Em janeiro de 2014, o médico Alarico Endres concluiu uma trajetória de 39 anos no Grêmio, período em que participou de conquistas históricas como o Brasileirão de 1981, duas Libertadores e o Mundial de 1983, sem falar nas Copas do Brasil.
Quinta-feira, sentado em uma cadeira da Arena, ele voltou ao passado ao ver o filho, Felipe, 35 anos, comandando a equipe de transição na partida contra o Ceará, pela Primeira Liga.
De tão emocionado, Alarico mal conseguiu falar o filho depois do jogo. "A adrenalina estava muito alta, vamos ter que conversar de novo", confessa.
Você estava na Arena quinta-feira. Qual a sensação de ver o filho treinando o Grêmio?
Claro que tu ficas emocionado ao ver teu filho, de alguma maneira, seguindo os teus passos. Tenho três filhos, dois são médicos e um está no futebol. É muito gostoso. Já o acompanhava no Porto Alegre, Juventude, Caxias e muito mais no Grêmio.
Você o levava ao Olímpico em sua época de médico do Grêmio?
De vez em quando, ele ia aos treinos comigo. Mas ele era pequeno e como éramos eu somente eu e Dirceu Colla como médicos, não sobrava tempo para que eu pudesse cuidá-lo.
Quando Felipe começou a se interessar pelo futebol?
Pela época do vestibular, ele se direcionou para a Educação Física. Depois disso, quando Mourinho começou a ficar famoso e Felipe soube que ele tinha feito sua formação no Porto, aproveitou o convênio entre a Universidade Federal e a Universidade do Porto e foi para lá realizar as cadeiras de futebol. Ficou por lá entre 2005 e 2007.
Quais foram os primeiros passos de Felipe como técnico?
Em 2005, James Freitas (ex-auxiliar técnico do Grêmio, hoje no Cruzeiro) recomendou a Assis (empresário e irmão de Ronaldinho) que o contratasse como treinador dos juniores do Porto Alegre. Em 2009, James foi para o Inter o indicou para ser seu substituto no time júnior do Caxias. Depois, Felipe esteve no Juventude, South Melbourne (da Austrália). Quando Roger foi para o Juventude, em 2014, o levou para a equipe sub-20. No começo de 2016, a convite de Roger e Rui Costa, veio para o Grêmio.
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José Mourinho é a maior referência para seu filho?
Ele gosta de Mourinho, do Guardiola, desses treinadores mais modernos. Ele é alucinado pelo que faz. Se precisar, para e vê Ceilândia x Ilhas Virgens para ver o que pode achar de diferente para ser estudado naquele jogo. Fico feliz, o trabalho está vingando.
Você já prepara Felipe para as cobranças que ele sofrerá sendo treinador do Grêmio?
Depois de treinar Porto Alegre, Caxias duas vezes e Juventude, ele já sabe como a coisa funciona. Já teve momentos bons e ruins.
Como é ser agora o Endres menos famoso?
(risos) Aconteceu comigo uma história parecida. Quando meu pai (Harry Endres) jogava bolão e era conselheiro da Sogipa, eu era conhecido como o filho dele. Depois, fui para o Grêmio e ele virou meu pai. Durante muito tempo, Felipe foi meu filho. Agora, eu virei o pai dele. Na minha época de Grêmio, brincavam dizendo que eu era filho do Verardi (o superintendente Antônio Carlos Verardi). Por isso, brincam dizendo que o Verardi é o avô do Felipe. Na quinta, assisti ao jogo junto com Verardi.
Então, está sendo uma sexta-feira muito gratificante para você
Certamente. Também pela possibilidade de voltar a falar com amigos. Ontem (quinta-feira), encontrei Mazaropi, que pegou o Felipe no colo quando criança. Está sendo muito legal tudo isso.