Ninguém discute que a eliminação do Grêmio para o Novo Hamburgo se constituiu em um fiasco, já que o clube priorizou o Gauchão em detrimento da Libertadores e, pelo segundo ano consecutivo, não decidirá o título do campeonato regional.
Até aí, tudo certo, estamos de acordo que o time decepcionou – como, aliás, já havia feito ao longo da fraca campanha na fase inicial. Porém, não compreendo a implicância de uma pequena parte da torcida do Grêmio e também de parte da imprensa esportiva com o trabalho do técnico Renato Portaluppi.
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Há até quem sugira que Renato quer voltar para o Rio baseado no estado anímico do treinador em entrevistas e da sua impaciência com alguns questionamentos. Isso é de uma irresponsabilidade sem tamanho, porque coloca em xeque o profissionalismo e até o caráter de um técnico que, embora tenha defeitos, jamais pode ser acusado de fazer corpo mole.
Renato sofre uma perseguição injustificável por ser um "boleirão" no jeito de agir e de falar, mas isso não o torna menos técnico do que ninguém. Aliás, ocorre um estranho fenômeno com Portaluppi: quando o time ganha, é por causa do trabalho do Roger. Quanto perde, a culpa é de Renato. Quem resiste paciente a esse tipo de insanidade?
Renato levou o Grêmio ao título da Copa do Brasil após jejum de 15 anos. Antes, já havia resgatado o time da zona de rebaixamento e o levado para uma inesperada classificação à Copa Libertadores em 2010, e sido vice-campeão brasileiro em 2013. Renato comete erros? É evidente que sim. Mas, na média, os seus acertos são muito mais expressivos.
É inaceitável que ainda se compare Renato a Roger, um treinador promissor, mas que teve resultados medíocres à frente do Grêmio. Não esqueçam que, após um início arrasador, o time de Roger se classificou para a Libertadores, no Brasileirão de 2015, com as calças na mão. No ano seguinte, foi eliminado pelo Juventude e pelo Rosário Central (em dois jogos absolutamente ridículos de um time que parecia desconhecer o adversário, apesar de ter um treinador tão estudioso). Roger entregou o Grêmio em oitavo lugar no Brasileirão e apresentando um futebol melancólico.
Por isso, peço aos gremistas que não façam terra arrasada diante da eliminação no Gauchão contra um time que foi aguerrido e mereceu passar de fase. Sejamos um pouco mais racionais e vamos reconhecer que fomos superados, e que isso faz parte do futebol. Mas não é um resultado desses que vai definir toda a trajetória de Renato à frente do Grêmio. Tenhamos um pouco mais de paciência e vamos defender o único, entre dezenas de técnicos que treinaram o Tricolor, que conseguiu erguer uma taça de expressão.
*ZHESPORTES