Se o plano do Inter era começar o Brasileirão a 200km por hora, como receitou Paulão, foi o próprio zagueiro quem tratou de puxar o freio de mão da máquina colorada – na estreia contra a modesta Chapecoense. Escalado para cobrar o pênalti sofrido por Andrigo, Paulão enquadrou o corpo e chutou com o peito do pé direito, com classe, como se fosse um habilidoso meia. Mas como Paulão não é um habilidoso meia, o goleiro Danilo agradeceu e buscou a bola ao saltar para o lado esquerdo.
Com a cobrança, Paulão se tornou o oitavo colorado em 2016 a perder pênalti. Além dele, ocupam a lista os meias Alex e Anderson, o zagueiro Jackson, o goleiro Alisson e os atacantes Vitinho, Marquinhos e Sasha. No ano passado, já com Argel, D'Alessandro perdeu um pênalti na vitória do Inter por 2 a 0 sobre o Atlético-PR.
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– É preocupante (os erros nas penalidades), especialmente porque a gente vem treinando. E a responsabilidade é minha: eu escolhi esses jogadores para bater os pênaltis. Foram nove jogadores que bateram os pênaltis desde que a gente chegou aqui. Talvez estejamos treinando poucos pênaltis, temos de treinar mais. Não é normal perder nove pênaltis com nove jogadores diferentes em 11 meses – declarou Argel, após o frustrante empate em casa.
Justificativas à parte, a temporada já soma 15 pênaltis cobrados pelo Inter e apenas sete deles foram convertidos. Ou seja: apenas 46,6% de acertos. Um número baixíssimo para um clube que sonha voltar a ser campeão nacional, 37 anos depois.
– O time do Inter é jovem, talvez falte uma ou outra peça do meio para a frente. E isso influência também nas cobranças de pênaltis – entende Benitez, o goleiro do tricampeonato nacional de 1979. – Há jogadores por chegar. Mas o principal é a falta de um meia experiente, acostumado a entre outras coisas, bater pênaltis. Você não encontra um D'Alessandro, um Alex a todo o momento. O novo cobrador de pênaltis do Inter será o Seijas, que é um baita jogador, pode apostar – acrescenta Benitez.
Questionado sobre mais uma penalidade desperdiçada, o volante Fabinho justificou a escalação de Paulão para a cobrança, pois ele estava indo bem nos treinamentos:
– O Paulão vinha treinando há bastante tempo. Sabíamos da qualidade dele para bater. Tinha um dos melhores aproveitamentos e bateu como vinha treinando. O goleiro teve a felicidade de defender.
A falta de definição de quem é o cobrador oficial de pênaltis no Inter pode estar pesando. Sem D'Alessandro, Alex passou a ser o número 1. Depois, com Alex relegado à reserva (ou, por vezes, até mesmo sem ser relacionado para o jogo), Sasha assumiu a função e, depois de errar um pênalti contra o São José, na partida de ida das semifinais do Gauchão, perdeu o posto para Paulão – que receberá a braçadeira de capitão, com a saída de Alisson. Agora, com o erro de Paulão diante da Chapecoense, quem será o próximo batedor colorado?
Todos os pênaltis de 2016
DESPERDIÇADOS
1. Alex (na vitória por 3 a 2, nos pênaltis, contra o São José, pela Recopa Gaúcha)
2. Alisson (na vitória por 3 a 2, nos pênaltis, contra o São José, pela Recopa Gaúcha)
3. Anderson (na derrota por 3 a 2, nos pênaltis, contra o Fluminense, pela Primeira Liga)
4. Vitinho (na decisão por pênaltis contra o Fluminense, pela Primeira Liga)
5. Jackson (na decisão por pênaltis contra o Fluminense, pela Primeira Liga)
6. Marquinhos (durante a goleada por 3 a 0 sobre o Glória, em Vacaria)
7. Sasha (durante o jogo de ida das semifinais do Gauchão contra o São José)
8. Paulão (durante a estreia do Inter no Brasileirão, contra o Figueirense, empate em 0 a 0)
CONVERTIDOS
1. D'Alessandro (no empate em 3 a 3 com o Bayer Leverkusen, na Florida Cup)
2 e 3. Marquinhos (na vitória por 3 a 2, nos pênaltis, contra o São José, pela Recopa Gaúcha e na derrota por 3 a 2, nos pênaltis, contra o Fluminense, pela Primeira Liga)
4. Paulão (na vitória por 3 a 2, nos pênaltis, contra o São José, pela Recopa Gaúcha)
5. Sasha (na derrota por 3 a 2, nos pênaltis, contra o Fluminense, pela Primeira Liga)
6 e 7. Vitinho (na vitória por 3 a 2, nos pênaltis, contra o São José, pela Recopa Gaúcha e na goleada por 4 a 2 sobre o Novo Hamburgo)
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