O Grêmio chega ao Gre-Nal 430 defendendo uma invencibilidade de 14 jogos contra o Inter na Arena. A última — e única — vitória colorada na casa gremista foi em 30 de março de 2014, por 2 a 1, pelo jogo de ida da final do Gauchão daquele ano. De lá para cá, tudo ficou azul no bairro Humaitá. Portanto, há exatos sete anos, o Tricolor não perde para o rival em casa.
— Logo que a Arena foi inaugurada, perdemos um Gre-Nal com dois gols do Rafael Moura, o "He-Man". Então, é muito legal que, depois disso, a gente tenha se firmado. Acho bárbaro. Agora (sábado) temos que ganhar de novo ou, no mínimo, empatar. Não podemos é interromper essa série para chegarmos aos 15 jogos — avalia o ex-presidente Duda Kroeff, que hoje compõe o Conselho de Administração do clube.
Aliás, o dirigente viu de perto a construção desta invencibilidade. Embora os números favoráveis ao Grêmio tenham sido turbinados a partir da chegada do técnico Renato Portaluppi, o pontapé inicial foi dado anteriormente, ainda em 2014, quando Duda era vice-presidente de futebol. Pelo segundo turno do Brasileirão daquele ano, o time de Felipão fez 4 a 1 no Inter. Desde então, conquistou seis vitórias e empatou oito vezes, marcando 20 gols e sofrendo apenas quatro.
Pois nesta série invicta, nenhum jogador marcou mais vezes do que o meia-atacante Luan, hoje no Corinthians. Ele balançou as redes três vezes no clássico dentro da Arena, seguido por outros dois atletas que anotaram duas vezes e também já não estão mais no clube: Fernandinho e Alan Ruiz. Outro dado que impressiona é o número de cartões. Nos últimos 14 Gre-Nais no estádio gremista, foram distribuídos mais de 100 cartões. O Grêmio levou 33 amarelos e oito vermelhos, enquanto o Inter teve 55 amarelos e 12 expulsões.
Por fim, graças ao empate por 1 a 1, ocorrido no dia 3 de outubro de 2020, pela 13ª rodada do Brasileirão, o Tricolor alcançou 14 clássicos sem perder como mandante para o tradicional adversário. O feito supera a antiga marca do time colorado apelidado de Rolo Compressor que, entre maio de 1940 a maio de 1946, enfileirou 12 partidas nos Eucaliptos e Timbaúva. Antes disso, o recorde gremista pertencia à geração de Eurico Lara, Foguinho e Luiz Carvalho, invicta por 11 confrontos no Fortim da Baixada, de agosto de 1928 a agosto de 1933.
— Não tinha me dado conta que era uma coisa histórica assim. Esses recordes super antigos são bonitos, mas precisam ser quebrados. O momento atual é o que realmente interessa — avalia o dirigente.
A marca é tão significativa que nem mesmo um dos jogadores mais vestiu a camisa do Grêmio na história conseguiu alcançá-la. O ex-ponta-esquerda Loivo disputou 426 jogos pelo clube, é o sétimo na lista dos que mais atuaram como atleta gremista. Para ele, essa invencibilidade tem muita relação com a identificação da torcida com a equipe, que voltou a conquistar títulos expressivos nos últimos anos. Neste sábado (3), porém, o fator arquibancada não estará presente para ajudar o Tricolor.
— Esse número é expressivo, claro. Muito difícil de alcançar. O mandante sempre teve o favoritismo, mas agora isso não vai pesar tanto porque não tem torcida nos estádios. Na época em que eu jogava, não tinha tantos Gre-Nais, era só um ou dois por ano, porque era praticamente só pelo Gauchão. Jogar um Gre-Nal é muito marcante, e uma série invicta dessas é algo importante. Espero que o Grêmio aumente ainda mais essa série — diz o ex-jogador, que em 2019 foi eternizado na calçada da fama do clube.
De uma forma ou outra, a atual geração de gremistas está vendo a história acontecer em sua frente. O embate do fim de semana servirá para saber se a conta continua em aberto.