A saída de Pepê do Grêmio parece ser inevitável ainda neste ano. Mas a preocupação da torcida, e até mesmo do técnico Renato Portaluppi, é saber se Ferreira já está pronto para suprir a falta que o atacante fará na equipe tricolor.
O comandante gremista tem intercalado ambos no time principal e acionando Ferreira quando necessário ao longo das partidas, mas o jovem ainda não está firmado no time de Renato.
Diante deste cenário, GZH consultou seus colunistas para responder se o atleta está realmente pronto para ser substituto de Pepê. Confira as opiniões:
O conceito de "jogador pronto" no futebol é relativo e depende de uma série de fatores — alguns, inclusive, alheios ao campo. Quando falamos de um jovem jogador, como o Ferreira, não há outra maneira de se tornar um jogador pronto que não jogando. Trabalhar a questão emocional, entender o que representa uma titularidade em um time como o Grêmio e ter a noção da responsabilidade de ser o sucessor em uma posição que já teve Pedro Rocha, Everton e agora Pepê, requer maturidade e comprometimento. Aspectos importantes que, por vezes, acabam sendo desprezados, mas que são fundamentais na formação de um atleta. Ferreira possui o principal: talento. E só estará pronto se começar a jogar, o quanto antes.
Ferreira ainda não está no ponto em que Pepê estava quando assumiu o lugar de Everton. Não é para menos. A sucessão se deu depois de três anos de transição entre o banco e o campo. Ferreira, não podemos nos esquecer, estava com um pé fora o Grêmio em março de 2019. Só ficou porque seu empresário, Pablo Bueno, pediu mais uma oportunidade. Depois disso, Ferreira decolou no sub-23 e chegou ao time principal no final daquele ano. Em 2020, participou dos primeiros jogos e só foi reintegrado em agosto, depois de arrastada renovação. Ou seja, a rigor, não tem ainda um ano de grupo principal. Mas está capacitado, sim, para se adonar da extrema esquerda. Não tem a velocidade de Pepê, quase ninguém tem. Mas oferece mais ferramentas para o um contra um, o lance individual, aquele que abre defesas. Sem contar de que se trata de um jogador vertical, que joga em função do gol.
Ferreira é o substituto natural de Pepê, mas assumir a vaga imediatamente não significa que tenha o mesmo sucesso. O processo de maturação de todos os jovens formados no Grêmio, que atuaram e atuam no setor, sempre foi gradual. Pedro Rocha amadureceu entrando e saindo do time até se tornar absoluto. Everton, mesmo pedido pela torcida, teve um curto período na reserva de Fernandinho até se tornar titularíssimo e consagrado. Mais recentemente, Pepê esperou pacientemente até que seu antecessor foi para o Benfica. Demorado ou não, o sistema de lançamento de jovens no setor ofensivo esquerdo do Grêmio vem sendo assim — e dando muito certo. Ferreirinha ainda suscita discussões sobre sua potencialidade. É um esporádico para avaliar sua adaptação coletiva, e seria muito bom conviver mais alguns meses na condição de alternativa de luxo para, quando assumir o posto no time principal, seguir com segurança o que os outros ensinaram.