Com 22% de aproveitamento no returno, o Grêmio gastou quase toda sua "gordura" no G-4 e no G-6 do Brasileirão. A diferença para o quinto colocado que era de 10 pontos ao final da 19ª rodada, caiu 70% após seis jogos e hoje é somente de três. A distância para o sétimo, que chegou a 12 pontos, hoje é só de quatro.
Assim, o time de Renato permitiu a aproximação do Santos, que assumiu a vice-liderança, com um ponto a mais, e do Palmeiras, que igualou os 43 pontos somados pelo Grêmio. Três pontos atrás, Cruzeiro e Botafogo completam o G-6 - hoje garantiriam vaga na primeira fase da Libertadores.
Parte da queda do desempenho do Grêmio se explica pelo intenso calendário. Para encarar as partidas com o Cruzeiro, pela semifinal da Copa do Brasil, Renato teve de poupar titulares nas duas primeiras rodadas do returno. Entre os jogos com o Botafogo pelas quartas de final da Libertadores, o treinador mudou de estratégia e usou o que tinha de melhor. Mas, pelo desgaste acumulado, o rendimento foi abaixo do esperado.
Na análise do técnico Paulo César Carpegiani, a oscilação é natural. Em sua opinião, o time, também por questões físicas, não conseguiria manter o alto nível do primeiro turno durante todo o campeonato.
— Há seis jogos atrás, o Grêmio tinha o melhor futebol do Brasil. Estava encantando a todos nós. É difícil manter uma fase excepcional por tanto tempo. A queda no desempenho foi acentuada, mas é normal. Hoje, também pelos desfalques, está no mesmo nível das outras equipes — observa Carpegiani.
A perda de três importantes titulares causou impacto. A venda de Pedro Rocha ao Spartak, da Rússia, somada aos desfalques de Pedro Geromel e Luan, por lesões, causou imenso prejuízo técnico ao Grêmio. Mas Carpegiani entende que o padrão que fez a equipe decolar pode ser retomado contra o Barcelona de Guayaquil na semifinal da Libertadores.
— Com o título tão perto, é natural que a Libertadores tenha atenção especial. Acho que o campeão sairá do confronto entre Grêmio e Barcelona. Vejo o Barcelona em um nível acima do River Plate. Torço pelo título do Grêmio, faria muito bem ao futebol brasileiro — revela Carpegiani.
Para Muricy Ramalho, ex-técnico e hoje comentarista do canal SporTV, a queda de desempenho do Grêmio também passa por limitações de plantel. Em sua opinião, a equipe de Renato não tem elenco para encarar duas competições com o mesmo nível. Além disso, entende que a lacuna deixada por Luan não foi suprida por nenhum dos substitutos utilizados por Renato.
— O que mais está pesando, neste momento, é o homem de ligação. O Renato tentou o Léo Moura, o Arthur e o Ramiro, mas ninguém está correspondendo à altura do Luan — opina Muricy, que completa:
— O Grêmio é um dos poucos times que é capaz de propor o jogo no Brasileirão. Os outros geralmente jogam de forma reativa, atrás da bola. O Grêmio propõe porque tem qualidade no meio-campo, mas no momento em que perde seu principal jogador, encontra mais dificuldades para criar jogadas e agredir os adversários.