Desde a última quarta-feira (2), Pepê é o novo xodó da torcida gremista. Graças a seu gol nos minutos finais contra o Flamengo, o atacante deixou o Tricolor vivo na briga por vaga na decisão da Libertadores. Um cenário bem diferente ao que o próprio garoto de 22 anos foi submetido há um mês. No dia 4 de setembro, o atleta desperdiçou o pênalti decisivo diante do Athletico-PR, que culminou na eliminação do Grêmio na semifinal da Copa do Brasil.
— Foi um dia marcado negativamente na minha carreira, mas a gente sempre leva como aprendizado — disse ele, no gramado do CT Luiz Carvalho, onde recebeu a equipe de GaúchaZH na manhã desta sexta-feira (4).
— Cheguei a desativar meu Instagram por causa da minha mãe, que é uma pessoa bastante emotiva e eu queria poupar ela de ver certos comentários. Mas a gente sabe que é normal para quem joga em um grande clube. Ser eliminado da maneira que fomos acaba mexendo com o emocional do torcedor — contou.
Porém, o torcedor que lhe crucificou pelo lance ocorrido na Arena da Baixada teve de se curvar para agradecê-lo nesta semana. Chamado do banco aos 37 do segundo tempo, Pepê levou exatos seis minutos para estufar as redes do experiente goleiro Diego Alves.
Evitou uma derrota que parecia certa, e que deixaria os comandados de Renato Portaluppi em péssima situação no torneio continental. Ou seja, tão jovem já pôde experimentar as fortes emoções a que um jogador é submetido ao longo da carreira. De vilão, virou herói.
— Todo o elenco me ajudou, incentivou, e grande parte da torcida também me deu confiança. Agora estou vivendo um momento único. Saí do inferno para o céu — avaliou.
Descoberta
Aliás, não é de hoje que Curitiba está marcada na trajetória de Pepê. Natural de Foz do Iguaçu, o ágil e driblador atacante chamou atenção vestindo a camisa do clube homônimo. Na capital paranaense, marcou os dois gols da vitória por 2 a 1 sobre o Paraná, pelas quartas de final do Campeonato Estadual de 2016.
O resultado não foi suficiente para levar o time adiante na competição, mas encantou olheiros do Grêmio que estavam presentes na Vila Capanema. Uma semana depois, ele desembarcaria em Porto Alegre para reforçar as categorias de base do Tricolor.
Consigo, trouxe o apelido de infância. Em tempos onde os nomes compostos são cada vez mais comuns nas escalações, Eduardo Gabriel Aquino Cossa é uma das exceções. Parece até que saiu de um álbum de figurinhas do passado.
— Desde pequenininho, meu pai me chamava assim (Pepê) ao invés de bebê. Aos seis anos comecei a jogar bola e, na escolinha, ele me chamou e os garotos, por serem maiores, começaram a me zoar. Eu fiquei bravo, e a gente sabe que, quando fica bravo, o apelido acaba pegando. Mas hoje já me considero mais Pepê do que Eduardo. Se me chamarem de Eduardo, acabo nem olhando — brincou.
Em Porto Alegre, foram meses de preparação para que, enfim, recebesse uma chance no time de cima. Depois de breves passagens pelos rivais Coritiba e Athletico-PR, sem ter subido para os profissionais, precisava agarrar a oportunidade com unhas e dentes.
Sua estreia ocorreu em 28 de maio de 2017, quando compôs a equipe reserva que enfrentou o Sport, na Ilha do Retiro, pelo Brasileirão. Foram derrotados por 4 a 3, mas desde então, está sendo preparado para ser o próximo da linha sucessória dos ponteiros-esquerdos, que começou em Pedro Rocha.
— Estou ciente que é uma grande oportunidade para seguir esta linhagem. Procuro fazer meu trabalho, me dedicando, aprendendo com o Everton, que é um jogador em nível de Seleção Brasileira — afirmou.
Por enquanto, o próprio Pepê sabe que uma vaga no time titular está fora do alcance. Em ótima fase, os titulares Alisson e Everton tiveram seus contratos renovados nesta semana. Mas o jovem atacante não tem pressa. Se no próximo dia 23, no Rio de Janeiro, tiver que sair mais uma vez do banco para marcar seu nome na história do clube, sequer irá reclamar.