A vida sem Douglas começa domingo, na Arena, contra o Passo Fundo. Afastado por seis meses devido a rompimento no ligamento cruzado do joelho esquerdo, o meia priva o time do Grêmio de criatividade e coloca o técnico Renato Portaluppi diante de seu maior desafio. Bolaños, Maxi Rodríguez e Lincoln surgem como alternativas caseiras, com chances bem maiores para o equatoriano.
Encontrar uma solução em outro clube custaria muito caro. Outro problema é que jogadores com as características de Douglas são raros. Para o ex-meia Carlos Miguel, a única reposição com igual qualidade seria Everton Ribeiro, ex-Cruzeiro, hoje no Al-Ahli, dos Emirados Árabes. Zinho, também com passagem vitoriosa pelo Grêmio, cita Lucas Lima, do Santos, como um meia com estilo semelhante ao de Douglas, embora um pouco mais veloz. Também lembra de Diego, do Flamengo, e Jadson, que retornou ao Corinthians.
Leia mais:
Chateado com repercussão, Tilica lamenta lesão de Douglas: "Não encostei nele, acontece"
Recordista de convocações na base do Grêmio, Bobsin faz gol em teste na seleção sub-17
Beto da Silva e Maxi Rodríguez treinam entre titulares do Grêmio
A importância do meia se mede em números. Nas 58 partidas disputadas em 2016, Douglas marcou oito gols e fez 10 assistências. Só fez menos gols do que Luan e Pedro Rocha, 12 cada um, e Everton (9). E só deu menos assistências que o Luan, que 11 passes que resultaram em gols.
_ Douglas é o maestro. É o camisa 10, o articulador, um jogador experiente, habilidoso. Tem carisma com a torcida e entrosamento com os companheiros _ analisa Zinho, capitão do time campeão da Copa do Brasil de 2001 e que, em sua época, exercia, dentro de campo, o mesmo papel de criação hoje desempenhado por Douglas.
Até o ano passado auxiliar técnico de Jorginho no Vasco, Zinho lamenta que o Grêmio se veja privado na Libertadores de um jogador "que chama a responsabilidade".
Uma mudança de esquema não pode ser descartada, entende Carlos Miguel. O risco, nesse caso, é o time sofrer uma queda de rendimento enquanto o novo modelo tático não for assimilado pelos jogadores. Por isso, mesmo com algumas ressalvas, ele aposta em Bolaños como solução imediata.
_ Ele é o mais indicado, mas, mesmo assim, não tem o estilo de Douglas. Se o Grêmio não trouxer ninguém, a perda para a Libertadores será irreparável _ teme o meia, multicampeão entre 1995 e 1997.
Fora Bolaños, as opções não tranquilizam a torcida. De volta após empréstimo ao Peñarol-URU, Maxi Rodríguez, 26 anos, conta com a confiança de Portaluppi. Incluído na delegação que foi a Brasília, atuou nos minutos finais da derrota para o Flamengo. Caso seja o escolhido, o Grêmio precisará estender a duração de seu contrato, que se encerra na metade do ano.
Dois anos após ser integrado aos profissionais, pelas mãos de Luiz Felipe Scolari, Lincoln, 18 anos, segue uma incógnita. Depois de ter cogitada sua volta ao grupo de transição, foi inscrito no Gauchão e ficou na reserva contra o Flamengo.
Do desempenho dos dois nos treinamentos resultará a mais arriscada das decisões tomadas por Portaluppi desde sua chegada, em setembro.
*ZHESPORTES