O caçapavano Rogério Dias Luiz, 40 anos, viveu uma temporada inesquecível no Grêmio. Preparador físico principal da equipe desde 2015, o profissional formado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1999 foi peça-chave para a conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil. Desde 2000 no clube tricolor, Rogerinho, como é conhecido, acompanhou de perto o longo jejum de 15 anos sem títulos nacionais.
Mas tudo foi recompensado. A dedicação de mais de uma década ganhou a confiança da diretoria, de Roger Machado e de Renato Portaluppi, treinador com quem continuará trabalhando em busca do tri da Libertadores em 2017. Na última semana, ao lado do conterrâneo Jaílson, recebeu o reconhecimento do esforço dos últimos anos ao ser ovacionado durante desfile em caminhão de bombeiros pelas ruas de Caçapava do Sul.
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O orgulho da comunidade é tanto que, inclusive, foi aplaudido por colorados. Em sua terra natal, antes de passar uns dias de férias no Exterior com a mulher, Silvana Stefani Luiz, 35 anos, e o filho, Miguel, de 6 anos, Rogerinho conversou com a reportagem do Diário. Confira a entrevista em tópicos:
O tão sonhado título
"Fiquei muito contente em poder ajudar o clube a ganhar esse título tão expressivo e que, há muito tempo, nós, funcionários, e, principalmente, o torcedor vinha perseguindo. Já estava angustiante para a gente. Entrei em 2000 no clube (desde 2011 com o time profissional, quando exerceu a função de auxiliar de preparação física). É muito gratificante poder contribuir para essa conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil".
Os planos da próxima temporada
"Sou funcionário do clube. Em princípio, sigo as minhas funções normais em 2017. A nossa reapresentação com os atletas será no dia 11 (janeiro), à tarde. Mas, normalmente, dois dias antes eu já estou pela cidade, organizando algumas coisas para a chegada dos atletas e para que não percamos tempo. Deixar tudo alinhado, ajustado, a questão de avaliações, como serão feitas, os grupos já encaminhados".
O Grêmio na Copa Libertadores 2017
"Continuar desenvolvendo o trabalho de 2016 já é um passo importante para que a gente almeje novas conquistas. Claro que, sempre que entramos em uma competição, queremos chegar, ao menos, a uma final e, consequentemente, ao título. Mas o passo fundamental é a continuidade. Ter uma base de grupo para iniciar a temporada, e é normal que cheguem alguns reforços para elevar ainda mais o nível técnico da equipe".
Queda de Roger Machado e desconfiança da torcida
"Foi um momento conturbado, principalmente aqueles primeiros dias. Houve desconfiança da torcida e da imprensa sobre o trabalho que vinha sendo realizado. Mas o ponto positivo foi que o nosso vestiário soube, durante esse período, manter a linha de trabalho e o foco e não deixar que entrassem informações negativas no vestiário".
Chegada de Renato Portaluppi e a volta da confiança
"Logo com a chegada do Renato, a gente conseguiu atualizar ele sobre o grupo, que é forte, unido e dedicado. E ele foi filtrando essas informações durante as primeiras semanas, aliando à forma dele de trabalho. Ele deu confiança para os atletas e conseguiu distensionar o vestiário naquele momento em que todos nós vínhamos sofrendo várias críticas. Naturalmente, com a confiança, os jogadores passaram a render mais em campo".
Diferenças entre Roger Machado e Renato Portaluppi
"O Roger é um treinador muito atualizado e que tem uma metodologia de trabalho fantástica. Consegue envolver os atletas e mantê-los estimulados a temporada inteira nas suas atividades. Consegue manter os jogadores focados, independentemente de estarem jogando ou não. O Renato, além da metodologia, tem uma linguagem diferente da do Roger. Conseguiu, num curto espaço de tempo, já chegar no título. Cada treinador tem seus méritos e pontos fortes".
Desfile em caminhão de bombeiros em Caçapava
"Recebi muitas mensagens, muitos amigos vieram me visitar. O pessoal aqui nos preparou uma surpresa, para mim e para o Jaílson, que também é caçapavano. Nos convidaram para uma carreata e, no fim, até um caminhão de bombeiros apareceu. Foi muito legal. Inclusive, muitos colorados, nossos amigos, que torcem por nós".
Luis Vivian, mais um caçapavano na mira do Grêmio
"É um grande profissional, muito competente. Estamos na torcida para que as coisas se ajustem da melhor forma possível” (o caçapavano Luis Vagner Vivian, supervisor da CBF, é cotado para assumir o cargo de diretor executivo do Grêmio. Caso o negócio seja concretizado, o Tricolor teria, pelo menos, três profissionais de Caçapava do Sul no grupo)."
Seleção brasileira, quem sabe um dia
"O que eu almejo é seguir trabalhando em alto nível, em clubes de ponta do país, de primeira divisão. É normal que novas portas se abram. Todos os trabalhos, normalmente, têm um tempo de validade. Estou me atualizando e buscando informações, até mesmo para melhorar no dia a dia e colaborar com o clube. Claro que a gente sempre tem a expectativa de chegar, um dia, à Seleção do nosso país. Seria uma honra. Em 2015, já recebi uma convocação. Fui relacionado para uma temporada de preparação com a Seleção Sub-17. E foi uma conquista para mim".