Natural de Santa Maria, Tiago Nunes conhece muito bem a aldeia. Ele não foi apresentado à rivalidade Gre-Nal durante as finais do Gauchão, quando encarou dois clássicos para se sagrar campeão estadual. Aliás, se havia alguma dúvida sobre o profissionalismo do treinador, ela já havia caído por terra em 2019, quando conquistou a Copa do Brasil, com o Athletico-PR, em pleno Beira-Rio.
Ainda assim, seus feitos como técnico não impediram que, ao ser anunciado como novo técnico do Grêmio, no dia 21 de abril, surgissem fotos nas redes sociais em que ele supostamente aparece, ainda jovem, com a camisa colorada. De forma leve, ele comentou o caso:
— Eu costumo brincar com meus amigos que todo mundo já teve uma paixão de escola quando era criança, mas o amor de verdade vem com a maturidade. E eu, como profissional do futebol, aprendi a amar os clubes onde trabalhei. Então, isso não me incomoda, mas incomoda os meus familiares. Deveria ser algo rotineiro, porque todos que nasceram no Rio Grande do Sul são identificados com Grêmio ou Inter, ou já foram em algum momento. Eu sou identificado com a minha família, que é Tiago Nunes Futebol Clube. Sou identificado com o clube onde estou. Hoje eu estou no Grêmio e tenho investido todas as minhas energias aqui, porque é o clube que sustenta minha família e que me oportuniza grandes saltos. Enquanto eu estiver aqui, vou dar sangue para dar o melhor a este clube.
De fato, muito antes de estourar no futebol paranaense, Tiago Nunes já havia vestido o abrigo tricolor. Em 2013, o técnico comandou o time sub-15 do Grêmio e ajudou, inclusive, a dar início à implementação de uma nova filosofia de jogo no clube. Curiosamente, ele próprio veio a colher alguns destes frutos agora, na Arena.
Hoje eu estou no Grêmio e tenho investido todas as minhas energias aqui, porque é o clube que sustenta minha família
TIAGO NUNES
técnico do Grêmio
— Era um momento em que o Grêmio tentava deixar para trás aquela cultura tão enraizada de um jogo de força e imposição física, dando prioridade a jogadores até mesmo com uma maturação mais baixa, mas com potencial técnico maior. Trabalhei com atletas, como o Darlan, Jean Pyerre, Lincoln, entre outros. Brinco que, na maior parte dos jogos, eu sentava no banco de reservas, assistia e aplaudia os meninos. Então, retorno agora e reencontro os atletas que fizeram parte daquela geração, com o Grêmio consolidado, com uma ideia clara de jogo. Um time que se difere um pouco daquele time campeão da década de 1990, de muita força e velocidade, e que tentamos dar sequência ao que foi construído, mas sem perder a essência de uma equipe competitiva, que é a base do futebol tricolor desde sempre — recordou ele.