O time do Grêmio para a temporada 2020 tem um novo goleiro: Vanderlei, que estava no Santos e que teve sua contratação oficializada neste sábado (18). O jogador de 35 anos chega a Porto Alegre com a missão de suprir a ausência deixada pela saída de Marcelo Grohe. Em 2019, Paulo Victor foi o titular do gol gremista, mas passou o ano sofrendo contestações por parte da torcida.
Em razão da oscilação de Paulo Victor e com Phelipe Megiolaro ainda com pouca experiência para ser definido como titular, o Grêmio foi em busca de Vanderlei. GaúchaZH conversou com diversos profissionais que trabalharam com o novo goleiro gremista. Eles são unânimes ao elogiar o profissionalismo e a tranquilidade que Vanderlei demonstra tanto nos jogos quanto nos treinamentos.
— Sempre quando me perguntam sobre um jogador eu começo falando sobre o homem. Como é esse cara? O Vanderlei é um cara de grupo, que nunca chegou atrasado, nem faltou a um treino. Ele nunca deu problema em nada. Foi um jogador que me deu muito prazer de trabalhar. O Vanderlei é um cara que você acaba torcendo para ele pela pessoa que ele é — ressalta Renê Simões, que trabalhou com Vanderlei em suas duas passagens pelo Coritiba, em 2007 e 2009.
Natural de Porecatu, pequena cidade do interior do Paraná com 14 mil habitantes, Vanderlei deu os primeiros passos como profissional no Londrina. Depois, passou pelo Olímpia-SP antes de chegar ao Paranavaí, onde viveu o primeiro grande momento da carreira ao ganhar o título paranaense, sendo destaque na decisão contra o Paraná.
O gaúcho Amauri Knevitz foi o técnico daquele Paranavaí campeão estadual e lembra que desde essa época via potencial para Vanderlei ser goleiro de um grande clube brasileiro.
— A média de atuações do Vanderlei, na época, foi muito acima do que se espera de um goleiro. Ele era absurdamente superior aos goleiros dos outros times pequenos. A gente foi campeão muito por causa do nosso goleiro — lembra Knevitz.
O sucesso no Paranavaí levou Vanderlei para o Coritiba. Foram oito anos no Couto Pereira. Ele saiu de lá como ídolo da torcida para jogar no Santos, em 2015. Na Vila Belmiro, rapidamente ganhou a confiança dos torcedores. Em 2017, foi eleito o melhor goleiro do Brasileirão pela CBF. Ele ainda foi premiado pela entidade como o autor da defesa mais difícil do campeonato e também foi o destaque da posição no tradicional prêmio Bola de Prata da revista Placar.
Técnico de Vanderlei no Coritiba e no Santos, Dorival Jr. afirma que o Grêmio está trazendo um grande reforço para o gol.
— Ele foi meu goleiro no Coritiba ainda jovem (em 2008) e depois no Santos (de 2015 a 2017). Foram duas temporadas em que ele foi meu titular no Santos. O Vanderlei sempre foi um profissional exemplar, muito tranquilo e seguro. É um goleiro que trabalha muito e ajuda no ambiente, é muito sossegado. Ele é muito tranquilo para organizar, para comandar a zaga — aponta Dorival.
Perda da posição pelo jogo com os pés
Apesar de ter vivido bons momentos e virado ídolo da torcida, Vanderlei perdeu a posição de titular do Santos em 2019. O motivo foi o desejo do técnico Jorge Sampaoli de contar com um goleiro que tivesse maior capacidade para jogar com os pés. Em razão disso, o time paulista contratou Éverson, que estava no Ceará.
Os dois goleiros se revezaram no primeiro semestre, mas a maior aptidão na saída pelo chão fez Éverson ganhar a posição na segunda parte do ano.
— Nos fundamentos de defesa, eu digo que o Vanderlei é nota 8 ou 9 em quase todos. Com os pés isso baixa um pouco, ele é nota 6,5. O Renato não é um técnico que exige tanto o jogo com os pés do goleiro. Por isso, o Vanderlei é um goleiro perfeito para o Grêmio — avalia Renê Simões, que entende a opção feita por Jorge Sampaoli no Santos.
— Se o Sampaoli não tiver um goleiro que joga com os pés, tudo que ele pensa de futebol morre. Ele tem a ideia de alongar o campo, de atrair o adversário, de usar o goleiro no trabalho de posse de bola — completa.
Apesar da reserva no último ano, a avaliação de quem acompanha o Santos é de uma passagem positiva do goleiro pela Vila Belmiro.
— A passagem do Vanderlei no Santos foi digna de um grande goleiro. Desde a chegada em 2015, o Vanderlei fez grandes partidas e deu muitas alegrias ao torcedor. Bicampeão Paulista, além de ter sido finalista da Copa do Brasil e vice campeão brasileiro (uma jogando e outra fazendo parte do grupo). Sem dúvida, ele foi responsável por salvar e ajudar o Santos em inúmeros jogos e isso o fez ídolo — analisa o repórter Felipe Camargo, que trabalha na cobertura do Santos.
Saída de Grohe deixou torcida carente de ídolo
A lacuna deixada pela saída de Marcelo Grohe no ano passado fez o Grêmio passar por um momento parecido ao que viveu no começo do século. Em 2003, o multicampeão Danrlei deixou o clube e a torcida demorou anos para ter um novo goleiro afirmado. O primeiro a conseguir isso foi Victor, que apesar de ter chegado à Seleção Brasileira deixou o antigo Olímpico sem a conquista de um grande título.
O Tricolor voltou a levantar taças importantes com Marcelo Grohe. Formado na base do clube, ele teve participações decisivas nos títulos da Copa do Brasil de 2016, da Libertadores de 2017 e da Recopa Sul-Americana de 2018. Ídolo e antigo dono da camisa 1 do Grêmio, Danrlei ressalta que Vanderlei ou qualquer outro goleiro que venha defender o clube tem de deixar de lado a missão de ser um substituto de Grohe.
— Vale para o Vanderlei ou para um menino. Quem jogar deve esquecer o que aconteceu no passado. O mais importante é fazer a sua história. O goleiro que o Grêmio precisa tem de estar preparado para o momento que for necessário. Se ele estiver preparado, vai dar a resposta — destacou Danrlei, que acredita que, pela experiência, Vanderlei não se sentirá pressionado por isso.
— De repente até por isso o Grêmio contratou um goleiro mais experiente, para aguentar essa cobrança do torcedor de ter um cara igual ao Grohe ou ao que foi o Danrlei lá atrás — completa.
Números de Vanderlei em 2019
- 23 jogos
- 2.100 minutos em campo
- 23 gols sofridos
- 14 defesas difíceis
- 12 vitórias
- 6 empates
- 5 derrotas