O Grêmio errou. Da primeira à última rodada do Brasileirão, o Grêmio errou. Quando não foram as derrotas em campo (e houve 19, um turno inteiro), não faltaram problemas também fora dele.
Três treinadores, um de cada estilo. Duas gestões de futebol. Contratações fora de hora. Dispensas nas últimas semanas. Polêmicas. O time esteve na zona de rebaixamento de junho a dezembro. Para escapar justo na chance final, a missão é ingrata: de 27 combinações de resultados possíveis nos jogos dos quais depende o futuro tricolor, apenas uma serve. A partir das 21h30min, precisa ganhar do Atlético-MG e que Bahia e Juventude percam seus compromissos.
O cenário é improvável. Os cálculos falam em 94% de chances de terminar a noite na Série B do Brasileirão pela terceira vez. Mas Grêmio e matemática não são propriamente amigos. O Grêmio, certa vez, ganhou com sete jogadores em campo. Em outra, foi campeão e calou 90 mil no Morumbi. Em outra, mais 90 mil no Maracanã. Se for para levar em conta os números, que seja a favor.
— Enquanto houver chance matemática, temos de acreditar e lutar até o fim. O Grêmio me ensinou isso — ensina o histórico goleiro Danrlei, campeão de praticamente tudo usando azul, preto e branco.
A matemática gremista envolve alguns números. Para ficar na Primeira Divisão, precisará que todos os concorrentes estacionem em 43 pontos. Sobreviverá porque ganhou mais do que os demais. Isso significa que nem Juventude nem Bahia podem empatar seus compromissos.
Os tricolores gaúchos, nesta quinta-feira, serão também tricolores cearenses. E corintianos. Mas nada disso adiantará se não vier também uma vitória na Arena contra os reservas do campeão brasileiro.
— É uma missão difícil, mas a gente acredita até o final. O Grêmio fazer a parte dele já é um bom sinal e espera pela sorte — completa o eterno centroavante Jardel.
Danrlei e Jardel eram o começo e o fim de um esquadrão que um gremista declama como se fosse poesia: Danrlei, Arce, Rivarola, Adilson e Roger; Dinho, Goiano, Emerson e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel.
O de hoje é mais difícil e aqueles que a torcida mais gosta não estarão em campo: Geromel e Kannemann estão suspensos. Deveria sobrar Douglas Costa, um astro internacional, mas a postura nessa rodada final causou, no mínimo, um desconforto. Resta apoiar os desarmes de Thiago Santos, os dribles de Ferreira e os gols de Diego Souza. Mas a razão, todos, sabem, é outra.
— Acreditamos por um só motivo: as três cores. É o poder da torcida que pode mudar o dia. A energia positiva. Essa situação não é culpa nossa, da má administração, do péssimo esforço dos jogadores na temporada, do péssimo trabalho dos treinadores que por ali passaram. Mas a torcida, mesmo às vezes abandonada pelo clube, sempre esteve ali. É ela que vai fazer a diferença — disse o comunicador Rodrigo Adams, uma das vozes gremistas do Grupo RBS.
O que está em jogo nesta quinta é o Grêmio. E não mais os nomes ligados ao clube. O destino deu chance a um time que passou todo o campeonato rebaixado. A torcida pode salvá-lo.