Ronaldinho, melhor jogador revelado nas categorias de base do Grêmio, havia saído em 2001, e a torcida do Tricolor estava carente de uma figura de habilidade no time. Foi quando, em 2002, começava a aparecer na base gremista um jogador chamado Bruno Ferraz das Neves. Técnico e com aptidão para jogar com a bola no pé, logo foi apontado como a mais nova joia tricolor e taxado como o "novo Ronaldinho".
A fama era tanta que, anos antes, quando o jogador ainda tinha 15 anos, o Arsenal ofereceu US$ 250 mil, carro, casa e estadia a toda família em Londres em troca do acerto para levar o menino para a Inglaterra.
O problema foi a época em que o meio-campista apareceu. O ambiente no Grêmio não era dos melhores — se em 2003 o time conseguiu escapar do rebaixamento, no ano seguinte, a história foi diferente. O time naufragou no Brasileirão de 2004 e acabou tendo de disputar a Série B em 2005. Ali, pouco mais de dois anos depois de subir ao profissional, o ciclo de Bruno no Grêmio parecia acabar. Sem "intensidade", ganhou de parte da torcida o apelido de "Soneca".
— No início, eu gostava muito desse rótulo ("novo Ronaldinho"), quando eu era da base. Mas depois, não tive carga emocional. A torcida e a imprensa buscavam um jogador idêntico ao Ronaldo, e eu não tinha nada a ver. Eu só jogava com a bola no pé, né? Aí me puseram esse apelido de Soneca. Em mim e em outros jogadores. Mas isso não me incomoda — contou o ex-jogador, em entrevista recente ao GaúchaZH.
O meio-campista ficou no Grêmio até o fim de 2005, quando se transferiu para o Fluminense. Era uma oportunidade de recomeçar a carreira em um clube com menos expectativas sobre o futebol dele. Também não teve muitas oportunidades, saindo no final daquele ano. Depois, rodou por Joinville, Porto Alegre FC e Santa Cruz, mas acabou parando no Cruzeiro, em 2008, em mais uma chance para retomar o futebol em alto nível.
Chegou a passar pelo futebol japonês, onde garante ter aprendido a marcar, mas já não tinha mais a mesma vontade de continuar jogando futebol. Foi quando, em 2015, pelo Marcílio Dias, resolveu pendurar as chuteiras. No entanto, não conseguiu ficar muito tempo longe dos gramados.
Bruno abriu uma escolinha de futebol em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Lá, divide-se como administrador e treinador da BF Soccer, que atende cerca de 120 meninos, de cinco a 12 anos.