Alguém postou nas redes sociais a frase que resume o momento da dupla Gre-Nal: a alegria do gremista é ver o Inter jogar, a alegria do colorado é ver o Grêmio jogar. Essa semana, então, foi o fundo para os dois times. Dos oito brasileiros que disputaram as oitavas de final de Libertadores e Sul-Americana entre terça e quinta-feira, só os representantes de Porto Alegre foram eliminados (falta ainda o Fluminense, que já tem uma vantagem confortável).
Mas o que explica tamanha queda? Os dois clubes foram vice-campeões brasileiros há pouco mais de cinco meses (Inter do Brasileirão, Grêmio da Copa do Brasil), investiram para reforçar os times e praticamente não perderam peças, têm estruturas de primeira e contam com atletas importantes no cenário sul-americano, e até mundial. Elencamos quatro problemas a serem resolvidos pelo Grêmio.
OS PROBLEMAS TRICOLORES
1 Troca de técnicos e falta de convicções dos dirigentes
Depois de mais de quatro anos com Renato Portaluppi na casamata, o Grêmio voltou a conviver com trocas no comando da equipe, o que mostrou dificuldade da direção na tomada e acerto de decisões. Inicialmente, Renato teve seu contrato renovado no começo de março até o final de 2021 e a saída definida no mês seguinte. A demissão do ídolo foi discutida após a eliminação na fase preliminar da Libertadores e não era consenso na direção, mas gerou um incômodo no treinador que levou ao rompimento do contrato em comum acordo.
Tiago Nunes foi definido como substituto após mudanças também no departamento de futebol com Marcos Herrmann assumindo como vice-presidente e Diego Cerri, posteriormente, como executivo. Uma arrancada com sequência de vitórias e o título do Gauchão não foram suficientes para a manutenção de um trabalho a longo prazo. O Grêmio fez seu pior início de Brasileirão na era dos pontos corridos e a demissão de Tiago acabou sacramentada apenas 74 dias de sua chegada à Arena, a passagem mais curta de um técnico no clube desde 2011.
A avaliação interna foi de que a saída de Renato deixou uma lacuna não preenchida na gestão do grupo. Em razão disso criou-se a ideia de que era necessário um treinador com perfil de liderança. Novamente não houve um consenso inicial na direção até que Luiz Felipe Scolari foi escolhido.
Felipão alcançou duas vitórias e não sofreu nenhum gol nos primeiros três jogos, mas a perda de invencibilidade veio justo quando não podia, contra a LDU, o que levou a eliminação na Sul-Americana. Neste sábado, diante do América, justo no jogo de número 300 do Grêmio na Arena, ele tentará conduzir o time a acabar com um jejum de seis jogos sem vencer em casa, a pior sequência na nova casa gremista.
2 - Contratações
O Grêmio iniciou a temporada prometendo um maior aproveitamento da base e a realização de contratações pontuais. De certa forma, isso foi cumprido. O clube trouxe até o momento apenas três reforços. O primeiro deles foi Rafinha, o que já gerou uma situação embaraçosa porque o presidente Romildo Bolzan Jr. chegou a se declarar publicamente contrário à vinda do jogador, mas acabou convencido por Renato. O lateral não tem tido bom desempenho com a camisa gremista e virou reserva de Vanderson nos últimos jogos.
Outra contratação foi a do volante Thiago Santos, que, apesar da desconfiança inicial gerada, se afirmou rápido como titular e só está fora da equipe por lesão. O terceiro e o último reforço contratado até agora é Douglas Costa. Esse, sim, um nome indiscutível, mas que ainda não deslanchou. O camisa 10 teve sua entrada na equipe apressada em razão do mau momento no Brasileirão e ainda não entregou gol nem assistência.
A liberação do jogador para viajar a Punta Cana, na República Dominicana - acordada anteriormente com a direção - gerou polêmica na torcida já que ele ficou fora da partida contra a LDU, que definiu a eliminação do Grêmio na Sul-Americana.
3- Queda de desempenho de jogadores importantes
A queda coletiva do Grêmio veio acompanhada de desempenho aquém do esperado de diversos atletas importante. Até o mesmo os antes incontestáveis Geromel e Kannemann oscilaram no começo do Brasileirão ainda tenham subido de desempenho desde a chegada de Felipão. Maicon vem sofrendo com uma série de problemas físicos e não joga desde o começo do mês passado. No meio, Jean Pyerre e Matheus Henrique não atingiram o nível esperado em 2021. No ataque, os destaques na conquista do Gauchão, Diego Souza e Ferreira, produziram pouco desde que voltaram do isolamento por conta da covid-19. Além disso, o Tricolor tem sofrido para encontrar um nome para a lateral-esquerda e um atacante que possa compensar os problemas com Diego Souza e Ferreira.
4 -Preparação física
A preparação física foi apontada como um dos problemas do Grêmio na temporada de 2020. Em razão disso, o clube dispensou Márcio Meira logo depois da decisão da Copa do Brasil contra o Palmeiras. Para o seu lugar foi contratado Reverson Pimentel, que estava no Bragantino. Esse processo ainda foi atrapalhado por dois surtos de covid-19 no elenco, o primeiro logo na reapresentação dos jogadores após um período de férias entre os confrontos com Ayacucho-PER e Independiente del Valle, pela Pré-Libertadores. De acordo com especialistas, uma mudança na preparação física de um elenco costuma demorar de 45 a 60 dias para ter um resultado notável na performance. Dentro desse prazo, o clube teve o outro surto de covid, quando chegou a ter 15 jogadores afastados dos treinamentos, um fator que foi aprontado para a queda de desempenho que não pôde ser recuperada ainda quando o time era comandado por Tiago Nunes.