
Dourado começou a brilhar. O volante esguio, de sorriso tímido, começou a mostrar a que veio. Passou nas provas como gente grande no grupo profissional. Mostrou no domingo passado, em Pelotas, a poucos metros de onde nasceu, o que o torcedor colorado pode esperar do seu futebol. Diante do Brasil-Pel, vestindo a camisa 13 do Inter, teve atuação de luxo na Boca do Lobo. Seguro, foi um dos responsáveis pela blitz sobre os xavantes no meio-campo e se destacou na vitória por 2 a 0.
Terá, a partir das 16h deste domingo, diante do Veranópolis, uma vez mais a chance de reafirmar o voto de confiança que recebeu da direção colorada no início de 2015, quando foi integrado ao grupo da pré-temporada.
Alan Ruschel protege Aguirre: "Todos têm sua parcela de culpa"
Dourado, 20 anos, pretende seguir à risca o conselho dado, à época, pelo gerente de futebol:
- Jorge Macedo disse que queria o Rodrigo no time principal, mas que não fosse apenas mais um. Era para subir e não descer mais - lembra o pai de Dourado, Claudiomir Cunha, o Bill, 56 anos.
Aliás, passar por testes e situações que exijam comprometimento não é novidade para o volante. O guri, desde os 12 anos, mora em Porto Alegre, longe dos pais, que residem em Pelotas. Optou pelo futebol na infância. Morava no alojamento do Beira-Rio até mudar-se para um apartamento no bairro Menino Deus, com vista para o estádio. Comemorou convocações para a seleção brasileira sub-15, sub-16 e sub-17. Guarda medalhas de campeão Sul-Americano sub-17 e vice pelo sub-15.
Wianey Carlet: clubes escondem seus garotos nos porões
O volante estreou no time principal naquele conturbado 2 a 2 com o Sport, pelo Brasileirão de 2012, sob o comando de Fernandão, quando o técnico concedeu a emblemática entrevista coletiva na qual acusou parte do time de viver "na zona de conforto" - Fernandão acabaria demitido antes do final do campeonato.
- Bah, aquele jogo foi difícil. Teve uma repercussão muito grande, por causa da entrevista do Fernandão. Foi muito bom para aprender. Eu era muito novo. Hoje, me sinto mais preparado para defender o Inter - conta Dourado.
Dourado chegou nas categorias de base do Inter aos 12 anos
Foto: ARQUIVO PESSOAL
Enquanto muitos de seus amigos ainda brincavam de jogar bola nas ruas de Pelotas, Rodrigo Dourado já fazia dos campos suplementares do Beira-Rio o seu local de trabalho. O volante de 1m86cm de altura agora vê ao longe o guri que começou no ano mais emblemático da história do Inter, o de 2006, e se orgulha da própria trajetória:
- Valeu o sacrifício. Estou desde o 12 anos fora de casa, perdendo infância e longe da família. Agora, estou colhendo os frutos.
Diogo Olivier: grupo do Inter não é esta maravilha toda que dizem
Dourado jogava futsal pelo Paulista, um time amador de Pelotas, quando foi convidado a realizar um teste para o futebol de campo, no Inter. Aprovado pelo clube, houve a necessidade de passar por um segundo teste, este bem mais difícil: obter o "sim" da mãe, Mara Lúcia.
- Foi difícil convencer a mãe dele. Rodrigo já queria muito jogar no Inter, tinha este objetivo. Na época, até pensamos em nos mudar para Porto Alegre. Mas acabávamos indo aos finais de semana visitá-lo - conta Bill.
Enquanto D'Ale encerra retreinamento, reservas treinam no CT
Ao que tudo indica, com Diego Aguirre, Rodrigo Dourado conseguirá estancar o efeito ioiô, o subir e descer, da base para os profissionais e vice-versa. Foi assim com Fernandão e com Dunga. Com Abel Braga, não. Porque o técnico ignorou Dourado e o manteve sempre no time de Clemer.
- Agora, ele está superfeliz. Quando Rodrigo entrou naquela partida com o Fernandão, tinha 17 anos para 18 anos. O momento do time era ruim. Fernandão gostava muito dele. Depois, não teve mais chances, ficou desiludido, pensou que não receberia novas oportunidades, até Aguirre chegar - lembra o pai do volante.
Wianey: Inter tem dois laterais precários que também são péssimos alas
Acompanhe as informações do Inter através do Colorado ZH. Baixe o aplicativo:

IOS
*ZHESPORTES