O presidente Romildo Bolzan prometeu que o Grêmio faria contratações pontuais para a temporada de 2021, e a primeira foi o volante Thiago Santos. Depois de tentar repatriar Rafael Carioca e Jaílson, o Tricolor encontrou no Dallas FC, dos Estados Unidos, aquele que acreditava ser a solução para um problema diagnosticado ainda pelo técnico Renato Portaluppi: a falta de um homem de marcação no meio-campo. E foi com esse discurso que o jogador bicampeão brasileiro pelo Palmeiras chegou a Porto Alegre.
— Não adianta me cobrar para fazer gol. Eu vim para cá para ajudar a defesa e dar mais liberdade para os meias e atacantes. Isso pode cobrar de mim: luta toda hora, combate e raça dentro de campo — disse em sua primeira entrevista como atleta gremista.
E, embora a amostragem seja pequena, os números revelam que a promessa de Santos vem sendo cumprida nas primeiras aparições com a camisa do Grêmio. Foi titular em cinco jogos desde que chegou, e em três oportunidades terminou como o líder de desarmes da partida.
Foi o que ocorreu nesta quinta-feira (29), quando acabou a vitória sobre o Lanús com seis roubadas de bola e ainda apareceu na área para dar assistência ao gol de Ferreira.
— Thiago Santos, neste padrão de performance, ajuda Matheus Henrique e Jean Pyerre. Foi beneficiado também (contra o Lanús) pelo retorno de Geromel que, por sua vez, se beneficiou da presença do volante. O círculo virtuoso se estabeleceu a partir do desempenho dele — analisa Mauricio Saraiva, comentarista da Rádio Gaúcha e da RBS TV.
Corroborando com o que apontou Saraiva, a atuação do camisa 5 parece ter dado também mais liberdade a Matheus Henrique, seu parceiro de função, que saiu de campo aos 39 minutos do segundo tempo como líder de passes certos — foram 60 em 64 tentativas.
Campeão brasileiro, da Libertadores e do Mundial com o Grêmio nos anos 1980, o ex-volante China também acredita que a presença de um "volantão" no meio-campo fará com que jogadores como Matheus e Jean Pyerre tenham mais liberdade para contribuir na armação das jogadas.
— O Matheus Henrique vai crescer muito mais a partir do momento em que ele perceber que tem esse suporte. O próprio Jean Pyerre vai ter uma desenvoltura melhor. Essa chegada dele (Thiago Santos) vai mudar a cara do Grêmio, vai voltar a ser um time mais copeiro. E mesmo assim vai continuar sendo propositor, porque tem jogadores de muita qualidade técnica para trabalhar a bola — opina.
China acredita que o ex-palmeirense devolve ao clube uma característica que fazia falta. Para ele, o esquema com dois atletas de qualidades mais ofensivas, como era quando Matheus tinha a parceria de figuras como Maicon, Darlan e Lucas Silva, tornava o jogo gremista previsível.
— Eu achei que essa modificação que foi feita recentemente, com outro estilo de volantes, foi muito interessante. Mas ficou um pouco manjado, o Grêmio perdeu um pouco a identificação. Os times já sabiam que o Grêmio rodava muito a bola, e volta e meia pegavam os volantes fora do lugar. Esse jogador mais posicional dá maior segurança para os zagueiros e para a subida dos laterais — aponta ele.
Em seu começo de passagem pelo Tricolor, Thiago Santos apresenta credenciais que o fizeram passar das 170 partidas com a camisa do Palmeiras. Em São Paulo, contribuiu para as conquistas dos Brasileirões de 2016 e 2018. O primeiro toque no meio e às chegadas na frente, como a que gerou assistência para o gol da vitória em La Fortaleza, também eram vistos no Verdão.
— Ele tinha essa função de ser um cão de guarda, marcador. Sempre foi muito bem nisso, e evoluiu bastante na saída de bola, melhorou muito nesse fundamento. Mas sempre teve como principal característica a marcação, para poder justamente liberar outros jogadores. No título brasileiro de 2016, ele jogava mais nas partidas fora de casa, porque o Cuca gostava de um time mais ofensivo como mandante — conta o repórter Leandro Boudakian, setorista palmeirense na Rádio Transamérica.
Apesar de pouco conhecido do público gaúcho antes de ser anunciado pelo Grêmio – nas redes sociais, torcedores chegaram a fazer campanha contra sua contratação –, o volante era querido por boa parte da torcida alviverde. E um dos favoritos de um ídolo tricolor.
— O Felipão adorava ele. E a torcida também adorava, porque era um cara de raça, bastante comprometido e que até fazia uns golzinhos de cabeça às vezes — revela.
Com a situação bem encaminhada na Copa Sul-Americana, Thiago Santos e o Grêmio voltam a campo no domingo (2), contra o Caxias, pela primeira partida da semifinal do Gauchão. O Tricolor vai em busca do tetracampeonto, enquanto o volante, que parece ter garantido um lugar no time, tenta o primeiro título pelo novo clube.
Os desarmes de Thiago Santos
Pelo Gauchão
Caxias 0x0 Grêmio:
- Desarmes do time: 8
- Desarmes de Thiago Santos: nenhum
Grêmio 3x1 Novo Hamburgo
- Desarmes do time: 18
- Thiago Santos: 6
Ypiranga 2x3 Grêmio:
- Desarmes do time: 13
- Desarmes de Thiago Santos: 3
Pela Copa Sul-Americana
Grêmio 2x1 La Equidad
- Desarmes do time: 7
- Desarmes de Thiago Santos: nenhum
Lanús 1x2 Grêmio:
- Desarmes do time: 23 (melhor marcada do time na temporada)
- Desarmes do Thiago Santos: 6