
Após dois anos de decepções na Série B, o Cruzeiro encontrou um norte sob a gestão de Ronaldo Nazário. A Raposa, adversária do Grêmio no próximo domingo (21), passou a ser firme no cumprimento das novas premissas. No início do ano, a previsão era de investir cerca de R$ 5 milhões na folha de pagamentos. Com o controle nas mãos da nova direção, um corte de 60% foi determinado. Mas, em contrapartida, os salários e todos os compromissos com o departamento de futebol voltaram a ser realizados no prazo.
A reestruturação do futebol do Cruzeiro iniciou fora do gramados, antes dos primeiros movimentos dentro do campo aparecerem para a torcida. Com a compra da SAF por Ronaldo, o ex-centroavante assumiu o comando e protagonizou uma série de mudanças no clube.
Um destes movimentos foi a contratação de Pedro Martins para assumir como diretor-executivo de futebol. Formado em administração, e com passagens pelo Athletico-PR, Ferroviária e Queens Park Rangers-ING, Martins levou adiante as ideias do Fenômeno para o vestiário. A primeira era adequar o orçamento para garantir salários em dia.
– Ronaldo pediu que fosse feito um diagnóstico de toda a gestão. Começamos a tomar decisões financeiras, de baixar a folha salarial. O primeiro ponto era pagar os salários em dia. Mas também uma questão cultural. Se pensava internamente que apenas a camisa nos devolveria para a Série A. Implementamos a mentalidade de que só o trabalho nos levaria ao acesso – comentou Martins.
Por conta do sucesso da iniciativa, o Cruzeiro teve uma janela de transferências bem movimentada em agosto. O ataque teve atenção especial da direção para oferecer mais alternativas ao técnico Pezzolano. Chegaram mais quatro opções para o setor. Bruno Rodrigues veio do Famalicão-POR, Lincoln, do Vissel Kobe-JAP, Juan Christian foi emprestado pelo Azuriz e Stênio retornou de empréstimo do Torino.
O clube também viabilizou outras três contratações de jogadores que estavam no futebol europeu: o zagueiro Luis Felipe, ex-PSV, e os laterais Wesley Gasolina e Marquinhos Cipriano. Wesley veio da Juventus e Cipriano acabou liberado pelo Shakhtar Donetsk. Completando as listas de reforços, o volante Pablo Siles chegou do Athletico-PR, uma indicação direta do treinador uruguaio, e o meia Chay foi liberado pelo Botafogo.
Desde os primeiros passos de Pezzolano na profissão, suas equipes tem na intensidade a marca principal. Buscam o ataque e correm para proteger o próprio gol com a mesma vontade. A repórter Fiorella Pose acompanhou o início do técnico no Liverpool-URU. Sob comando do uruguaio, o clube passou a jogar com a bola no chão como regra. Desde a saída de jogo, a ordem do técnico era construir os lances de ataque contando com o envolvimento do goleiro no primeiro passe para os zagueiros. Além de atacar, os pontas também tinham responsabilidades defensivas.
– Com Pezzolano, o time queria ter a bola e chegar até a área do adversário. É uma equipe com ideias claras – comentou Fiorella.
– Quando começamos a pensar no perfil de treinador, pegamos uma diretriz da holding do Ronaldo: uma equipe agressiva, intensa e com liderança forte. O Pezzolano era o melhor candidato. Tem papel fundamental. Está completamente alinhado ao que que o clube pensa – enfatiza o executivo de futebol da Raposa.
Comentarista do SporTV em Belo Horizonte, Henrique Fernandes aponta que o Cruzeiro busca o protagonismo em todas as partidas que faz. Dentro ou fora de casa, a postura do time não é alterada.
– O ponto forte é a intensidade. É um time que joga qualquer partida com a entrega física máxima. Até por isso, tem uma facilidade grande em controlar os jogos. É comum ver o Cruzeiro ter mais posse, mais finalizações, mesmo fora de casa. Essa capacidade de jogar da mesma forma todos os jogos chama a atenção – conclui Fernandes.