
O dia seguinte ao terremoto das mudanças no Grêmio também foi de rotina diferente na Arena. Começou ainda pela manhã, com a coletiva do presidente Romildo Bolzan para explicar a opção pela demissão de Roger Machado e as saídas de Denis Abrahão e Sérgio Vazques do departamento de futebol.
— A única coisa que combinamos é um compromisso para buscar o acesso. Não tem discussão e nada que possa fazer. É só tirar o que este grupo pode dar em um esforço total entre elenco, comissão técnica e direção para buscar o acesso. São 10 decisões na Série B — projetou Bolzan.
Mas só horas mais tarde é que foi possível perceber o real clima do vestiário. Os jogadores saíram do ônibus em silêncio, e assim cumpriram o percurso da garagem ao vestiário. Nenhum atleta parou para conceder entrevista, algo que aconteceu em todas as partidas do clube na Série B. Só o diretor-executivo Diego Cerri atendeu aos repórteres.
— Estamos acostumados com mudanças no futebol. Nesse momento, a opção do clube é iniciar um novo ciclo com a chegada do Renato. É importante você conseguir se adaptar rápido – disse o único dirigente remanescente do departamento de futebol.
A porta que separa o túnel de acesso ao vestiário e a zona mista da Arena dificilmente abafa os sons que costumam sinalizar a presença dos jogadores prestes a entrar no campo. Nesta sexta, não fez diferença. O silêncio marcou os momentos finais de preparação da equipe para o jogo contra o Vila Nova.
Até mesmo o trânsito de dirigentes e conselheiros foi menor. Da direção, apenas dois membros ingressaram no túnel que dá acesso ao vestiário. Carlos Amodeo, CEO do clube, apareceu no local antes do início da partida. Guto Peixoto, vice do conselho de administração, veio com a delegação acompanhando o presidente Romildo Bolzan.
O choque dos funcionários com as demissões foi tema comum nas conversas da véspera da partida. Para a maioria do estafe mais próximo ao futebol, foi o primeiro encontro desde o treino realizado no turno da manhã da última quinta-feira. Histórias sobre os bastidores das demissões tomaram conta da véspera da preparação.
Com bola rolando, o clima também foi diferente. Nenhum jogador foi vaiado. A torcida fez o possível para demonstrar apoio ao time dentro do campo. Uma mudança total do ambiente recente do clube, uma das justificativas apontadas por Bolzan como motivo da troca de comissão técnica.
— Não via erro no conteúdo no trabalho do Roger, mas o ambiente não dava segurança para o resultado. Você não sabe o quanto é ruim para o ambiente uma vaia antes do jogo. Isso é compreensível, mas atrapalha. Nós precisamos de ambiente de alegria para o jogo. Internamente, estávamos satisfeitos com o Roger, mas fizemos a mudança nesse sentido – disse.
Os gritos de "Renato, Renato" ganharam um novo sentido na saída para o intervalo e ao final da partida. Uma festa que o torcedor espera repetir por toda a quarta passagem do ídolo maior do clube. Pela frente, são "10 decisões" em busca do acesso.