Sem clube desde o fim da última temporada e especulado no Grêmio, o centroavante Cavani é considerado um jogador misterioso na hora de definir o seu futuro. Segundo jornalistas europeus consultados por GZH, que acompanham o jogador há mais de dez anos, o atleta uruguaio costuma fazer pedidas salariais altas até mesmo para os padrões do continente. E as tratativas geralmente são complicadas e imprevisíveis.
De acordo com o jornalista Fernando Kallás, do diário espanhol As, Cavani tem um histórico de gerar imbróglios e novelas na hora de negociar os seus contratos.
— A negociação que o Cavani teve em janeiro com o Atlético de Madrid foi bastante traumática e terminou muito mal. O presidente do clube chegou a falar que os familiares e representantes do Cavani são "uma vergonha". Ele disse que negociou uma coisa com o irmão do Cavani e depois o estafe do jogador pediu outra coisa. E aconteceu algo muito parecido também com o Benfica. O clube português achou que estava tudo certo e, de repente, as condições mudaram e eles pediram outra coisa diferente do que tinham pedido inicialmente. Aí, o negócio furou. Com o Cavani, tudo pode acontecer. É um jogador totalmente imprevisível — relata Kallás.
Na Europa, nenhum jornalista trabalha com a informação de um possível retorno de Cavani ao futebol da América do Sul. Os cronistas ouvidos por GZH classificam a hipótese como improvável por conta dos altos valores pedidos pelo uruguaio nas últimas negociações com clubes europeus.
— O Cavani é um dos atacantes mais disputados do momento. Ele esteve perto do Benfica em agosto e gostaria de ficar na Europa antes de considerar as ofertas da América do Sul. Recentemente, a Juventus pensou em trazê-lo, mas os principais objetivos continuam sendo Dzeko, Suárez ou Morata. O Atlético de Madrid também voltou a entrar em contato com os agentes de Cavani. Ele pede um contrato de dois anos no valor de 7 a 10 milhões de euros por temporada e mais luvas — conta o jornalista Daniele Treca, do site italiano Calcio Mercato.
Cavani está na França e aguarda a Juventus para decidir entre Liga dos Campeões e Libertadores
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Apesar dos valores estratosféricos, Kallás afirma que não se surpreenderia se Cavani decidisse ganhar menos na América do Sul, justamente pelo comportamento imprevisível do uruguaio nas negociações.
— O Cavani tinha um salário altíssimo no PSG. Ganhava 1,5 milhões de euros por mês. No Benfica, ele queria ganhar 9 milhões de euros por ano. São números que ele está buscando na Europa. Dizem que ele está negociando com a Juventus. Estamos falando de clubes milionários, que não estão conseguindo chegar aos números que ele quer. Não sei se ele vai abrir mão desse dinheiro para jogar no Brasil. Mas, se tratando do Cavani, tudo é possível, pois é um jogador totalmente imprevisível — completa Kalás.
Por que desconfiamos de que Cavani possa vir para o Grêmio?
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No Uruguai, país de Cavani, o possível interesse do Grêmio é tratado como uma tentativa de empresários. Os jornalistas do país vizinho também acreditam ser improvável um retorno do jogador ao futebol sul-americano.
— Sabemos que um empresário tentou oferecer o Cavani ao Grêmio, pois ficou sabendo que a equipe brasileira buscava um atacante de elite. Mas a diferença financeira era abismal. O jogador queria muito dinheiro. Além disso, temos a informação de que o Cavani ainda não tem a intenção de retornar a América do Sul. Sabemos também que ele recusou uma proposta do Inter Miami, dos Estados Unidos. Há ainda várias equipes interessadas na Europa, como o Arsenal. Surgiu também o rumo do Real Madrid. É um dos melhores atacantes do mundo e está livre do mercado — explica o jornalista uruguaio Gonzalo Gabriel, da Rádio Universal, de Montevidéu.
Na Argentina, o repórter Sebastian Srur segue bancando a informação divulgada na sexta (4), de que Cavani estaria fechado com o Grêmio. A direção gremista, por sua vez, segue negando com veemência e tratando a possibilidade como absurda.
E o futuro do uruguaio permanece, como de hábito, impossível de se prever.