Dois jogadores que hoje são referências de suas equipes saíram do Grêmio sem ter demonstrado um grande futebol, envolvidos em trocas por outros atletas — ambos reservas na equipe gaúcha. Marinho, incluído em negociação por David Braz em 2019, ajudou o Santos a eliminar o Tricolor nas quartas de final da Libertadores. Agora, poderá ser a vez Luciano, que deixou o clube neste ano para a vinda de Everton Cardoso, e é um dos destaques do São Paulo, rival gremista nas semifinais da Copa do Brasil.
Tudo bem que o atacante são-paulino teve um estiramento no músculo adutor da coxa esquerda e passou a ser dúvida para os confrontos com o Grêmio, nos dias 23 e 30 de dezembro, mas é inegável que o rendimento dele subiu de patamar no novo clube. Reserva e contestado em Porto Alegre, especialmente pelos gols perdidos, o jogador de 27 anos marcou oito gols em 36 jogos com a camisa gremista. No São Paulo, já são 15 gols em 28 partidas.
— O Luciano, no São Paulo, se reencontrou com o técnico que ele já havia trabalhado no Fluminense, com quem ele tem uma ótima relação, e chegou para ser titular absoluto. Ele não chegou para disputar posição. Tanto que ele foi a única contratação do São Paulo do Fernando Diniz — ressalta o comentarista Paulo César Vasconcellos, dos canais SporTV.
Na imprensa paulista, a chegada de Luciano foi tratada como um grande acerto do São Paulo, ainda mais na vaga de um reserva. Porém, não sem ressalvas por parte de alguns torcedores.
— O Luciano chegou ao São Paulo sob questionamentos da torcida. Muitos são-paulinos acreditavam que o Grêmio havia levado a melhor na troca. Logo em sua estreia, balançou as redes e não parou mais. Além dos gols, a vontade dentro de campo, sempre com um espírito aguerrido, chamou atenção da torcida. O Luciano agrega ao elenco não somente com gols — conta o repórter Marcelo Baseggio, setorista do São Paulo na Gazeta Esportiva.
Na avaliação do jornalista, Luciano não teve em Porto Alegre o respaldo que precisava por parte do clube e, especialmente, do técnico Renato Portaluppi.
— Acredito que, no Grêmio, faltou sequência e confiança do treinador. O Fernando Diniz tem como uma de suas principais características encorajar seus atletas, fazer um trabalho psicológico complementar, que, pelo menos no São Paulo, alavanca o desempenho individual e, por consequência, coletivo — complementa Baseggio.
Marinho artilheiro
No caso de Marinho, a avaliação é de que o futebol dele não encaixou com o do Grêmio. Para PC Vasconcellos, o atacante santista precisa ser protagonista do time para render tudo o que pode. O comentarista, entretanto, entende que a negociação foi equivocada por parte do clube gaúcho:
— O Marinho não foi bem no Grêmio. Acho que muito pelo estilo de jogo do time, que não combina com o estilo do Marinho, que é mais individual e menos coletivo. No Santos, ele se sente mais à vontade, até por ser a estrela da companhia, e por ter no Cuca um técnico que sabe provocar e estimular o jogador. Independentemente disso, a troca foi desproporcional, porque o Grêmio liberou um atacante por um zagueiro que nunca foi unanimidade.
Apresentador e comentarista da Rádio Gaúcha, Rafael Colling lembra que trocar jogadores com times rivais, no cenário nacional, sempre existirá o risco de reforçar um rival. Por isso, a negociação precisa ser bem pensada e planejada.
— Acabou que o Marinho virou um dos carrascos do Grêmio. Mas vejo neste jogador a necessidade de estar em times onde ele é o protagonista, e no Grêmio não era assim. A concorrência aqui era mais forte e ele perdeu. O futebol tem disso. A pressão acabou sendo maior. Então, não culpo o clube pela troca. Cada um buscou o que era melhor para si no momento e o Grêmio deu azar que Marinho voltou a jogar muita bola — salienta Colling.
No caso da troca de Luciano por Everton, no entanto, o jornalista entende que o Grêmio saiu perdendo. Isso porque liberou um jogador que poderia ser útil por outro que não tem dado uma resposta satisfatória em Porto Alegre.
— Essa troca deu mais errado do que a do Marinho, pois Everton tem se mostrado muito insuficiente. David Braz era uma necessidade para a zaga. Não foi bem na quarta (16), mas já mostrou sua utilidade. Por outro lado, Everton não mostrou a que veio. O pior disso tudo, e não há certo ou errado nessa história, é que Marinho e Luciano se ambientaram muito bem nos seus clubes, e agora é o São Paulo de Luciano que está no caminho do Grêmio. Faz parte. O futebol tem disso, e nem sempre teremos as respostas exatas para casos como estes — afirma Rafael Colling.
Números do Marinho
NO GRÊMIO
- 28 jogos
- 5 gols
NO SANTOS
- 61 jogos
- 29 gols
Números do Luciano
NO GRÊMIO
- 36 jogos
- 8 gols
NO SÃO PAULO
- 28 jogos
- 15 gols