palmeiras, em Porto Alegre. Depois, ouviu os jogadores ainda no vestiário. Atitude semelhante ao que fez em setembro no Sport, em Recife, quando assumiu o time que havia demitido Eduardo Baptista pela sequência de 10 jogos sem vitórias.
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Os sete meses de trabalho do ex-volante colorado à frente do time pernambucano dividem opiniões de quem acompanhou o dia a dia do Sport. A unanimidade fica apenas na reprovação dos treinos fechados, que aconteciam inclusive em regenerativos, e na montagem do grupo para esta temporada:
– Falcão foi muito criticado desde que chegou pela forma de trabalhar. Ficou de setembro (de 2015) a abril (de 2016), e ninguém assistiu a mais do que 10 treinos. Por vezes, até os regenerativos eram fechados – lembra o repórter do Jornal do Commercio, Alexandre Arditti.
– E ficou uma grande dúvida: se o time não conseguiu assimilar o que ele queria ou se o problema foi ele. Falcão foi bem ao dar sequência ao trabalho do Eduardo Baptista, no Brasileirão do ano passado, levando o time à sexta colocação. Mas, começando a temporada, em 2016, o trabalho não decolou, os resultados não vieram e ele acabou demitido – completa Rembrandt Júnior, narrador da Rede Globo e do Sportv.
A pedido de Falcão, o presidente João Humberto Martorelli contratou 14 jogadores. Desde a saída do treinador gaúcho, três já não estão mais no Sport. Outros nomes como Jhonathan Goiano, que estava atuando pelo Daegu, time da segunda divisão da Coreia do Sul, Serginho, volante rebaixado com o Vasco no ano passado, não emplacaram apesar de seguirem no time. O mais curioso, no entanto, fica na conta de um meia colombiano. Também uma indicação de Paulo Roberto Falcão, Reinaldo Lenis é tido como a mais cara contratação do futebol pernambucano. Foram R$ 3,5 milhões desembolsados por 50% do passe do meia, que estava no Argentinos Juniors. Hoje, é banco e não empolga o torcedor.
– Falcão foi muito mais um motivador, deu uma injeção de motivação, que não vencia há 10 jogos. Foi bastante importante nisso. Na questão de peças, não mexeu em nada. Quando tinha de montar o time para 2016, não quis a renovação do Hernane Brocador, por exemplo – finaliza Arditti.
– Fato de ele fechar em todos os treinamentos, acabamos não podendo avaliar as atividades. Nos jogos, se era aquilo que ele treinava com os portões fechados, ele, de fato, não treinava absolutamente nada – entende Leonardo Borges, da Rádio Jornal, de Recife.
Alexandre Arditti, repórter Jornal do Commercio
"A crítica ao time era pelo padrão tático. Invertia posição de laterais e demoravam muito a voltar às posições originais. Sport levou muitos gols nos momentos em que os laterais não estavam em suas posições. Além disso, insistiu demais em jogadores que não rendiam, que não davam resultado. Torcida se incomodou pela passividade do treinador. Time não tinha questão tática e ficava muito dependente do Diego Souza. Foi criticado pela montagem do elenco. No ano passado, herdou o elenco que era de Eduardo Baptista. Falcão foi muito mais um motivador, que deu uma injeção de motivação, que não vencia há 10 jogos. Foi bastante importante nisso. Na questão de peças, não mexeu em nada. Quando tinha de montar o time para 2016, não quis a renovação do Hernane Brocador, não quis o volante Wendel, que era importante no elenco dentro e fora de campo e foi para o Goiás. Trouxe uma penca de jogadores que ainda não rendem. E que não conseguem render com o Oswaldo, deixando claro que eles são de uma questão técnica duvidosa."
Rembrandt Júnior, narrador da Rede Globo e do Sportv
"Falcão sempre teve muita seriedade para realizar o seu trabalho no Sport. Sempre tratou com muito respeito as pessoas que respeitaram o trabalho dele. Porém, foi um trabalho nota 6. Se a direção do Sport o tivesse mantido no cargo, talvez essa nota pudesse ser maior. Falcão fechou a maioria dos treinos, o que desagradou parte da imprensa. Mas, de fato, como os treinos eram fechados, ficou uma grande dúvida: se o time não conseguiu assimilar o que ele queria ou se o problema foi ele. Falcão foi bem ao dar sequência ao trabalho do Eduardo Baptista, no Brasileirão do ano passado, levando o time à sexta colocação. Mas, começando a temporada, em 2016, o trabalho não decolou, os resultados não vieram e ele acabou demitido. A eliminação nas semifinais da Copa do Nordeste para a Campinense e o vice-campeonato estadual (perdeu as finais para o Santa Cruz) fizeram com que a direção não resistisse à pressão da torcida. E Falcão foi demitido."
Leonardo Borges, Rádio Jornal, de Recife
"Final de campeonato do ano passado, chegou como motivador de uma obra já feita pelo Eduardo Baptista. Time que já tinha 10 derrotas. Jogou com o mesmo esquema e peças, motivou o Sport e o fez chegar à sexta posição. Agora, mandou mal em relação à montagem do time pra esse ano. Indicou jogadores que não deram certo e que realmente não dá certo em clube nenhum. Mas o fato de ele fechar em todos os treinamentos, não podemos avaliar o trabalho. Nos jogos, se era aquilo que ele treinava, ele não treinava absolutamente nada. Ele fez 12 jogos no ano passado, e conseguiu levar o Sport na motivação. Tanto é que o Sport até hoje sofre os resíduos de um mau trabalho do Paulo Roberto Falcão no Sport."
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