Com Argélico Fucks no comando do Inter, no segundo turno do Brasileirão, o time fez a segunda melhor campanha entre os 20. Foram 35 pontos, 10 a mais do que no 1º turno, quando acabou apenas na 11ª posição. O saldo de gols, que nas 19 primeiras rodadas havia sido negativo em sete pulou para oito positivos. O ataque fez 11 a mais no returno. No Beira-Rio – impressionante – foram nove vitórias e apenas um empate. Derrotas: 0.
"Números, números, números... O que é, o que são, o que dizem sobre você?"
Não sei o que o colorado Serginho Moah, que vive a perguntar isso à frente dos Papas da Língua, achou dos números do treinador de seu time e nem imagino se gostou ou não do presente que a diretoria do clube lhe deu, que foi a permanência do filho do seu Argemiro no comando, mas confesso que me incluo entre aqueles para os quais tais números não dizem muito.
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Todas as apresentações do Inter de Argel foram vistas, 20 pelo Brasileirão e outras quatro pela Copa do Brasil, e a confissão é a de que em momento algum foi possível enxergar bom futebol. Em momento algum foi detectado movimentos de peças que revelassem esquematização tática convincente e com importante intrusão do dedo do treinador. E foi cansativo ouvi-lo em análises positivas da equipe, por exemplo após as duas últimas – pífias – apresentações fora de casa, contra Chapecoense e Fluminense. Naquela hora decisiva seu time trouxe um ponto em seis disputados, diante de adversários fracos e desinteressados. "Números, números, números..."
Mas a diretoria do Inter acreditou nos números e o manteve. Vejo, nas manifestações por aí, que de um modo geral a torcida também foi convencida pelos algarismos e é assim mesmo, com o esforçado Argel, que a vida dos colorados seguirá.
Argel sempre foi, sim, um profissional esforçado e determinado. Vestiu a camisa do Inter com orgulho e a defendeu com gana nos anos 1990. Lembro dele em ação. Quando acuado por inimigos na linha de fundo ou próximo à lateral do campo, dava uma levantadinha na bola e na sequência mandava o chutão de bicicleta para longe. A torcida adorava.
Hoje na função de técnico, Argélico Fucks tem de pensar além do balão, do chutão. Isso é pouco. É preciso embutir no time alguns temperos técnicos e táticos. Até porque, como disse Paulo Roberto Falcão em entrevista a ZH: "o chutão é uma ilusão de 20 segundos".
Números também podem iludir.
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