Com apenas um dia de treinamento, tempo insuficiente para implementar ideias táticas, Renato Portaluppi, mais do que nunca, será nesta quarta-feira o gestor de um grupo de autoestima abalada.
Contra o Atlético-PR, na Arena, pela Copa do Brasil, a torcida espera ver, ao menos, um time livre da apatia dos últimos jogos. Qualquer empate garante vaga nas quartas de final da competição.
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Sobram depoimentos sobre as qualidades de Renato como motivador. Intuitivo, ele se vale das experiências vividas como jogador para mostrar que, em futebol, as crises são passageiras e podem ser o prenúncio de vitórias consagradoras.
Em agosto de 2010, após assumir pela primeira vez como técnico do Grêmio, Renato reparou com especial atenção um coletivo dos reservas contra os juniores no suplementar do Olímpico.
No time dos garotos, um veterano despertou a curiosidade do treinador. Escalado pelo auxiliar Luís Paulo Peixoto, o Bugre, como volante pela esquerda entre os garotos, o lateral Lúcio, com 31 anos à época, estava sem contrato.
Relutava em renovar por seis meses, já que recém tinha se recuperado de uma grave lesão no joelho. Até que se destacou no treino e foi chamado para uma conversa em particular.
- Me conta a tua história, Lúcio - pediu Renato.
- Querem renovar comigo por seis meses, mas quero um ano - devolveu o lateral.
- Renova por seis meses e confia em mim. Domingo tu vais jogar - prometeu o treinador.
E assim foi: Lúcio formou o tripé de meio-campo daquele time junto a Rochemback e Adílson, sendo um dos pilares da recuperação da equipe no Brasileirão.
Além da confiança e da lealdade de Renato, outra característica do treinador está viva na memória do lateral.
- O diferencial dele é o relacionamento com o jogador. Ele fala a linguagem do boleiro. Na hora de cobrar, ele cobra. Na hora de defender, ele te defende. Ele joga limpo - conta Lúcio, lembrando da famosa "caixinha" para punir atrasos e ganho de peso, prática que agora deve ser retomada.
Outra estratégia de Renato é lembrada pelo ex-presidente Duda Kroeff, responsável por contratá-lo pela primeira vez em 2010. As concentrações com um dia de antecedência, que geralmente incomodam os atletas, eram realizadas sem objeções ao treinador.
- Lembro que ele tinha grande respeito e admiração do grupo. Os jogadores olhavam para ele de um jeito diferente. O Renato brincava, mas também era bastante firme. Fazia a caixinha, concentrava um dia antes e ninguém reclamava - observa Duda.
Do atual grupo do Grêmio, quatro jogadores já trabalharam com o Renato. O goleiro Marcelo Grohe, o meia Douglas, o volante Ramiro e o lateral Edílson. Este último, que foi levado pelo técnico para o Atlético-PR, conta que seu estilo de comando já se fez perceber no vestiário.
- O Renato é um cara vencedor. O jeito dele é brincalhão e isto dá tranquilidade -contou.
O ex-executivo Rui Costa foi o encarregado de contratar Renato para a segunda passagem pelo clube, em 2013. E destaca a capacidade de fidelizar as pessoas que estão no entorno como uma das maiores virtudes.
- Quando ele sente que criou o ambiente de proximidade, passa a implementar suas ideias - diz Rui.
A rede de cumplicidade no vestiário também se fortalece, segundo o executivo, por gestos como dividir com os funcionários qualquer premiação recebida. Ou ao chamar jogadores em sua sala para diálogos reservados, nos quais eles expõem dificuldades de ordem particular.
- Mas não é só isso. Renato também tem uma leitura de jogo muito apurada -opina Rui.
Sem varinha mágica, uma de suas expressões recorrentes, Renato terá que começar a mudar o Grêmio nesta quarta-feira.
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