Um televisor estará ligado na noite desta quarta-feira no quarto 734, 7º andar do Hospital Mãe de Deus, na Capital. É por ele, já acompanhado da família, que Miller Bolanõs irá observar como o Grêmio tentará suprir sua ausência contra o San Lorenzo, pela Libertadores. Será a primeira partida sem o equatoriano, que passará por cirurgia no rosto nesta quinta, após sofrer duas fraturas na mandíbula no Gre-Nal.
Ainda é forte o clima de comoção após o episódio de domingo. Mesmo que as declarações já tenham ficado um pouco mais cautelosas, persiste o desejo de que William sofra punição exemplar no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) - a denúncia ocorreu na quarta.
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Bolanõs é a nova joia do Grêmio. Contratado por R$ 20 milhões do Emelec-EQU, é apontado como o jogador que pode fazer a diferença na Libertadores. Fora por pelo menos 40 dias, só voltará a jogar pouco antes do encerramento da fase de grupos e retira boa parte do potencial ofensivo da equipe.
Em 2007, em seu melhor momento no Grêmio, o zagueiro Teco sofreu lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, na primeira partida da final da Libertadores, contra o Boca. Meses depois, durante a pré-temporada de 2008, em Bento Gonçalves, viu romper-se o enxerto e precisou passar por nova cirurgia, que o deixou todo aquele ano sem poder atuar.
- É a pior coisa que pode acontecer a um jogador. Mas é da profissão, todos estão sujeitos a isso. No caso de Bolaños, é mais difícil, pois ainda se adapta ao país, está longe da família. Vai precisar da solidariedade dos companheiros - diz o atual jogador do Brasil-Pel.
Ex-volante do Grêmio, Emerson viveu dois fortes traumas na carreira. Em 1995, no início de carreira, precisou parar por lesão no ligamento cruzado do joelho direito. Em 2002, já consagrado, foi cortado da Seleção Brasileira que seria pentacampeã mundial ao machucar o ombro direito durante um treinamento em que brincava de goleiro. Ele diz que Bolaños precisará ter muita força e paciência para superar o momento.
- Ele tem perfil guerreiro, tanto que ficou no jogo. Voltará 100%, tenho certeza. O começo será difícil, ficará meio inseguro quando for cabecear uma bola. Mas isto faz parte do processo de recuperação - ensina.
A lesão sofrida na fíbula esquerda, com rompimento do ligamento cruzado do tornozelo, que o deixou fora dos gramados por sete meses, fez despertar em Rodrigo Caetano, então com 27 anos, a consciência de que era preciso se preparar para uma nova atividade no futebol. O atual executivo de futebol do Flamengo adverte que os primeiros momentos após a lesão serão os mais difíceis para Bolaños.
- O fundamental é cair na realidade e buscar o aconchego de amigos e familiares. E tratar de assimilar o recomeço, não tem jeito, é bola para a frente - diz.
A compensação, afirma Rodrigo Caetano, virá na volta aos treinamentos.
- Quando ocorre a volta às atividades e ao convívio, tudo fica mais fácil.
Para o jogo, as opções de Roger Machado são Henrique Almeida e Everton. Escolhido pelo técnico para entrar quando Bolaños teve atestada a gravidade de sua lesão, Henrique parece o mais cotado.
- Posso optar por Henrique, ou então pelo Everton e colocar o Luan como falso 9. Mas ainda não defini, e mesmo já tendo a escalação já na minha cabeça, preciso pensar antes - despistou Roger depois do último treino.
Disposto a deixar para trás o episódio que resultou na lesão de Bolaños, Roger lembrou que a ausência do atacante será sentida como outras, mas existem boas opções no grupo. E citou os volantes Walace e Moisés, outros dois jogadores também afastados por problemas médicos.
- A gente sente a ausência. Foi intencional (a cotovelada de William)? Acredito que não. Foi imprudente? Acredito que sim. Mas não quero mais extrapolar isso. Vamos nos unir e jogar pelo Miller, pelo Walace, pelo Moisés, pela torcida, pelas nossas carreiras e o sonho de jogar a Libertadores - discursou o técnico.
A cirurgia de Bolaños será às 12h desta quinta, a cargo do cirurgião craniofacial Marcus Collares, e ainda não há previsão de alta. A data foi modificada para que fosse obtida uma redução do quadro de inchaço do jogador, segundo informou o médico do Grêmio Márcio Bolzoni. Ainda que continue sob efeito de analgésicos derivados de morfina, Bolaños já sentiu menos dores nesta terça, conforme Bolzoni.
- Felizmente, o momento pior já passou - diz Bolzoni.
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