Em 2017, um time carioca também cruzou o caminho do Grêmio na Libertadores. E, com um gol de Lucas Barrios, o Tricolor venceu o Botafogo em um dos jogos mais duros da campanha que levou o clube ao seu terceiro título continental.
Dois anos depois, quando os comandados de Renato Portaluppi se preparam para enfrentar o Flamengo pela semifinal, o centroavante argentino naturalizado paraguaio assiste tudo a distância. Prestes a completar 35 anos de idade, ele voltou ao país natal para vestir a camisa do Huracán e morar na pequena e pacata cidade de Tigre, nos arredores de Buenos Aires.
Barrios abriu sua casa à reportagem de GaúchaZH. Mostrou seu museu que conta com camisas dos clubes por onde jogou e outras que trocou, como por exemplo com Messi. Relembrou os tempos em Porto Alegre, falou sobre planos para o futuro e, claro, projetou as semifinais da Libertadores.
Neste museu que você montou, tem uma camisa autografada por todo o elenco campeão da América. O Grêmio foi um dos principais times que você jogou?
Tive a possibilidade de jogar em muitos times grandes, mas me identifiquei muito com o Grêmio porque ninguém acreditava em mim. Estava em uma má fase no Palmeiras e o Renato me recuperou. Fiz quase 20 gols no ano e criei muito carinho pelo clube. Aceitei baixar o salário e quando dá tudo certo, acontecem coisas importantes. E nós ganhamos a Libertadores.
Você ainda mantém contato com alguns jogadores daquele elenco?
Mantenho contato com alguns pelas redes sociais: Luan, Cortez, Marcelo Oliveira, Maicon. Estive lá em Porto Alegre há seis meses. Foi muito bom cumprimentar os caras.
Você tem a melhor média de gols entre os centroavantes do Grêmio na década. Que dica você pode dar ao André e Diego Tardelli? Você conhece eles?
Fico contente por ter sido campeão e por ter atingido essa marca que você falou. Não sabia. Não é fácil jogar no Grêmio e no Brasil. É um futebol totalmente diferente. Mas o Renato conhecia minha qualidade de pivô. Sabia que muitas vezes eu não fazia gol, mas fazia o pivô para o Pedro Rocha, Fernandinho e Luan. E eu cruzei com o André e Tardelli quando estive em Porto Alegre. Eles têm uma qualidade enorme. Desejo muita sorte a eles e ao Luciano.
O que acha que vai acontecer na semifinal entre River Plate e Boca Juniors? Qual time pode ser mais temido pelos brasileiros?
Mais difícil neste momento é o River, que ganhou em Madri, tem um time muito intenso e que joga há muito tempo junto. Tem uma qualidade grande e um treinador que sabe jogar mata-mata. O Boca é um time que está começando agora a sua reconstrução. Chegaram muitos jogadores novos e recém agora começou a encaixar. Tem um técnico que gosta de jogar na defensiva, mas é inteligente e pode trocar todo o sistema durante o jogo. Enfim, Boca é Boca. É copeiro e vai dar dificuldades para qualquer um se passar. Mas os quatro são times grandes e qualquer que seja a final a camisa vai pesar.
Falando em camisa, fale sobre estas outras relíquias que você guarda aqui na sua casa.
Tenho camisa do Borussia Dortmund, de quando fui campeão alemão. Tenho camisas que troquei nas Eliminatórias, com Thiago Silva (Brasil), com Messi (Argentina). A do Maradona, ele me deu de presente quando fui à casa dele em Dubai. A verdade é que o futebol nos dá a oportunidade de viver grandes momentos e o que faço é guardar tudo isso.
Como está a vida na Argentina? Por que veio jogar no Huracán?
Estou feliz. Fiquei longe da Argentina quase 12 anos e resolvi voltar para casa para ficar com minha família e com meus pais. Eu tinha sonhos a cumprir na carreira. Depois que ganhei a Libertadores com o Grêmio, recebi propostas da Colômbia, México, Emirados. Minha mãe tambem estava doente e eu tinha vontade de jogar no time que iniciei minha carreira, que foi o Argentinos Juniors. Agora voltei para o Huracán, onde iniciei com oito anos. Tinha esse sonho de terminar a carreira onde iniciei. Pode ser que eu não fique depois de dezembro, mas eu tinha que cumprir esse sonho.
Pensa em aposentadoria?
Vou jogar mais alguns anos. Estou fazendo curso de treinador. Renato brinca que não que ir pra escola de treinadores, mas eu acho importante ter experiência de vestiário, mas hoje tem muita coisa importante que aprendemos, como análise.. Mas agora vou jogar dois ou três anos mais e depois vejo o que fazer.
Você voltaria a jogar no Brasil?
Tenho sempre contato com Palmeiras e Grêmio, mas de amizade. Tive ofertas de outros times, do Nordeste, de São Paulo, Vasco e Fluminense, mas minha decisão era por realizar sonhos. Agora vamos ver o que fazer em dezembro. Tomara que possa voltar ao Brasil, por que gosto do futebol brasileiro. Posso jogar mais com os pés.