O caminho para o Grêmio se livrar da zona de rebaixamento passa pela melhora do seu ataque. Após 14 jogos, o Tricolor é o segundo time de pior aproveitamento ofensivo no Brasileirão, com apenas nove gols marcados. Fica à frente somente do Sport, que balançou as redes adversárias oito vezes. Mesmo a lanterna Chapecoense, que ainda não venceu no campeonato, marcou mais do que os gaúchos.
Além dos números negativos, outro fato preocupa na equipe gremista. Dos nove gols, apenas um foi resultado de uma trama coletiva, com troca de passes de pelo menos três jogadores no campo de ataque. Isso ocorreu contra o Santos, na sexta rodada, quando empatou em 2 a 2.
No lance, Victor Bobsin acionou Ferreira, que tocou para Diego Souza. O centroavante abriu no lado direito para Rafinha, e este cruzou na esquerda para Bobsin escorar trás. A bola encontrou Diego Souza livre na linha da pequena área para completar para o fundo da redes.
As outras oito vezes em que o time marcou foram em contra-ataques, como contra o América-MG e o próprio Santos, ou em bola parada, como contra Fluminense e São Paulo. O Grêmio ainda chegou ao gol em chute de longe, com Alisson, contra a Chapecoense, após passe de Darlan partindo do círculo central. Contra o Ceará, Vanderson passou por dois marcadores sozinho antes de tabelar com Matheus Henrique.
Comentarista do Grupo RBS e colunista de GZH, Diogo Olivier acredita que o problema tricolor esteja na estratégia de priorizar sempre a defesa, o que se refere como "formula do fechar a casinha". Na visão de Olivier, a equipe não sabe o que fazer quando tem a posse da bola.
— O Grêmio está exageradamente apegado a esta questão (de defender-se), e isso passa para todos os jogadores. O time está preocupado só em defender e não se preocupa com a outra parte do jogo. Se fecha e, quando tem a posse, não ataca porque está todo mundo atrás da linha da bola — opina.
Para melhorar a questão ofensiva, o clube foi ao mercado. Já anunciou o volante Villasanti, apontado como substituto de Matheus Henrique no setor de meio-campo, e o centroavante Miguel Borja. Além disso, trabalha para fechar com o meia-atacante Jaminton Campaz, colombiano de 21 anos revelado pelo Tolima, e espera pelo retorno de Ferreira, lesionado.
Olivier não acredita que a chegada de outras peças seja suficiente para que os problemas de criação sejam resolvidos. Defende que é preciso mudar a mentalidade coletiva para que a bola volte a entrar com mais tranquilidade na Arena.
— Não vai adiantar chegar Campaz e Villasanti que os dois vão fazer o time jogar, criar muito mais, se todos os outros estiverem com a ideia de defender. Tu podes jogar com um time de reação, mas não só por uma bola. O Grêmio está sempre pensando em se defender, ao ponto que daqui a pouco não vai mais ter o cacoete de agredir.
Se é preciso uma mudança de mentalidade, na próxima quarta-feira (18) o Tricolor tem o desafio ideal para isso: fora de casa, enfrenta o Cuiabá em jogo atrasado pela quinta rodada. O time do Mato Grosso é o primeiro fora da zona de rebaixamento e adversário direto dos gaúchos na briga contra a Série B. A hora de tentar ser mais criativo é agora.