Ainda sem apresentar um futebol contundente, Diego Aguirre balança no comando do Inter. Se analisados somente os resultados, as campanhas na Libertadores e no Gauchão não são ruins. Porém, há contestação sobre o desempenho do time. Zero Hora convidou colunistas para opinar se o treinador deve ser mantido no cargo ou não. Confira abaixo:
VÍDEO: Alex sai em defesa do técnico do Inter: "Não demitiria Aguirre"
Diogo Olivier
Sim, deve ser mantido. A direção, quando o contratou, sabia de seus conceitos sobre futebol e métodos. Se está surpresa, há outro problema, mais acima na escala das hierarquias, que é o do planejamento e das convicções. O Inter segue sem vice de futebol, após a morte trágica de Luis Fernando Costa, por exemplo.
"Não posso deixar de notar que está faltando algo", diz Aguirre
Desde 2010 o Inter tem agido assim. Direção, jogadores, todos são perfeitos. Só o treinador é ruim. Técnicos de perfis diversos não conseguiram montar times confiáveis e regulares durante a temporada. Uns foram um tanto melhor, outros menos. Mas bom futebol mesmo, tirando um punhado de partidas, nenhum. Gauchão não conta, é claro.
Apenas reservas treinam e Aguirre não define Inter para domingo
Até Dunga, bom técnico, não sem motivo comandante da Seleção, fracassou. Caiu por não conseguir fazer o Inter jogar contra adversários melhores no Brasileirão. Com os antecessores de Aguirre se dizia que havia um grupo forte e, se muitos jogadores vão mal, então a culpa está na casamata. É uma falácia. O conjunto do Inter tem qualidade do meio para frente. A defesa é menos do que mediana. E não é de hoje.
O problema central não é o treinador. Ele é culpado pelo time vencer sem convencer, por se defender mal e se desorganizar com facilidade. Mas não toda a culpa. Talvez nem a maior parte. Que culpa tem Aguirre de lhe entregarem Leo ou Fabrício nas laterais? E de seus reservas não se credenciarem?
Que culpa tem Aguirre de a direção manter Juan ou investir em Anderson, que há oito anos não joga em nível de competição? Acreditar que só mudar o nome na casamata fará do Inter candidato ao título da Libertadores é pensamento mágico.
Wianey Carlet
Na entrevista coletiva que concedeu após o jogo contra o Avenida, Diego Aguirre fez a revelação definitiva. Disse que não conhecia os motivos que levam o time a não jogar bem. Foi admiravelmente franco, mas assinou o seu pedido de demissão.
Quando um médico não consegue apurar o diagnóstico, só existe um caminho a ser buscado: trocar de médico. Tenho tido com Aguirre a compreensão que merece um sujeito boa praça, seu caso. Porém, esgotou-se o espaço e o tempo para o uruguaio. O Inter joga mal, seja qual for o esquema tático que utilize.
O time não melhora independentemente da escalação. Os defeitos se reiteram e virtudes não aparecem. É uma pena, mas vejo como imprescindível a troca de treinador. O Inter precisa contratar um profissional que conheça as razões para os desempenhos insatisfatórios da equipe. Resumindo: ou o Inter troca de médico ou o paciente vai morrer.
Luiz Zini Pires
A insanidade ronda o futebol nos treinos, nos jogos, nas torcidas e nos comentários. Os mesmos que não aguentam mais os treinadores de sempre são os que pedem a cabeça do recém-chegado, do diferente, do que oferece outra cultura. Quem oferece meia temporada para que um jogador possa render algo mais, como Nilmar, é o cara que pede a demissão imediata do treinador depois de 60 dias de trabalho.
Na ausência de uma análise mais profunda, mais detalhistas, tudo se resume ao técnico. Parece que ele é o centro de tudo de ruim que acontece. Se ele for sacado, tudo muda, quase tudo vai melhorar.
O técnico não se move sozinho num clube. Tirá-lo do contexto mascara tudo. Claro que Diego Aguirre tem seus erros. Um deles, grave, é não ter definido uma equipe. Esquema não precisa. Técnico de um sistema só é pobre. É bom testar vários até achar o melhor. Aguirre é novo, não conhece a aldeia e nem seus habitantes. Então, faz experiências.
Mas que culpa tem Aguirre? O Inter só contratou jogadores a léguas da melhor forma física, que viveram parte de 2014 longe dos gramados e que, no terceiro mês da temporada, não conseguem correr 90 minutos.
Aguirre não fez o Inter jogar como o torcedor quer. Mas quem faria com o atual grupo? O problema é que todos esperam demais de um time que, pelo menos agora, é modesto e não pode oferecer muito. Nem Pep Guardiola daria jeito.
Mauricio Saraiva
Diego Aguirre faz um trabalho apenas regular, uma vez que está atrasado na formação de um time confiável depois de mais de três meses na temporada. Porém, é só até este ponto que me autorizo ir.
Não creio que caiba a mim na figura do comentarista pedir a cabeça de um profissional. Prefiro acreditar que o treinador colorado vai encontrar em tempo um conceito de futebol que concilie sua face mais ofensiva - com duas vitórias na Libertadores, diga-se - e a ideia conservadora de estratégia que habita as mentes que comandam o futebol no clube.
Se o melhor Inter não é aquele que ganhou de virada do Emelec no Beira-Rio, certamente também não é o que empatou contando com o acaso no Equador tentando trancar o bairro.
Ainda há tempo para Diego Aguirre chegar a esta síntese. Com isso, estou dizendo que vale a direção colorada manter o técnico e confiar no seu trabalho.
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