O Grêmio vai ao Rio de Janeiro tentando repetir uma façanha. Depois de calar mais de 90 mil vozes na decisão da Copa do Brasil de 1997, o Tricolor terá novamente o Maracanã como palco de uma decisão contra o Flamengo. A necessidade de reverter a derrota por 2 a 0 da partida de ida exige um jogo do nível da atuação de 26 anos atrás.
Em 22 de maio de 1997, o Grêmio foi ao Maracanã precisando vencer ou empatar com gols para conquistar o tricampeonato inédito da Copa do Brasil após um 0 a 0 no Olímpico. E o Tricolor largou na frente logo aos 6 minutos, com João Antônio. Lúcio e Romário viraram para o Flamengo, mas Carlos Miguel, aos 42 do segundo tempo, marcou o gol do título — o gol fora de casa era critério de desempate.
Alguns elementos do cenário de 1997 não se repetem hoje. O Flamengo da época tinha jogadores de grife, como Romário, Sávio e Athirson. Mas o Grêmio também era uma equipe recheada de nomes consolidados. Danrlei, Arce, Rivarola, Roger, Carlos Miguel e Paulo Nunes eram protagonistas da equipe campeã da Libertadores e do Brasileirão nos anos anteriores.
O que expõe o tamanho da diferença de investimento atual. Enquanto Gabigol, Arrascaeta e Pedro são nomes de exceção na realidade brasileira, o técnico Renato Portaluppi tem um time com muitos jogadores em busca do protagonismo.
Uma das esperanças do Grêmio é fazer o fator local jogar a seu favor. A crise desencadeada após a agressão sofrida por Pedro pelo preparador físico Pablo Fernández contaminou o vestiário do Flamengo. Desde o episódio em Belo Horizonte, que resultou na demissão do profissional da confiança do técnico Jorge Sampaoli, o clube entrou em uma espiral de problemas. A eliminação na Libertadores para o Olimpia, no Paraguai, nas oitavas de final, escancarou a situação.
João Antônio, que abriu o placar na final do título gremista em 1997, acredita que o Grêmio tem de aproveitar essa situação. Um adversário em crise, mesmo com a vantagem de ter mais torcida no estádio, pode ser algo explorado para reverter a vantagem rubro-negra.
— Acredito na classificação pela minha história no clube. O Grêmio é assim. Sempre em busca do resultado, mesmo com adversidade. Tem condições de classificar, com certeza. Fez um jogo bom contra o Fluminense. O momento anímico do Flamengo é ruim. Sabemos o potencial e a grandeza deles, mas temos condições de reverter — disse o ex-volante.
Titular na defesa de 1997, Mauro Galvão também acredita que o Grêmio tem chances de voltar do Rio com seu objetivo alcançado. Mesmo que a decisão desta quarta parta de um grau de dificuldade maior do que ele enfrentou no passado.
— É possível reverter. Olhando de fora, o Flamengo tem um cenário melhor antes do início da partida. Mas as coisas podem mudar durante o jogo. O momento deles é muito tenso nas questões extracampo. Será um jogo com a torcida vaiando o time. Eles não estarão à vontade. O Grêmio tem de saber explorar — comentou.
Galvão também aposta que a reversão da desvantagem passa pelo ambiente que as duas equipes encontrarão no Maracanã. Como o momento do Flamengo é mais tenso, o caminho para o Tricolor tornar o fator local a seu favor é marcar um gol cedo.
— O Grêmio tem essa tradição de ser copeiro. O resultado em Porto Alegre foi surpreendente. A única coisa positiva para o Flamengo é o resultado da ida. O momento atual não é bom. Se o Grêmio fizer um gol no primeiro tempo, vai colocar muita dúvida no Flamengo — aposta.
Presidente do Grêmio em 1997 e agora patrono do clube, Cacalo entende que é possível fazer mais uma jornada épica no Maracanã. Basta reproduzir o mesmo nível de dedicação visto na virada do último domingo sobre o Fluminense:
— O Flamengo tem nos vencido ultimamente, mas, em 1997, nos fomos lá e ganhamos a taça. O momento deles não é bom. Acredito muito nesse time do Grêmio.