Depois de dois anos e quatro meses, o Grêmio voltou a sentir o sabor amargo de uma derrota em Gre-Nal. A virada sofrida nos minutos finais do clássico disputado no Beira-Rio, no último domingo (24), afastou o Tricolor da briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Com 11 pontos atrás do Inter, que é o líder, o time de Renato Portaluppi precisa deixar as insatisfações com a arbitragem de lado para reagir na competição e, pelo menos, garantir a vaga na Libertadores de 2021. Também será necessário reencontrar o bom futebol para a final da Copa do Brasil diante do Palmeiras.
O cenário atual lembra o vivido pelo clube em sua última derrota para o maior rival, em setembro de 2018. Naquela ocasião, o triunfo também deixou o Inter na liderança do Brasileirão enquanto o Tricolor, em quinto, se afastava da briga pelo título. O tempo para a reação foi curto. Nove dias depois, o Grêmio foi à Argentina enfrentar o Atlético Tucumán e conquistou uma vitória que encaminhou a classificação nas quartas de final da Libertadores. O tetra da América não veio, mas a equipe mostrou força no confronto de semifinal com o River Plate decidido nos minutos finais, com o pênalti cometido por Bressan.
No Campeonato Brasileiro, foram três vitórias seguidas depois da derrota para o Inter. Resultados que ajudaram o Grêmio a recuperar fôlego para chegar ao final da competição dentro de G-4, com a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores do ano seguinte.
Ex-jogador e treinador gremista, Edinho conhece bem a rivalidade Gre-Nal. O ex-zagueiro acredita que o fato de o Tricolor ter vindo de uma longa invencibilidade diante do Inter ajuda para que a pressão da derrota não afete o ambiente.
— Normalmente é muito difícil assimilar uma derrota para o rival. Nesse caso específico, porém, como o Grêmio vinha de uma invencibilidade, creio que não deve haver muita repercussão. Uma hora isso iria acontecer, é normal. Não foi um Gre-Nal no qual o Grêmio chegou sob pressão pela vantagem recente. Não deve ter muito trauma, até porque ainda tem uma disputa na parte de cima da tabela do Brasileirão e a final da Copa do Brasil ali na frente — aponta Edinho.
Também ex-zagueiro e companheiro de Renato Portaluppi nos títulos da Libertadores e do Mundial em 1983, Jorge Baidek avalia que as falhas do Grêmio que permitiram a virada no Gre-Nal aconteceram por falta de atenção. Esse é um ponto a ser cuidado nos próximos jogos.
— O Grêmio não fez um Gre-Nal ruim. Não foi tão bom o primeiro, mas melhorou no segundo tempo, deu um ritmo maior ao jogo e fez o gol. Poderia até ter feito o 2 a 0 e, talvez, não esperasse o Inter tão forte mentalmente para buscar a virada. Aconteceram alguns descuidos que proporcionaram isso — analisa Baidek.
O fato de Renato Portaluppi ter um trabalho longo e conhecer bem o elenco é visto com um ponto positivo para identificar os problemas e também passar confiança para os jogadores. Em razão disso, Edinho acredita que o treinador não deve fazer mudanças no time por conta do resultado ruim no clássico.
— O Renato já passou dessa fase de pressão. Ele tirou toda a pressão das suas costas com bons resultados que teve até agora. Ele sabe perfeitamente defender os jogadores. O Grêmio tem mexido no time por questões físicas em alguns momentos. Penso que pode acontecer isso. Se puder, ele vai com os mesmos atletas para eles terem a oportunidade de dar a volta por cima — projeta Edinho.
Dos jogadores que iniciaram o Gre-Nal de domingo, o zagueiro Geromel, que sofreu uma lesão ligamentar no tornozelo esquerdo e está fora do restante da temporada, é o único que não está à disposição de Renato Portaluppi para enfrentar o Flamengo.
Boa resposta após eliminação para o Santos
O Grêmio teve de lidar com um trauma recente na temporada com a eliminação na Libertadores com goleada por 4 a 1 para o Santos nas quartas de final. Naquele momento, a derrota ligou o alerta para a semifinal da Copa do Brasil contra o São Paulo, quando o Tricolor conquistou uma vitória na Arena e garantiu a vaga para a decisão com um empate sem gols no Morumbi.
Para o ex-zagueiro Baidek, isso é mais um motivo para o torcedor confiar em uma rápida recuperação da derrota no Gre-Nal.
— Penso que a direção e a comissão técnica têm sintonia para tomar as melhores decisões. O Renato conhece bem o grupo e vai saber como lidar com isso. O Grêmio também não pode pensar só na Copa do Brasil. Mesmo que não dê para ser campeão do Brasileirão, o Grêmio precisa buscar os pontos para alcançar a melhor posição possível, até porque o tamanho da premiação depende disso. Mas a direção e o Renato sabem bem disso — cita.
Depois de encarar o Flamengo, o Grêmio irá a Curitiba enfrentar o Coxa no domingo (31). O Tricolor ainda tem os compromissos contra Santos, na Arena, e Botafogo, no Rio de Janeiro, antes do dia 11 de fevereiro, data na qual será disputada a primeira partida da final da Copa do Brasil caso o Palmeiras perca a decisão da Libertadores para o Santos. Se o Alviverde for campeão continental, as finais da Copa do Brasil serão jogadas em 28 de fevereiro (Porto Alegre) e 7 de março (São Paulo).
Cinco jogos após última derrota em Gre-Nal (2018)
- Grêmio 2 x 0 Paraná (Brasileirão)
- Atlético Tucumán 0 x 2 Grêmio (Libertadores)
- Grêmio 3 x 2 Ceará (Brasileirão)
- Fluminense 0 x 1 Grêmio (Brasileirão)
- Grêmio 4 x 0 Atlético Tucumán (Libertadores)
Cinco jogos após a eliminação para o Santos na Libertadores (2020)
- Sport 1 x 1 Grêmio (Brasileirão)
- Grêmio 1 x 0 São Paulo (Copa do Brasil)
- Grêmio 2 x 1 Atlético-GO (Brasileirão)
- São Paulo 0 x 0 Grêmio (Copa do Brasil)
- Grêmio 2 x 1 Bahia (Brasileirão)