Os 11 meses de gestão Alberto Guerra representaram, até agora, um exercício de equilíbrio entre os resultados de campo e financeiros. Mas, desde que o time começou a oscilar, vendo o sonho do título brasileiro ficar mais distante a cada rodada, os cofres do Grêmio passaram a ocupar um espaço maior no noticiário.
No fim de semana passado, após a derrota para o São Paulo, no Morumbi, o tema ganhou amplitude na voz do técnico Renato Portaluppi. Ao defender a valorização do desempenho da equipe na temporada, o ídolo gremista citou que o projeto de redução da folha salarial fez com que o Tricolor tivesse um poderio menor se comparado aos adversários diretos na tabela.
— A gente está reestruturando o clube. Baixou R$ 4 milhões da folha, justamente pelos problemas que viemos tendo. Quem tem que ganhar o título brasileiro é quem investe mais. A responsabilidade maior é dos outros clubes. Nós não investimos porque não tínhamos condições. Chegam os momentos decisivos e você precisa ver o seu grupo em comparação com os outros — comentou.
Conforme apurou a reportagem de ZH, estes números citados pelo treinador levam em consideração o início da gestão, que tomou posse em meados de novembro do ano passado. Tanto que as cifras ainda não estão expressas no balanço recentemente divulgado aos conselheiros, que aponta R$ 113,5 milhões investidos no futebol profissional no primeiro semestre de 2023 (média mensal de R$ 18,9 milhões).
Além disso, a redução mais emblemática se deu entre março e julho, com as saídas de Thiago Santos, Diogo Barbosa e Lucas Silva, que juntos custavam acima de R$ 1 milhão mensais. Assim, com mais de 20 atletas tendo deixado a Arena desde o início do ano, os gastos com futebol profissional foram diminuindo de forma gradual.
Ao mesmo tempo, foram contratados 18 jogadores desde então. Alguns deles, como Pepê, Cristaldo e Carballo, com a ajuda de um investidor para cobrir os valores referentes às transferências. Porém, todos com salários inferiores aos anteriormente citados.
Um dos jogadores, aliás, consta nas duas listas: de chegadas e saídas. Trazido por empréstimo do Ceará em fevereiro, o meia-atacante Vina foi negociado em julho com o Al-Hazem, da Arábia Saudita, deixando R$ 1,5 milhão nos cofres gremistas.
— A folha agora é de R$ 12 milhões, incluindo todos os jogadores e comissão técnica. Quando pensamos em fluxo de caixa mensal, temos um valor para a folha salarial e a gente não pode tirar o Suárez de dentro desta folha. Claro que, quando se tem uma contrapartida em marketing, esses valores são abatidos. Mas ele está integralmente na folha do Grêmio —relatou o vice-presidente de futebol Antônio Brum, em entrevista à Rádio Gaúcha.
O teto de gasto mensal foi estabelecido para que o clube conseguisse manter os salários em dia. Por isso, todos os reforços trazidos na última janela não podiam extrapolar o limite imposto pela administração.
— A gente fez movimentos mais fortes na primeira janela, a necessidade de reformulação era maior. Na segunda, o Grêmio já não dispunha de muitos investimentos e fez os movimentos dentro de um planejamento financeiro que nos é passado, de atletas que se encaixariam nas características que a gente buscava, que estavam ao nosso alcance no mercado e se enquadravam na realidade financeira — explicou o dirigente gremista.
Quem chegou
- Goleiros: Caíque;
- Laterais: Fábio, João Pedro e Reinaldo;
- Zagueiros: Bruno Uvini;
- Volantes: Pepê e Carballo;
- Meias: Cristaldo, Vina*, Nathan, Gustavinho e Luan;
- Atacantes: Luis Suárez, Éverton Galdino, André Henrique, João Pedro Galvão, Iturbe e Lucas Besozzi.
*Foi contratado nesta temporada, mas já deixou o clube
Quem saiu
- Goleiros: Brenno e Adriel;
- Laterais: Guilherme Guedes, Thomas Luciano, Lucas Kawan, Rodrigo Ferreira e Diogo Barbosa;
- Volantes: Lucas Leiva, Darlan, Fernando Henrique, Thiago Santos, Lucas Silva e Bitello;
- Meias: Jean Pyerre, Thaciano, Pedro Lucas, Gabriel Silva, Campaz, Kauan Kelvin e Vina;
- Atacantes: Ricardinho, Guilherme Azevedo, Guilherme, Isaque, Diego Souza e Zinho.