O Internacional vem de duas frustrações, que, embora raras, nem são novas: a desclassificação para uma semifinal da Libertadores - já caímos até em final dessa competição, como acontece a todos - e um Gre-Nal de escore elevado. Esse, sim, repercutiu num estardalhaço que melhor se explica por sua raridade centenária, levando-nos ao sentimento balsâmico de que, pelo intervalo, tudo valeu a pena, quando a bandeira vermelha nunca foi pequena.
Nossa vivência comum do Internacional, embora distantes um do outro, teve início na década de 1960 quando, ao mesmo tempo, todos os colorados acalentavam o sonho do "Eldorado da vitórias" (que viria com a conclusão da obra do Gigante da Beira Rio) e sofriam com sucessivos insucessos regionais. Porém, nada abalava nossa esperança. No ocaso dessa década, desde a alegria quase infantil do título Gaúcho de 1961 até a conquista do certame regional de 1969, este já na casa nova, o Internacional retomou sua senda de vitórias.
O Gauchão de 1969 inaugurou uma fase gloriosa como não tem pra ninguém - entre nós. Basta contabilizar: várias vezes campeões gaúchos, um octacampeonato nunca igualado, maior vencedor nos confrontos diretos locais, supremacia iniciada em 1945, solitário ganhador invicto de um Campeonato Brasileiro da 1ª Divisão, na qual sempre esteve integrado (isso após um Bicampeonato Nacional), consolidando-se como o maior clube brasileiro da década de 1970.
Estivemos também na origem de uma outra década gloriosa, aquela que começou com alguns sustos em 2002 e culminou na série de títulos mais expressiva do futebol brasileiro, com um grau de ineditismo nacional - o Campeão de Tudo - e, entre nós, a inigualada conquista do título mundial de seis continentes, o CAMPEÃO DO MUNDO OFICIAL.
Entre esses dois momentos excepcionais, vivemos períodos que em nada nos distinguiu, para o bem ou para o mal, dos demais grandes clubes brasileiros, alternando títulos e decepções, vitórias e derrotas e, nos extremos, goleadas pra lá e para cá. Neste período, compartilhamos, porém, na memória coletiva que herdamos, toda a história gloriosa do Rolo Compressor, em que ninguém escapou de sofrer meia dúzia de gols (e até mais!) sem que sequer se tornassem jogos históricos, pela quase rotina que se estabeleceu.
Por tudo isso, numa hora amarga, conforta olhar para trás e saber o que vem pela frente: mais glórias. O que é nosso está no destino e o que é dos outros está guardado.