Valdívia é uma das esperanças de gol do Inter para a partida de logo mais, às 22h, contra o Santa Fe, pelas quartas de final da Libertadores.
Em entrevista ao Lance!, o jogador "projeta" 25 mil gols na carreira, mas sabe que o importante mesmo é finalizar sempre que possível e cuidar do "pé de ouro". Ele não se acha único, mas quer mais jogadores "doidinhos do bem" no futebol brasileiro. Confira:
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A Copinha de 2012 teve 96 times, mais de 2800 atletas... Você foi o artilheiro (oito gols) jogando pelo Rondonópolis-MT. Tem noção do que é isso?
A Copa São Paulo é como uma Copa do Mundo lá em Rondonópolis. É o único jeito de um jogador ir para um time grande. Dei a minha vida dentro do campo. Queria de qualquer jeito chamar a atenção de um time grande, mas não imaginava eu que fosse chegar aonde cheguei. Aconteceu tudo muito rápido na minha vida, tão rápido que hoje já sou até ídolo para muitas crianças. Não posso deixar isso cair. Mas não foi fácil chegar até aqui.
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Início de carreira muito difícil?
Recebia 200 reais de ajuda de custo, ia treinar de bicicleta. Uma vez até me atropelaram, pô. Abri a coxa e tomei nove pontos. Mas jogava machucado mesmo, não estava nem aí, não tinha compromisso. Meu pai, que tinha uma oficina mecânica, me deu muito apoio, sempre me incentivou, mesmo me vendo fugir da oficina mecânica. Sempre fui preguiçoso para estudar e trabalhar, não gostava. Minha mãe até me forçou a estudar, mas eu não queria. Meu pai vivia falando para ela parar de pegar no pé e me deixar jogar bola (risos).
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Você ganhava 200 reais por mês e hoje vale milhões. Teme que o sucesso suba à cabeça?
Tem muito traíra no futebol. E também fico esperto com quem pede dinheiro emprestado e acha que estou ganhando milhões. Esses aí estão de sacanagem. Converso muito com o meu empresário e com o meu pai, tenho o apoio deles. Mas sou do bem, tranquilo, sou muito inteligente. Não sou de sair, gosto mais de ficar em casa, jogando videogame. Quando eu estiver mal em campo, é porque estou mal mesmo. Sou um cara tranquilo. E não esqueço dos meus verdadeiros amigos, lembro de todos. Na verdade, tenho saudade da resenha de Jaciara.
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Como está gastando o dinheiro?
Realizei o sonho de trazer meus pais para morar comigo aqui em Porto Alegre. Estão tranquilos comigo agora. Estou comprando um apartamento, criei uma escolinha de futebol em Jaciara, que meu irmão mais velho está cuidando. Também estou guardando bastante dinheiro. Já aprendi que dinheiro no banco é lucro.
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Sucesso, dinheiro... Muitas mulheres aparecendo agora?
Pô, mulher é o principal. Cuido bastante delas. Hoje dá para escolher um pouco, né? Antes não dava para escolher. Gordinha? Vai você mesmo. Hoje não tem mais espaço para as gordinhas. Agora tem muita opção, preciso até tomar cuidado. Estou solteiro, não tem como namorar. Até pensei em trazer uma de Jaciara para Porto Alegre, uma que é guerreira mesmo, mas aí eu teria que casar com ela. Não ia dar muito certo (risos).
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Como surgiu o apelido de Valdívia na infância?
Nunca me chamaram de Wanderson. Eu era chamado de Puyol no início. Mas o Puyol era zagueiro, p... Jogo no ataque, gosto de fazer gols. Pedi para mudarem. Aí inventaram o Valdívia. Aliás, o cara que inventou o apelido já morreu, era um bandidinho na cidade. Ele foi assassinado.
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Mas você gostava do Valdívia?
Admirava muito ele. E ainda admiro. Cê é louco (sic)... Ele joga muito, é craque. Ainda quero jogar com ele e trocar camisa. Ele tem visão de jogo, passe de qualidade. Roda, roda e quase nunca perde a bola. Só perde a bola na base da falta mesmo.
O que você fala quando escuta que o Valdívia do Internacional é o Valdívia que joga?
Escuto bastante isso, escuto até que o outro é o genérico e eu sou o original. Mas nem ligo, levo na boa. Faço o meu trabalho e penso em mim.
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Qual Valdívia é melhor?
Não penso nesse tipo de comparação. Quero fazer a minha história, não quero duelar com ninguém. O apelido me ajudou bastante, mas ele joga mais, pronto. Agora, sou muito mais bonito, tenho certeza. Se bem que ele é pegador...
Agora que o apelido já pegou, não pensa em cortar o cabelo?
Sempre tive cabelo grande. Antes era liso, mas aí ficou enrolado e virou essa beleza que é hoje. Já cortei baixo, mas não gostei. Eu nem penteio. Lavo, passo um creminho e pronto. Importante é manter o estilo. E se cortar corre o risco de perder a força, de ficar menos bonito...
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Você também é Mago, assim como o Valdívia original?
Mago? Ele é o Mago. Eu já me intitulei Mágico. Mas não sei nada de mágica, só tiro onda mesmo. Mas no videogame eu sou ligeiro.
E a mágica dentro de campo?
Ainda não. Mas ainda vou fazer uma. Quero fazer uma mágica e acabar a carreira com uns 25 mil gols. Na verdade, pode botar mais gols aí...
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Acha mesmo que consegue?
Não prometo gols. Mas hoje quero fazer gol de qualquer jeito. Tenho treinado bastante finalização. Parei de bater de três dedos, de ladinho. Aprendi que o importante é chutar, uma hora o goleiro vai entregar. Bato de peito de pé e pronto. Sou ambidestro. Tem sobrado umas bolinhas para chutar com a esquerda, mas sou ainda melhor com a direita. O pé direito é o "pé de ouro", preciso cuidar direitinho dele. E quero fazer gols de cabeça também, vou começar a entrar mais dentro da área.
Gol é tão bom assim?
Gol é melhor do que gozar. A mulher que se lasque. Estádio lotado, torcida vibrando... Quero gol.
Como foi a chegada ao Internacional? Demorou um pouco para se adaptar?
Sofri um pouco, tinha o frio, o ambiente novo, não conhecia ninguém... E nunca tinha visto tanto jogador bom junto. Mas cheguei como artilheiro, com moral. Fizeram um trabalho especial comigo. Fiquei seis meses só treinando e fazendo academia. Eu era o menino de ouro da base do Internacional.
O "menino de ouro" da base do Internacional agora já é principal sensação do futebol profissional no Brasil?
Sensação? Não vou falar que sou, porque vão dizer que eu estou me achando. Estou fazendo gols, jogando bem, isso que importa. Não quero que achem nada de mim. Sou muito admirado pela torcida do Inter, mas não sou o pica do Brasil.
Mas ainda vai ser o "pica"?
Sonhar não custa nada. Mas no futebol você precisa estar bem sempre. Estou bem, não posso bobear. Não pode ter essa de ter preguiça.
De onde vem esse jeito brincalhão e carismático?
Isso é de família, meus irmãos são brincalhões. Mas brincadeira tem hora certa. Só que não vou mudar, esse é o meu jeito, um jeito que todo mundo gosta. Sou brincalhão mesmo.
O futebol brasileiro precisa de mais jogadores como você?
Precisa, precisa... Alegria no futebol é fundamental. É preciso aproveitar o momento. Mas precisa dosar com inteligência. Ganhou? Curte e brinca. Perdeu? Deita a cabecinha no travesseiro e dorme. Eu sou assim. Faltam mais Valdívias no futebol.
Você posta diversas selfies no Instagram, tira foto com torcedores... Como lida com o carinho da torcida?
Os fãs merecem mais Valdívias. Faço tudo isso porque eu gosto, é o meu jeito. Sempre vou dar atenção e ter paciência com a torcida. Odeio chegar em casa correndo depois dos jogos. Vejo um fã, tiro foto e fico na resenha mesmo, ainda mais quando bato o olho e vejo umas morenas...
O Valdívia de Jaciara é o mesmo Valdívia de hoje?
Ele mudou. Estou mais experiente, mais observador, mais inteligente. O Valdívia criança era doidinho. Eu sigo doidinho. Antes eu vivia fora de casa, jogando bola na rua. Já hoje fico dentro de casa. Eu era lindo, agora estou mais lindo ainda. Cabelo bonito, olho bonito, sorriso bonito... A mulherada gosta muito (risos). Mas sou um doidinho do bem. Um doidinho do bem e pegador, desde moleque.
Como analisa o seu momento?
A oportunidade aparece só uma vez. Ela apareceu e estou aproveitando. Estou bem, mas não estava bem dez jogos atrás. Muitas pessoas falaram que eu era peladeiro e tal, até parei de ver televisão por causa disso. Sei da minha qualidade. Hoje, felizmente, todos têm falado bem. Queria ouvir o que essas mesmas pessoas estão falando agora. A responsabilidade aumentou. Preciso do gol mais do que nunca agora. Dois ou três jogos sem gol é sinônimo de crise.
Você, como artilheiro do Internacional na Libertadores, com quatro gols, é a referência para o confronto desta quarta-feira com o Santa Fe. Preparado?
Com certeza. Quero ganhar, jogar a final e ser campeão da Libertadores. Quero muito. Sei da dificuldade, mas se Deus quiser vamos conseguir. Vai ser um jogaço contra o Santa Fé. Referência no ataque? Vou marcar bastante, rapaz. Fora de casa não podemos tomar gol. É segurar no primeiro jogo e partir para cima no Beira-Rio depois.
* Lancepress
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