Quando entrar em campo para enfrentar o Ceará, na reabertura do segundo turno do Campeonato Brasileiro, em 12 de setembro, o Grêmio terá completado 98 dias na zona de rebaixamento. Desde 6 de junho, quando foi realizada a segunda rodada, na qual não jogou em razão do adiamento do confronto o Flamengo, o Tricolor convive com a incômoda presença entre os quatro últimos da classificação. Ainda que tenha duas partidas do primeiro turno a disputar — essa contra o rubro-negro e outra com o Atlético-MG —, alguns números da campanha mostram a difícil tarefa de Felipão na missão de evitar o rebaixamento para a Série B.
Com apenas 16 pontos conquistados em 17 partidas, o Grêmio faz uma campanha inferior a 2004, quando foi rebaixado para a Série B. Naquela temporada, o time somou 18 pontos nos primeiros 17 jogos no campeonato disputado por 24 clubes. Quando encerrou o primeiro turno, após 23 rodadas, havia somado 26 pontos, um aproveitamento de 37,7%. O aproveitamento na edição de 2021 é de 31,4%, até o momento.
Desde que retornou para a Série A, em 2006, o Tricolor teve uma campanha tão ruim quanto a atual em 2010, quando também somou 16 pontos nos primeiros 17 jogos. O clube, porém, terminou aquele primeiro turno com 20 pontos. Para alcançar essa marca, o time de Felipão teria de obter uma vitória e um empate nos confrontos atrasados. Ou seja, se perder um dos jogos, terá feito o seu pior primeiro turno na história dos pontos corridos com 20 clubes. Outro número que chama a atenção é o de derrotas. O Tricolor jamais havia tido tantas derrotas, nove, em um primeiro turno desde seu retorno à Série A.
Essa campanha se torna mais decepcionante porque o Grêmio se acostumou a frequentar a parte de cima da tabela do Brasileirão. Nas últimas quatro edições, o Tricolor terminou na zona de classificação para a Libertadores — três no G-4 e uma no G-6. Neste ano, fora da fase de grupos da principal competição do continente, a expectativa era de um passo adiante com calendário mais livre para brigar pelo título. Tudo isso aumenta as incertezas sobre a capacidade de reação em meio a tantos problemas.
A melhorar
A reação do Grêmio no Brasileirão passa por um crescimento do setor ofensivo. Se com 18 gols sofridos o Tricolor tem a sétima melhor defesa, o ataque aparece como o segundo pior da competição — atrás apenas do Sport, que fez oito gols. O time gaúcho balançou as redes apenas 12 vezes em 17 jogos. Uma média de 0,70 por partida.
Os 12 gols foram marcados em 203 finalizações. Isso significa que o Grêmio precisa de quase 17 chutes para balançar as redes. A dificuldade nesse quesito aparece em outro dado. O Tricolor acerta apenas 32,02% dos seus arremates no alvo, o pior aproveitamento entre os 20 clubes da Série A.
Isso não ocorre apenas por deficiência no fundamento de finalização dos atacantes, mas também porque o Grêmio tem criado poucas boas situações para esses chutes. O site Sofascore faz um levantamento sobre as "grandes chances" do Brasileirão e o Tricolor aparece com apenas 21 criadas em 17 jogos — é o quinto pior nesse quesito. Ou seja, sem situações ideais para finalizar, os atletas gremistas acabam muitas vezes fazendo arremates com baixa chance de sucesso.
Para escapar do rebaixamento
Atualmente, o primeiro clube fora da zona de rebaixamento é o Bahia, com 18 pontos (33,3% de aproveitamento), o mesmo que o América-MG, que está no Z-4. Em razão disso, a projeção para evitar a queda para a Série B no momento deve ser feita em cima dos 19 pontos, o que representa 35% de aproveitamento ao final do Brasileirão. Isso resulta em uma necessidade de 40 pontos para ficar fora do Z-4. Com 16, o Grêmio precisaria somar mais 24, o que seria possível, por exemplo, com oito vitórias nos 21 jogos que restam — venceu quatro em 17 até então.
No entanto, o histórico do Brasileirão mostra que os times costumam melhorar suas campanhas no segundo turno. Como exemplo, em 2020, o Botafogo terminou o primeiro turno em 16º lugar com aproveitamento de 35,5%. No final da competição, o Vasco foi rebaixado tendo conquistado 36% dos pontos.
Na era dos pontos corridos com 20 clubes (desde 2006), 40 pontos só foram suficientes para evitar a queda em duas oportunidades, o Palmeiras em 2014 e o Ceará em 2019. Ou seja, a tendência é de que o Grêmio precise somar, pelo menos, mais 25 pontos para garantir a permanência na Série A do Brasileirão.
Fatos do Tricolor
- Segundo pior ataque do Brasileirão, com 12 gols marcados. Média de 0,70 por partida.
- Finalizou 203 vezes. Precisa de 16,91 chutes para fazer um gol.
- Acertou apenas 32,02% dos chutes no alvo, pior aproveitamento entre os 20 clubes da Série A.
- Nove derrotas no primeiro turno, seu número mais alto na era do Brasileirão de pontos corridos com 20 clubes (desde 2006).
- Esteve na zona de rebaixamento em 18 das 19 rodadas do Brasileirão.
- Permaneceu na lanterna por oito rodadas.
- Com 18 gols sofridos, tem a sétima melhor defesa do Brasileirão.
- Douglas Costa e Ferreira aparecem empatados como segundo jogador com maior média de dribles no Brasileirão, de 3,3 por partida. Eles estão atrás apenas de Arrascaeta, do Flamengo (3,9).
- Ferreira é o terceiro jogador com maior média de finalizações por partida, 3,1 por jogo. Atrás de Marinho, do Santos, (3,8) e Hulk, do Atlético-MG (3,6).
- Miguel Borja é o artilheiro do Grêmio, com três gols.
- Matheus Henrique, vendido ao Sassuolo, é o jogador do Grêmio com maior média de passes no Brasileirão, 53,6% por jogo.